ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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17.5.08
27. DOIS MUNDOS A sondagem de hoje no Correio da Manhã deve ser lida com a prudência de todas as sondagens, mas os seus números são tão esmagadores que, mesmo com as máximas reservas, apontam para um resultado claro: quer os portugueses, quer os eleitores do PSD preferem Manuela Ferreira Leite de longe a qualquer outro candidato. Há pelo menos uma conclusão que se pode tirar desta sondagem: existem dois mundos, um o dos eleitores do PSD e dos portugueses, outro o de alguns responsáveis de estruturas do PSD. Quando Marco António diz que os militantes da sua Distrital preferem "esmagadoramente" Passos Coelho, Carreiras aponta Jardim como o "melhor candidato", Bota afirma que o PSD só vence com Santana Lopes, que mundo interior é este tão distanciado do mundo exterior? Este ecrã, esta intermediação entre os militantes e a realidade nacional é um dos factores de crise do PSD. Obedecem a lógicas muito diferentes: uma, uma lógica pessoal de preservação dos pequenos poderes e influências internas (falar em nome do PSD, escolher pessoas para os lugares, defender "espaços" políticos próprios, influenciar as escolhas, impulsionar a sua própria carreira política de profissionais partidários); outra, uma lógica exterior de políticas e métodos reconhecidos como meritórios pelos portugueses. Escrevi um livro sobre isto, não preciso de me repetir. O divórcio entre estes dois mundos começou no tempo de Cavaco Silva, mas acelerou-se nos últimos cinco anos, e conheceu o seu momento mais grave em 2005, numa corrida ao abismo anunciado, previsto, inevitável, que todos menos os unanimistas que num Congresso deram uma votação albanesa a Santana Lopes, quiseram ver. Repetiu-se em 2007, e, se não for travado, repetir-se-á em 2008. É só isto que está em causa nestas eleições cruciais e só isto que explica tanta acrimónia, tanto afã, tanto desespero, porque para muitos é uma espécie de despedimento colectivo. É exactamente por isso que, como se diz no Expresso de hoje, todas as quatro candidaturas são hoje "menezistas" nos seus apoios e todas são contra Manuela Ferreira Leite. A questão está em saber até que ponto existe ou não voto livre no PSD, até que ponto o militante trazido às urnas pela diligência ímpar de um cacique e que lhe diz pelo caminho, "sem dúvida que vou votar no Passos Coelho, ou no Santana Lopes" chega lá e vota Manuela Ferreira Leite, em consonância com o país e com os eleitores do PSD. (url)
© José Pacheco Pereira
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