ABRUPTO

11.5.08


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: LOCKDOWN



(...) Chamo a sua atenção para um termo curioso dos americanos: "lockdown". Um lockdown é uma situação em que um determinado sistema ou situação, seja ele qual for, fecha todas as comunicações e aberturas com o exterior e bloqueia. Fica compacto, fechado sobre si mesmo, impenetrável. Usa-se o termo quando existe uma emergência numa base militar, na Casa Branca, etc., mas é usado em muitas outras situações. Eu acho que o termo é interessante porque não significa apenas "isolamento", significa que pode-se em qualquer sistema atingir uma situação em que os processos estão de tal modo interligados que o sistema funciona, de forma aparentemente normal e livre, mas no fundo não há normalidade nem liberdade. Ora eu penso que, à semelhança de outros países com certeza, Portugal vive por lockdown, por sistemas que estão montados e bloqueados com tal força, que a aparente normalidade do sistema não deixa entrever a profunda distorção e quase ignomínia do que se passa a nível do processo. E para mim, nada nunca há de melhorar, nada será feito, nada irá mudar, até se encarar este problema de frente. Desfazer um lockdown é quase impossível, e a maior parte das vezes traz a casa abaixo. Mas é preciso tentar.

(...) Falo do que se passa nas Universidades, e em particular das privadas. Não vou aqui discutir este problema imenso, mas vou descrever-lhe um
lockdown. De um lado, universidades que trabalham pelo lucro, do outro alunos que são clientes e deixaram de pagar para aprender, passaram a pagar para passar. No meio, professores que temem pelos seus empregos (e em certos casos temem com razão porque eles próprios são já produto de um sistema que não premiava o mérito nem a qualidade). As administrações querem ter alta rotação de alunos, muita gente a pagar. Como os alunos não se inscrevem em universidades onde há altas percentagens de chumbos, as direcções exercem pressões sobre os professores para que não chumbem. Estes, que estão sujeitos a concorrência uns contra os outros, sabem que têm de agradar à direcção e submetem-se às pressões. E os alunos admitem desde o início que não estão ali para estudar, estão eli pelo "papel". Pagam, logo querem receber.

Mas não é assim que se completa o
lockdown. A camada final, que faz com que tudo funcione na mais perfeita paz, é o impedir que isto se saiba. Isto consegue-se por um lado agregando o grupo económico que está por trás da universidade a interesses políticos, de modo a que estes protejam a universidade; por outro lado, faz-se esvaziando a comunicação social. Como? Abrindo cursos de comunicação, que servem para contratar profissionais da Com. Social e desse modo garantir que ninguém dos Media vá olhar muito para aquilo. Escândalos não interessam a absolutamente ninguém, nem universidade, nem professores (desemprego), nem alunos (canudos mal vistos), nem Media (profissionais envolvidos em histórias). Resultado do lockdown: inundar o país de licenciados sem qualidade, criar uma imagem artificial de sucesso quando o sistema está podre, corromper os bons professores, dar oportunidades imerecidas aos maus, forçar para o estrangeiro os melhores alunos - este um efeito muito perverso, os melhores alunos têm tendência a criar sarilhos porque percebem como é que o sistema funciona, por isso trata-se primeiro de calá-los na universidade e progressivamente fechar-lhes as portas até que têm de saír. Não é o problema apenas da falta de emprego, o problema dos emigrantes licenciados é achar que o lockdown deixa obrigatoriamente de fora qualquer pessoa que não alinhe pelo mesmo diapasão.

Tenho provas disto? Não, ouço histórias, tenho amigos professores e amigos alunos, não posso dizer que tenha assistido a este tipo de coisa em primeira pessoa, mas alguns amigos sofreram algumas coisas. Se é generalizado? Não posso afirmá-lo com certeza, ouço histórias. Mas se calhar o papel da oposição é desenterrar histórias. Temos de olhar para o que não está lá. O que não está lá são jornalistas a chatear o Sr. Gago; o que não está lá são jornalistas a chatear outros ministros silenciosos, como o do Ambiente, o da Agricultura.

(...) O país inteiro funciona por
lockdowns, se pensarmos nisso. É um país de almoços, em que se descobriu o milagre de fazer o país perder, mas ficando os habitantes a pensar que ganharam. Prova do lockdown, para mim, é não conseguir escrever ou falar destas coisas, sem me perguntar se um dia não vou sofrer algum tipo de represália por o ter feito.

Enfim, alea jacta est e tudo isso.

(PL)

*

Relativamente ao texto sobre o "lockdown", em particular nas Universidades, do leitor PL´, posso dizer o seguinte: ele diz que não testemunhou estas situações, que não tem experiência delas em primeira pessoa. Eu tenho. Testemunhei-as durante 15 anos, continuo a testemunhá-las e, também pedindo emprestada aos norte-americanos outra expressão, "to add insult to injury", vejo-as multiplicarem-se e tornarem-se cada vez mais descaradas.

