ABRUPTO

27.12.08


COISAS DA SÁBADO:
A “EMPRESÁRIA ANGOLANA” QUE COMPROU UMA FATIA DUM BANCO PORTUGUÊS POR MUITOS MILHÕES






Dois títulos muito diferentes no mesmo dia para a mesma coisa, o do Diário de Notícias e o do Público. Dada a natureza da sua fortuna, num dos países mais pobres do mundo, a referência à qualidade de "filha" do Presidente é fundamental. "Empresária angolana" é uma contradição nos seus termos.
O interessante exercício de ver alguns jornais a fazerem verdadeiras manobras de equilibrismo para nos falarem da “empresária angolana” que comprou parte do BPI, sem nos dizerem que essa “empresária” é a filha do Presidente de Angola, diz-nos muito sobre o novo temor reverencial que por aí cresce: com os dirigentes angolanos é preciso muito cuidadinho. O facto é que para mim, que não sou dado a esses cuidadinhos, permanece um mistério como é possível que a filha de um Presidente que ganha umas centenas de dólares de salário oficial tenha tido uma ascensão fulgurante no mundo dos negócios, da recolha do lixo de Luanda, aos diamantes e numa míriade de empresas com boas relações portuguesas como os Espírito Santos e os Amorins. De onde vem este dinheiro?

É dinheiro não é? Fala por si, não fala? Então qual é o problema? O problema é a transmutação respeitosa da filha do Presidente, em “empresária angolana”, pelas artes do silêncio e do temor e o medo de fazer as perguntas que devem ser feitas.

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© José Pacheco Pereira
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