ABRUPTO

27.5.08


HUBBUB



O QUE CADA UM DESEJOU IMPOR COMO TEMAS

Manuela Ferreira Leite:

Questão social, o maior sucesso de "imposição de agenda" desta campanha. A realidade dos problemas ajuda sempre muito, mas, antes das suas intervenções a questão social da pobreza e do empobrecimento não era dominante, mas sim mais impostos / menos impostos, do ponto de vista económico, mais estado / menos estado (Passos Coelho) e ou contenção do défice / desenvolvimento económico (Santana Lopes). Conseguiu em pleno alterar a situação, levando o PS e o governo, Sócrates e Mário Soares, e os seus opositores internos, a seguirem o seu tema.

Importância da credibilidade e situação de emergência no partido. Conseguiu-o no exterior do partido, junto dos portugueses e dos eleitores do PSD, no interior ver-se-á.

Pedro Passos Coelho:

Liberalismo. Mais o liberalismo na forma circulante nos blogues do que uma postura liberal em contexto PSD, mas, mesmo assim, com o mérito de suscitar questões ideológicas que o PSD terá que defrontar mais cedo ou mais tarde. Porém, enfraqueceu a sua posição com as hesitações no debate (em que, em todos os casos em que foi confrontado com contradições, abjurou) e com a fragilidade das suas posições na crise dos combustíveis que mostraram impreparação.

Mas existe uma enorme contradição entre o programa explícito (liberal, com sucesso nos blogues e na comunicação social) e o implícito (não mexer nos poderes internos dos "chefes" das "bases"). Ninguém se iluda - a força da candidatura de Passos Coelho não vem das suas "ideias", mas dos apoios que recebeu do aparelho vindo de Menezes. Essa situação paga-se com um silêncio total e com compromissos sobre a situação no interior do partido.

Pedro Santana Lopes:

"Pôr ordem no partido", eterna vitimização, finanças versus desenvolvimento económico. O conteúdo inquisitorial da campanha de Santana Lopes é nítido e esse ameaça ser o seu principal falhanço. O silêncio sobre a sua derrota de 2005 foi transformado numa conspiração Sampaio - inimigos internos. Pouca gente acredita nisso, mas a que acredita está com ele.

Luís Filipe Menezes:

"bases" contra "barões", vingança contra aqueles que o "derrubaram", regionalização. Perdeu em toda a linha, porque Passos Coelho, que lhe herdou os apoios, não pode herdar-lhe a linguagem.

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© José Pacheco Pereira
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