Tudo o que o leitor mencionou é verdade. Em alguns casos, poder-se-ia dizer que é meia-verdade, mas apenas no sentido de que a situação real é ainda pior do que ele descreve, e eu só me posso culpar de não ter saído mais cedo, tal como fizeram os melhores que tínhamos. Pago agora a minha estupidez com a degradação da minha saúde.

Actualmente, o "modelo do supermercado" é omnipresente: o aluno, desde que pague as propinas, já comprou o grau e sabe-o; este conhecimento, combinado com 18 anos de um ensino secundário que não ensina nada, para além do facto que o "professor" é apenas uma espécie subalterna de criado de café, sempre temeroso dos "clientes", liquidou o Ensino Superior. É impossível ensinar alguma coisa a alguém que está determinado a não aprender, e que tem o apoio do topo da hierarquia sempre que algum "professor" tem devaneios de exigência. Além disso, também é verdade que muitos dos que dão aulas já são produtos deste sistema, e partilham com os seus "alunos" todos os vícios de um sistema dispendioso e totalmente inútil. A situação é particularmente grave nas áreas científicas e tecnológicas, onde o aparato cognitivo necessário para a compreensão dos conceitos matemáticos e físicos mais elementares, para não falar da capacidade de raciocínio dedutivo, já não existe nas gerações mais jovens (desculpe-me o que vou dizer a seguir, pois não é minha intenção menorizar as Ciências Humanas mas, nestas últimas, é mais fácil simular a compreensão recorrendo apenas à memorização).

Depois vem o ambiente entre "colegas". Aqui, houve sempre uma separação de classes entre o "quadro" e os "equiparados" (estas distinções referem-se ao Ensino Politécnico, onde a situação ainda é mais grave do que nas Universidades) que, nestes últimos dois anos, se tornou numa verdadeira guerra. Aqui, eu também já passei por outra situação que mencionada por PL: após ter conhecimento de que se preparavam despedimentos em massa e sem critérios conhecidos, entretanto abortados pelo avolumar de mentiras e ilegalidades, tentámos divulgar a situação para o exterior; completamente impossível: alguns orgãos de comunicação social responderam-nos mesmo que "professores humilhados não incomodavam ninguém, nem eram notícia". Também lhe poderia falar das pressões para tirar Doutoramentos, e poder-me-ia perguntar, com razão, que mal hà nisso: o "catch" está em que, após se ter começado, se fica inteiramente dependente dos caprichos das direcções, que usam as obrigações do estudo pós-graduado para chantagear quem está inscrito (a não ser, claro, que se trate de alguém do "inner circle", mas estes são promovidos independentemente dos graus). Também poderia argumentar que, na verdade, não hà razão para isto: bastaria fazer concursos internos e que ganhasse o melhor e, na verdade, estes concursos existem, alguns até foram publicados no Diário da República, mas quem os lançou é também o primeiro a desrespeitá-los (numa reunião recente, o quadro admitiu ter cometido numerosas ilegalidades relativas a estes concursos, mas considerou-as meros "defeitos de forma", e justificou-se dizendo que as leis são "meramente indicativas", excepto para nós, que não somos do quadro).

Qual é a aparência exterior disto? Existem salas onde estão sentados "alunos" e um "professor" "fala" (ou passa acetato atrás de acetato ou, melhor ainda, recorre ao PowerPoint); os primeiros não prestam grande atenção: falam entre eles, ou saem abruptamente a meio, sem nenhuma consideração ou cortesia, para atender o telefone; o segundo, ou já não se importa ou, ainda pior, considera a situação normal. Existem testes, exames e são afixadas pautas, mas os resultados têm, quando muito, uma ligação muito fraca com a realidade. O que importa é o grau (a "qualificação") final, que faz boas estatísticas, mas que nada tem a ver com o conhecimento. Enfim, um verniz de normalidade aplicado a uma enorme e dispendiosa farsa, encenada para o benefício de alguns, que têm vínculo ao estado.

(J.)

*

O texto relativo aos lockdowns que um leitor lhe enviou, que me parece descrever muito bem uma parte importante do funcionamento do nosso país, trouxe-me há memória uma notícia que li nos jornais há vários anos. Era do domínio público que uma universidade privada (não me recordo qual) estava com grandes dificuldades financeiras. Contra todas as expectativas, anunciou que ia pôr em funcionamento um novo curso muito atractivo, da área da Comunicação Social. Um jornalista foi falar com um profissional da área, mostrou-lhe a descrição do curso e perguntou-lhe o que é que achava dele. O tal profissional achou o curso muito interessante e até contemplou a hipótese de se matricular nele. O jornalista disse-lhe então que, segundo a universidade, o profissional fazia parte do corpo docente e daria uma das cadeiras do curso...

