ABRUPTO

15.7.08


COISAS DA SÁBADO: FICOU CARO O ERRO DA OTA

O erro da Ota vai custar mais 200 milhões de euros, a que se somam os muitos milhões que foram deitados para o lixo, de estudos, prospecção, promoções. Até os filmes de propaganda que acompanharam as várias sessões em que o Primeiro-ministro falava, com os aviões a levantar voo do aeroporto simulado, como nos jogos de vídeo, custaram dinheiro, bom dinheiro. Pode-se dizer que este “custar” dos 200 milhões não tem pleno sentido porque é o valor dos investimentos compensatórios à zona Oeste pelos prejuízos das expectativas frustradas e indemnizações pelo que não pode ser feito devido ao congelamento da construção na zona prevista para o aeroporto.

Esse valor vai ser pago “em novas acessibilidades”, um eufemismo para estradas, e fica sempre alguma coisa de útil. Mas há qualquer coisa de absurdo na rede estreita de estradas que vai passar a existir no Oeste, que tem mais a ver com reivindicações locais do que com o interesse nacional. Posso-me enganar, mas, todas as semanas, atravesso a região por uma nova auto-estrada que já lá está e serve muitas das áreas referidas e o trânsito é quase nulo. Agora vão ser feitos os estudos prévios do IC 2 entre o Carregado e Vendas das Raparigas, (variantes ao Carregado e a Vila Nova da Rainha e ligações à EN 366 em Aveiras de Cima, a Rio Maior e à Plataforma Logística de Castanheira do Ribatejo, onde se prevê a construção de um nó de ligação à A1), mais o do IC 11 entre o Carregado e a A8, em Pêro Negro (ligações e variantes a Arruda dos Vinhos e Sobral de Monte Agraço e a articulação ao IC2 e à A10), a beneficiação da EN3, entre o Carregado e a Azambuja, obras na EN9, entre Torres Vedras e Alenquer, lançamento das obras entre S. Pedro da Cadeira/Torres Vedras, e o troço Torres Vedras / Merceana está em fase de projecto, mais o estudo prévio de Merceana / Alenquer, requalificação do traçado, e novas variantes às localidades por ela atravessada e a ligação à A1.

O próprio facto de tudo isto ser considerado “compensatório” sugere a overdose e mais uma vez o excesso e o erro. Eu compreendo que os autarcas queiram uma auto-estrada à porta da sua aldeia, mas já não compreendo que o governo pague um erro por outro erro.

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© José Pacheco Pereira
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