ABRUPTO

28.6.08


COISAS DA SÁBADO: O S. JOÃO NO PORTO



Não estamos a falar de uma aldeia esquimó, nem do Mali. Nem numa tribo amazónia completa, nem sequer num pequeno povoado da Nova Inglaterra, estamos a falar numa cidade média europeia. Pegar na população de uma cidade, umas largas centenas de milhares de pessoas se juntarmos Porto e Gaia, que neste caso são miscíveis, e fazê-la sair ao mesmo tempo de casa, do espaço privado para a rua, o espaço público, é tão raro, inabitual, que devia vir no Guiness. Se somarmos que o faz para uma actividade tão improvável como seja andar quilómetros a bater na cabeça uns dos outros por amabilidade e partilha e que “faz” o S. João, mesmo que não faça mais nada, então ainda é mais raro porque nos dá esperança quanto ao crescimento da solidão urbana. Pelo menos numa noite, numa cidade do Norte no Sul da Europa, isto ainda não acontece. Estamos todos na rua.

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Concordo totalmente com a sua análise, mas em paralelo, poucos minutos (3 ou 4) faltavam para a meia-noite na Ribeira, quando assisti à maior cena de pancadaria que algum dia tinha visto. À boa *western* eram cadeiras, garrafas e 30 ou 40 envolvidos. Não sei qual o motivo, se é que existiu motivo.

As luzes apagaram-se para o fogo de artificio, cujo ribombar só era cortado pelo barulho de garrafas a partirem-se. Demorou cerca de 15 minutos a chegarem algumas dezenas de agentes do Corpo de Intervenção, mas momentos antes da sua chegada tudo se tinha extinguido.

Isto tudo na Praça da Ribeira (também conhecida pela Praça do Cubo) infestada de gente a comemorar o S. João. Assim vão os brandos costumes.

(Luis Carvalho)

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© José Pacheco Pereira
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