ABRUPTO

30.1.09


COISAS DA SÁBADO: AS ANOMALIAS DO FREEPORT



Eu não penso que a questão política fundamental do Freeport para o debate público seja “seguir o dinheiro”. É-o para a justiça, mas para o debate público há muitas outras coisas que podem ser discutidas independentemente de se “seguir o dinheiro”. O dinheiro é a bomba atómica, mas há muito obus de artilharia por registar e a boa saúde dos soldados da democracia também depende de responder à barragem de artilharia.

É que, para além de ter havido ou não corrupção ou como pano de fundo da corrupção, há demasiadas anomalias no processo Freeport que podem e, a meu ver, devem ser discutidas para além da gravíssima questão do dinheiro. Essas anomalias são quatro (à data em que escrevo, podem ter surgido mais à data da publicação): a estranheza do processo de licenciamento do Freeport; o carácter errático da actuação da justiça portuguesa; a presença da família de José Sócrates no processo, e o modo como o Primeiro-ministro e o governo se comportam na resposta à divulgação de factos, entrevistas e notícias.

Todas devem ser esclarecidas. À luz da possibilidade de corrupção elas tem toda a gravidade, mas são também graves se não houver um só euro a circular.

(Continua.)

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© José Pacheco Pereira
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