ABRUPTO

1.8.08


ANÚNCIOS DO GOVERNO E REALIDADES

INFOCID



Como é gasto o nosso dinheiro

Relembro que continua por atribuir o prémio de €50 que será entregue à primeira pessoa que, em qualquer ponto do país, consiga encontrar um único destes quiosques Infocid que funcione como tal. O que se vê na imagem é o "monumento tecnológico" existente no edifício do Ministério do Trabalho e da Segurança Social, em Lisboa.

(C. Medina Ribeiro)


VIA CTT

Voltando a um tema antigo no "Abrupto", o da ineficácia dos CTT, junto anexo imagem da mensagem que recebo sempre que na via CTT (serviço a que em má hora aderi) tento aceder à minha última factura da EDP. Escusado será dizer que, sem o acesso a essa factura, não tenho o código de "entidade", a "referência" e a data limite de pagamento da mesma. Como é óbvio, se não me deslocar a um serviço da EDP, vou entrar em mora no pagamento da minha conta da luz.

(António Cardoso da Conceição)



*

Estou a ver a Quadratura do Círculo e ouço falar do "Via CTT"... Este mês ficou uma encomenda na alfândega dos correios e foi-me solicitado que enviasse a factura para o mail internacional@ctt.pt o que fiz de imediato. "Bounce" (foi devolvida). Enviei novamente. "Bounce" outra vez. Foi necessário introduzir a factura num bom e velhinho envelope e enviar por correio registado. Se utilizassem um endereço do gmail, isto não aconteceria. Fui ler o discurso de apresentação do "Via CTT" proferido pelo ministro Mário Lino e fiquei encantado com o correio do futuro que passamos a ter em 2006, hoje um longínquo passado

(José Rui Fernandes)

*

Penso que já se falou disto aqui no Abrupto há algum tempo, mas queria só referir que aderi de pronto ao Via CTT (a designação é profética, como quem diz: eu via os CTT e deixei de os ver...) e nunca em circunstância alguma cheguei a utilizá-lo. Qual EDP, qual água, etc., etc. Nada. Zero. Pura e simples medida de cosmética de um Governo que atirava umas atoardas (está tão moribundo que já nem isso), sem qualquer consequência prática.

O Via CTT foi um exemplo perfeito disso mesmo. O problema é que, como também já se falou aqui no Abrupto, os próprios CTT não estão melhores: desde AR’s que se perdem, até correspondência que é extraviada, passando por antipatias e burrices burocráticas várias. A título de exemplo, no noutro dia uma colaboradora minha deslocou-se a um balcão dos correios que estava vazio. Eu perguntei o que era “vazio” e ela disse-me para entender à letra. Pois bem, parece que se gerou um efeito “gato fedorento” porque quando ela tentou ser atendida, a funcionária pediu-lhe a senha, ao que ela retorquiu que não havia ninguém, logo para quê a senha. Não senhora, desculpe, mas a senhora tem que tirar a senha senão não a atendo, etc., etc.

Não incomodo mais os leitores do Abrupto com a historieta, que acabou com uma queixa escrita e mais não sei o quê, a qual, como é óbvio, não altera (nem tão pouco contribui para alterar...) mentalidades. É o país que temos.

(Rui Esperança)

"MAGALHÃES"

Quanto ao Magalhães, apresentado como "o primeiro computador português" é apenas uma encarnação cosmética do Classmate da Intel, cujo presidente afirmou que não investiu um cêntimo no seu fabrico cá. O modelo parece ter sido concebido para os países em desenvolvimento e destinado a competir com o OLPC (One Laptop Per Child) de Nicholas Negroponte. Também me pareceu ver o Linux instalado (*), o que em si não encerra nenhum mal, mas está de certa forma em rota de colisão com a Microsoft e com aqueles protocolos assinados pelo governo todo em fila indiana. Windows na sala de aula, Linux no pequeno portátil... Seria bom existir estratégia para além da táctica. E por falar em propaganda, o primeiro ministro fala em exportar, mas primeiro devia ter pensado num nome pronunciável fora da CPLP... A menos que vá utilizar Magellan, mas é uma marca tão registada que duvido muito.

