ABRUPTO

25.6.08


NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 272 PALAVRAS DITAS NUM CEMITÉRIO RURAL (3)

Garry Wills, Lincoln at Gettysburg: The Words that Remade America, Simon & Schuster, 2006.

Nos três dias que durou a batalha, travada nos arredores de Gettysburg, houve apenas uma vítima civil, Ginnie Wade, uma rapariga com vinte anos que estava a preparar pão para os soldados em casa da irmã, atingida por uma bala perdida. A batalha foi um confronto entre militares profissionais e milícias, mais de cento e cinquenta mil, que opôs o Exército do Potomac (do lado da União, chefiado pelo major-general Meade) e o Exército da Virgínia do Norte (do lado confederado, chefiado pelo general Lee). Meade era uma escolha de Lincoln feita três dias antes, Lee era a "alma" militar do Sul, considerado invencível e que chegava à nova batalha com uma vitória recente obtida em Chancellorsville em Maio.

Ao fim de três dias havia quase oito mil mortos, distribuídos pelos dois exércitos, um número elevadíssimo para os conflitos da época, prenúncio das batalhas futuras da I Guerra Mundial. O campo de batalha estava cheio de cadáveres de soldados e de cavalos e era Julho, estava calor. Os "meninos de sua mãe" jaziam mortos e apodreciam. O ar em Gettysburg tornou-se irrespirável.



Os cavalos tiveram prioridade e foram queimados numa pira. Os soldados foram enterrados à pressa, com identificações mínimas, sem grandes cuidados. Cães e porcos foram vistos a rondar as campas e alguns túmulos do lado confederado tinham sido tão mal feitos que os esqueletos ficavam visíveis. A situação era tão má que os notáveis da cidade se organizaram para fazer um novo cemitério e, em Novembro, estava em condições para ser inaugurado, ainda a guerra civil continuava. Foi convidado um dos mais famosos oradores americanos Edward Everett, figura chave do "Greek revival", e pedido ao Presidente Lincoln que proferisse algumas palavras. Everett falou duas horas, Lincoln dois minutos.

(Continua.)

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© José Pacheco Pereira
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