ABRUPTO

10.5.08


COISAS DA SÁBADO: INSUPORTÁVEL VAZIO



António Barreto escreveu sobre isso recentemente, sobre a cada vez maior irrelevância dos espaços de notícias na rádio e na televisão. Junto a minha à sua voz, farto, literalmente farto de esperar por notícias e quando estas não são substituídas por mais um jogo de futebol em horário nobre, de encontrar apenas casos médicos, acidentes, protestos desirmanados sem enquadramento nem trabalho jornalístico, “acesso” à televisão porque se faz, ou se promete fazer, diante das câmaras, barulho.

A política nacional e internacional praticamente desapareceu dos noticiários televisivos. Então se não houver imagens picantes, pancadaria no parlamento da Coreia, mortos no Iraque, ou assobios ao Primeiro-ministro, então é que não passa nada. A excepção é os “momento-Chávez” do primeiro-ministro na RTP, mas, mesmo estes, parecem esgotados e o homem tem que se vestir como se tivesse o Ebola pela frente, para aparecer de burka na televisão. O que interessa à televisão é, obviamente, a burka.

Eu sei que se eu disser que o Presidente da República devia era ter denunciado a anemia cívica dos órgãos de comunicação social, (a começar pelo que tem o recorde dos jogos de futebol em vez de notícias e é pago pelos nossos impostos supostamente para ser diferente, a RTP), a resposta dos responsáveis por esses órgãos é que ninguém quer saber de política, porque os políticos são maus e não dizem nada que interesse a ninguém. E ainda sobra para mim. Na verdade, está fechado o círculo da irrelevância e vai ser difícil quebrá-lo.

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© José Pacheco Pereira
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