(José Rui Fernandes)

(*) Nota de JPP: tem o Linux e o primeiro ecrã é a pergunta se quer Windows ou Linux, o que para crianças do Básico é obra. O Linux está lá pelo politicamente correcto.
*

O cientista Nicholas Negroponte criou um computador resistente a tudo, água, pó, choque e recarregável por manípulo, com ligação à Web através de antena. Melhor, a bateria é recarregável pela mesma antena e pelo próprio ecrã. Esse computador é fornecido a todas as crianças de países em vias de desenvolvimento, tendo um custo de 50 dólares. A associação por ele criada visa levar o mundo e com o mundo a educação, a tudo e a todos. A Intel tem feito tudo para contornar este projecto, criando o compuatdor hoje apresentado pelo 1º ministro. Como é que não vejo uma única pergunta por parte da imprensa, sobre o porquê deste gigante da informática e não o pc desenvolvido por Negroponte? Porque é que ninguém questiona estes negócios? É esta sensação de conformismo dos media que me dá a impressão de que estamos todos a viver num limbo em que o governo e as suas centrais de comunicação nos meteram. A questão é meramente económia e política, pois então. Se existe no mercado um equipamento que provou em África, no Brasil, na Ásia, que funciona, porque é que ninguém questiona? Acho estranho que nem um jornalista tenha preparado uma pergunta para fazer ao 1º ministro sobre esta decisão.

(Jaime Dias)

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Óptimo! Crianças já pouco habituadas a raciocinar, a concentrarem-se numa aula, a respeitarem normas de vivências escolar com um computador para usar quando, como e com que supervisão? Os computadores devem estar nas escolas para pesquisas e navegações com fins pedagógicos e até lúdicos. Mas isto cheira-me mais a uma versão do Governo Sócrates do frigorífico propagandístico do Valentim Loureiro. Eu sei a diferença entre o que é escrever uma frase na cabeça e depois no papel ou escrevê-la e corrigi-la com correctores ortográficos e raciocínio fragmentado em computador.

Não concordo com esta medida, devia haver experiências piloto. Não é ser reaccionária, apenas ajudar as crianças a pensar e concentrarem-se, a pesquisarem com esforço, a terem o prazer da descoberta… São duas coisas diferentes… num país em que muitos não têm livros em casa nem conseguem seguir uma história, é com computadores que os incentivamos para a aprendizagem e para a curiosidade… O saber não está à distância de um click… é muito estreito esse caminho,

(Filipa Guimarães)

*

O computador que, com "estrondo" o governo quis lançar e quer fazer, "made in Portugal",
é basicamente um produto Intel que a J.P. Sá Couto vai fabricar - enquanto for rentável. Se não diversificar ... lá acabam, mais tarde ou mais cedo, os ansiados postos de trabalho e que bem precisos são. Ver, p.ex, algumas informações aqui e aqui.

Claro que podem fazer uma alteração ou outra no hardware ... Quanto ao software, para ser + barato virá, segundo consta, com o Linux como sistema operativo e sempre há, desse modo, todo/algum software livre, "open source" (* ) ( ex.:Openoffice - não sei se é compatível é com as baixas especificações do hardware ) compatível com a versão do Linux que trará.

Mas basicamente é o "classmate" da Intel ( 2ª versão) baptizado pelo governo como "Magalhães". Cá para mim, o nome mata 2 coelhos com uma cajadada só ! :

Possivel homenagem ao Fernão de Magalhaes e ao seu espírito inovador e aventureiro e uma palmadinha nas costas do José Magalhães ( porque não ? ), secretário de Estado com algum curriculum e pioneiro da Internet em Portugal, autor do " Roteiro Prático da Internet", entre outros (?) e participante de outras iniciativas: Ver aqui.

Eu até acho que ele tem mais ligação - é óbvio, em termos práticos - com a Internet, do que o nosso antepassado longínquo ... não desmerecendo em relação aquele que completou ( ou quase... ) a viagem de circum-navegação !

E não se esqueçam de ver o computador que a Intel concebeu e que querem dizer que é nosso, só lhes falta dizer "o computador português" (!) não sei porquê ...

http://www.classmatepc.com/

http://www.intel.com/intel/worldahead/classmatepc/

"Made in" ... Portugal ..ainda pode ser ... mas nada de confusões ! As patentes não são portuguesas, claro! Só o apelido "magalhães" !

Entretanto, diz-se que a Microsoft e a Samsung já estão interessadas no " Magalhães" . Será que vamos ter um Windows para o Magalhães ? E a Samsung ?

Que "inovem" que nós esperamos . Mas onde estes "gigantes" da informática entram,
deixam marcas da sua tentacular vocação "monopolista"...a não esquecer!

( *) Software livre , com código aberto - Projecto GNU / Linux

(J. Alcino)

(url)

© José Pacheco Pereira
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