Se não estou em erro, a universidade em questão fechou as portas pouco depois.

(José Carlos Santos)

*

As palavras do leitor PL trouxeram-me o conforto de poder acreditar, pela primeira vez nos últimos quatro anos, que não estou sozinha, não enlouqueci nem me transformei, afinal, numa versão feminina (e necessariamente mais neurótica) do velho do restelo.

Sou aluna de uma instituição privada de ensino superior (cujo nome não vou mencionar, pelas questões tão bem explicadas por PL), e para além de estudar também trabalho. Já estou nos trintas, fui um dos últimos frutos do sistema de via de ensino (12º ano com três disciplinas, antes da febre das reformas do ensino, lembra-se?) e já fui aluna de um dos chamados grandes cursos numa universidade pública.

Não sei o que se passa noutros estabelecimentos de ensino, conheço apenas aquele que frequento actualmente, e posso afirmar que o que ali se passa é escandaloso. Não se trata de aparecer um ou outro professor sem preparação, trata-se pelo contrário de aparecer apenas um ou outro que tem uma noção mínima do que está a dizer. A clara maioria dos meus professores nos últimos quatro anos não tinha ou não tem conhecimentos sobre os conteúdos por si leccionados suficientes sequer para passar num exame da cadeira, quanto mais para ensinar os outros. Isto é de tal modo flagrante que muitas vezes até os meus colegas (que não sabem nem querem saber o que andam ali a fazer) se apercebem e ficam (ainda mais) confusos. Refira-se também que entre professores (e alunos, evidentemente) não se encontram muitos espectadores do programa "Bom Português" da RTP, se é que algum, o que é visível desde logo por evidentes equívocos no emprego alternado de "à", "á" ou "há" ou pela conjugação incorrecta do verbo haver no sentido de existir (pérolas como "haverão", "haviam", etc). Isto acontece tanto na oralidade como na escrita e aconselho qualquer pessoa que se sinta entediada e precise de soltar umas boas gargalhadas a correr as reprografias de algumas universidades privadas e pedir para fotocopiar apontamentos fornecidos pelos professores. Sim, porque o despudor em relação ao mau uso da língua portuguesa é total e existe a ideia de que quem embirra com estes pormenores insignificantes são pessoas chatas e mal-humoradas, que não têm mais nada para fazer. Por vezes, chego a ter medo de escrever correctamente uma palavra qualquer por toda a gente à minha volta estar convencida que se escreve de outro modo. Além disso, sofri muitas vezes o dilema de, colocada perante uma dada questão numa frequência, ter de decidir entre responder o que o docente ensinou na aula e que, infelizmente, está incorrecto ou não é adequado, ou dar a resposta correcta e arriscar-me a um mau resultado na prova. As coisas têm vindo a piorar de ano para ano, com os poucos bons docentes que ainda havia (e não "haviam"...) a abandonar a instituição. Chegou-se ao extremo de actualmente a maioria das aulas serem leccionadas por outros alunos da mesma turma (sim, a maioria, e estou a ser simpática) sob a forma de apresentações de trabalhos. Ora, como costumo dizer aos meus colegas, nem eu ando a pagar para ter aulas com alunos nem eles andam a receber um tostão da universidade para me dar aulas a mim! Daí eu considerar que o que falta em conhecimentos a estes novos professores sobra-lhes em savoir-faire (para não lhe chamar "xico-espertismo"), já que descobriram rapidamente a fórmula para ganhar dinheiro fácil, apoiados numa visão distorcida do processo de Bolonha, que tem servido como fundamento para todo o tipo de abusos a vários níveis (mas isto daria por si só uma outra discussão, ainda assim relevante e, a meu ver, urgente). Se não, vejamos: as aulas são constituídas exclusivamente por apresentações de trabalhos de grupo, pelo que não é preciso prepará-las (uma grande trabalheira) nem estar aquelas horas todas a falar (uma maçada) e a avaliação é feita apenas pelas notas dos trabalhos, pelo que nem sequer é preciso elaborar e corrigir provas de avaliação. Genial, não é? E os idiotas dos alunos ficam todos contentes e agradecidos por não terem de fazer frequências (o 10 está garantido) e ao longo do semestre estão tão cheios de trabalhos que não têm tempo para chatear muito! Claro que as suas aulas são a ouvir as asneiras dos colegas (um pouco piores que as dos professores) mas de qualquer modo não estão realmente a ouvir o que quer que seja, por isso não importa, não é?

