ABRUPTO

21.11.08


COISAS DA SÁBADO: O PROBLEMA DAS REFORMAS

O problema das reformas em Portugal é a escassíssima força endógena a seu favor. A regra é que não há nunca verdadeiros aliados para as reformas e, quando estes existem, o próprio isolamento e ambiente de hostilidade são tão propícios aos erros, que mesmo aqueles se perdem rapidamente.

Muitos anos depois da tentativa de Leonor Beleza de fazer mudanças nas relações entre os médicos e o estado, já ninguém se lembra do conteúdo das suas propostas, nem se foram boas ou más. O que existe é a convicção retrospectiva de que a queda de Beleza significou que, depois dela, nunca mais ninguém tocou nos poderes corporativos dos médicos e que, no essencial, tudo continua na mesma. O exemplo de Beleza devia servir para pensarmos em Maria Lurdes Rodrigues, pesem embora as distâncias de personalidade, situação e tempo.

Como Beleza, que enfraqueceu a sua posição com a falta de cuidado com que permitiu as trapalhadas envolvendo o seu Ministério, também Maria de Lurdes Rodrigues fragilizou até ao limite a sua posição e está agora num beco sem saída e sem apoios, que já teve e poderia ter e sem os quais tudo o que de positivo fez será levado na enxurrada dos erros. Muito do que de positivo fez nas escolas, a diminuição do absentismo dos professores, o aumento de horas lectivas, a introdução do inglês, a estabilidade do corpo docente, foi obscurecido pelos sinais de facilitismo para as estatísticas governamentais, como o “milagre” das notas de matemática, ou a celebração pomposa com Sócrates de variações estatisticamente irrelevantes de “sucesso escolar”, ou mesmo a cedência passiva a essa intromissão pedagógica não pensada, nem estudada nos seus efeitos, do “Magalhães”.

(Continua)

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© José Pacheco Pereira
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