ABRUPTO

23.6.08


SETE, TRÊS E OITO

No casino o croupier, contente com o reconhecimento, disse-me: "aqui é que está a quadratura do círculo", apontando para o círculo da roleta e para os quadrados dos números. É. Ao meu lado, os jogadores conhecidos da mesa, o sr. João, o sr. Martins, deixavam as fichas e mudavam de mesa para jogar em duas ao mesmo tempo. "Estes cinquenta euros são do sr. Martins?". Uma mulher de meia idade escondia notas no soutien. Os jogadores compulsivos jogam sempre da mesma maneira: concentram grupos de duas ou três fichas num espaço muito pequeno, quase sempre nos números mais baixos. Não sei porquê. Se as fichas são azuis, fica um mar de azul. Uma rapariga ucraniana jogava assim. Ouve-se uma voz atrás: "às vezes sai daqui sem ter dinheiro sequer para pagar o estacionamento". Joguei no sete, no três, no oito. Sete e trinta e oito. Sabia que ia ganhar, porque é sempre ao contrário.

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© José Pacheco Pereira
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