Como se não bastassem as evidentes lacunas científicas, no plano pedagógico a coisa não é muito melhor, dando a ideia de que a falta de conhecimento anda de mão dada com a falta de carácter. A batota é sempre premiada (mais que não seja com a impunidade) e quem não a pratica é tratado como "totó" e olhado com complacência ou mesmo desdém. A arrogância, a falta de honestidade intelectual e frequentemente a total ausência de escrúpulos parecem ser o cimento que une toda aquela malta (refiro-me aos docentes que leccionam e ocupam cargos na instituição) em alianças de "matar ou morrer" pela manutenção da mediocridade. Eu que o diga, que sou bolseira de mérito (ou seja, a melhor aluna do curso) desde o 1º ano e nunca fui tão maltratada na minha vida. Neste momento a minha motivação dificilmente poderia ser menor e confesso que me sinto cansada e esmagada pelo sistema (soa melodramático, mas é mesmo assim), até porque aquilo que referi aqui é apenas uma pequena parcela de uma realidade verdadeiramente assustadora e exasperante. Mantenho o meu emprego com tanto empenho quanto me é possível, pois tenho a certeza de que vou precisar dele durante muito tempo. É que hoje em dia nas universidades portuguesas os bons alunos têm de se "pôr a pau" se não quiserem acabar a lavar as casas-de-banho dos seus colegas medíocres que de certeza se vão dar muito bem na vida.

(FS.)

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A propósito do lockdown no ensino superior privado ocorre-me o seguinte pensamento: - Cá está um caso em que o sector privado não é melhor que o estado, será a excepção que confirma a regra? - ou será a regra do caminho mais fácil e depois logo se vê?

(Pedro Bandeira)

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Onde anda o caso da U. Independente? Quer dizer, esquecendo o caso do diploma de Sócrates, onde andam as pessoas que foram presas? em que passo está a investigação? O que aconteceu a professores e alunos?

Aqui há uns anos a BBC tinha uma série policial (eu sei que estou sempre a chatear com as séries, mas pronto...) em que uma equipa especial tratava dos chamados "cold cases", casos antigos, não solucionados, arquivados, esquecidos. Não seria possível criar uma equipa dessas, um blog ou qualquer coisa, para os "cold cases" na nossa sociedade? Por exemplo: O que aconteceu à Independente, o que aconteceu ao caso BragaParques e ao caso EPUL, aos submarinos e helicópteros e veículos anfíbios comprados com defeito? Já há medidas de resultados do Túnel do Marquês? Já há decisões quanto aos radares de Lisboa? Onde anda o novo Ministro da Cultura? Já foram encontrados os assassinos da rapariga de Sacavém e do rapaz do Oeiras Parque? O que é que se passa com a famosa promessa do PM sobre a Ass. Nacional de Farmácias? O que é que se passou com aquelas 4 ou 5 fábricas que fecharam e que o Ministro da Economia prometeu ajudar, recolocando as pessoas em outras fábricas? Como é que andam os aumentos da electricidade? Como é que anda a interminável investigação sobre as práticas da concorrência entre gasolineiras? Como é que anda o Choque Tecnológico? Como é que anda a decorrer aquele plano de oferecer computadores aos miúdos do Secundário? Como é que anda aquele programa ridículo de dar formação de matemática a professores de matemática (!)? Afinal que indemnizações é que se vai dar (vamos todos dar, aparentemente) aos autarcas da zona da Ota? Onde andam as indemnizações aos agricultores que viram as colheitas destruídas por fenómenos atmosféricos anormais? Como anda o processo de Isaltino Morais? Como andam os inquéritos ao estado das pontes? Ao estado da linha ferroviária do Norte? O que se vai passar com o Tua? O que vai acontecer à casa do Douro? Onde andam as novas armas da PSP? Quem paga os coletes à prova de bala da PSP? Como andam os processos aos gangues do Porto? Como anda o inquérito ao antigo presidente da Câmara do Porto e à permuta de terrenos com o FCP? Como andam as investigações ao mesmo tipo de permutas no caso do Sporting? O que aconteceu a José Rodrigues dos Santos e às acusações que ele fez à direcção da RTP? O que aconteceu aos moradores do prédio que explodiu em Setúbal? O que aconteceu às pessoas afectadas em Setúbal, em Loures, em Odivelas, pelas cheias súbitas? Onde anda o director da Protecção Civil de Loures? Carrilho vai para a Unesco ou não? Portugal reconhece o Kosovo ou não? Fomos plataforma de passagem para aviões da CIA ou não? Quais as responsabilidades de Santana Lopes e de João Soares no estado calamitoso da CML? O que se passa afinal no Afeganistão? O que se passa na Casa Pia? O que se passa em Felgueiras? O que se passa com os consulados portugueses? O que se passa com as negociações entre Portugal e a Venezuela? O que se passa com a coincineração? Como é que andam as respostas às emergências médicas em Alijó? Como é que anda a nossa capacidade de resposta à Gripe das Aves? Como é que anda a investigação ao edifício do Casino Lisboa ? Estão resolvidas todas as nuances da lei do tabaco?

(PL)

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© José Pacheco Pereira
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