ABRUPTO

8.2.08


MEMÓRIAS

Em 1966, Aznavour veio a Portugal, penso que pela primeira vez. Estava-se no período de ouro da influência da canção francesa e, sem se saber, no início do seu ocaso. Nessa altura, vieram a Portugal Françoise Hardy, Sylvie Vartan, Gilbert Bécaud e Aznavour. Conheci-os e entrevistei-os a todos, na maioria dos caso para o jornal do Liceu Alexandre Herculano de que era director. Não era comum que gente tão famosa falasse para um obscuro jornal dum Liceu, nem os hábitos da época favoreciam a liberdade que era entrevistar um artista estrangeiro que podia sempre dizer inconveniências impublicáveis. O jornal não ia à Censura oficial porque formalmente, como toda a imprensa escolar, devia ser da MP, mas foi nesses anos completamente independente. Na prática quem fazia a censura era o professor responsável (o padre Brochado) e o reitor Martinho Vaz Pires. Durante o período em que fui director houve problemas graves com o jornal (por culpa de Lopes Graça, de Picasso, dois comunistas, dos bons costumes, e da Bauhaus por outros motivos que já contei noutro lado), mas nenhum com as entrevistas.

Bom, a entrevista (que fiz com um colega meu mais velho, o Soler, que já tinha publicado uns livros de poesia) é o que se pode esperar: banal, estereotipada, escolar, direitinha, respeitosa. Perguntas muito sérias, respostas mais soltas. Aqui ficam alguns exemplos:



E não sei por que carga de água perguntei-lhe isto:



Por aqui se pode imaginar o resto.

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© José Pacheco Pereira
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