LENDO VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 29 de Fevereiro de 2008
A quantidade de correspondência que está a chegar ao Abrupto sobre os serviços dos CTT, de que se publicam aqui alguns exemplos, mostra que a exibição malcriada e arrogante ontem na SICN do seu responsável nomeado pelo governo, esconde muita incompetência e maus serviços de uma empresa pública que despreza os seus utentes como o seu administrador despreza as regras de civilidade e a obrigação de prestar contas.
*
Poucas vezes tive mais pena de não poder escrever de imediato, com bastante fúria aliás, do que quando ouvi ontem na SICN o gestor destacado pelo PS para os CTT, Luís Nazaré, responder com uma grosseria e má educação sem limites, às críticas da DECO aos serviços dos correios. Espero que a SICN coloque em linha esses longos minutos de insultos, de arrogância, de recusa liminar de qualquer crítica, no fundo para disfarçar uma desresponsabilização fundamental: a administração dos CTT não assume a responsabilidade pelo correio normal, não registado, o correio dos cidadãos comuns que não podem esperar que comprar um selo, ou seja pagar um serviço ao estado, lhes dê a garantia que a carta chega ao destino. Não ficou aqui o protesto em directo, fica em diferido.
Em relação aos serviços que os CTT prestam, gostava de referir alguns aspectos que, por serem factos (e não opiniões), têm algum interesse:
Lembram-se das etiquetas amarelas de «Publicidade não endereçada - aqui não, obrigado» que os CTT davam? Pois já não dão.
Lembram-se dos envelopes selados, de correio normal? Pois já não se fazem.
Lembram-se de um serviço que permitia, mediante pré-pagamento, que se enviasse uma carta escrita no computador - e que era enviada por www.ctt.pt? Pois deixou de funcionar.
Lembram-se dos quiosques que permitiam aceder à Internet em muitas estações? Pois foram retirados.
Lembram-se de os quiosques de venda de selos aceitarem cartões (nomeadamente os NetPost, que os próprios CTT vendiam por €5,49)? Pois deixaram de os aceitar.
Conhecem alguma estação onde se possa pagar com cartão multibanco? Pois eu não conheço.
E deixo a melhor para o fim:
Quase todos os dias tenho de ir a uma estação dos CTT comprar selos para envio de livros e, naturalmente, esperar na fila. No entanto, existe lá uma máquina de venda de selos que, depois de alguns "cliques", me pede para colocar o envelope na balança. Pois em seguida informa-me que o meu pedido não pode ser satisfeito porque a encomenda "pesa mais do que 0 (sim, ZERO!) gramas"!
De vez em quando, a propósito de um caso ou outro, reclamo. Mas as cartas de resposta (que, reconheço, sempre vêm) são "chapa-três" - limitam-se a agradecer a minha informação... e tudo fica na mesma.
(C. Medina Ribeiro)
*
Telegraficamente, aconteceu-me hoje nos CTT (estação da Av. Igreja):
Quero fazer reexpedição de correspondência.
Preencheu os papéis?
Sim, minha senhora aqui os tem (dou impressos obtidos via Net).
Esta gente toda?
Sim, porque está aí para além de mim e da minha mulher, a minha Mãe, já falecida, e o meu filho mais velho.
Tem tudo que assinar.
E eu com ar de espanto: desculpe? Ó minha senhora, eu e a minha mulher, está bem, mas repare que nos outros casos não é possível: a minha Mãe porque já faleceu e o meu filho porque só tem 5 anos.
Não, não. Tem tudo que assinar. ( e continua) Olhe, para já não é possível reexpedir correspondência dos mortos (sic), depois, quanto ao seu filho, diz para ele pôr a impressão digital.
(aí, perdi a paciência e alguma compostura) Desculpe-me, minha senhora? A senhora tem a mínima noção do que está a dizer? Tem a noção ou não tem? Primeiro é possível sim senhora a reexpedição de correspondência de pessoas falecidas, porque eu próprio utilizei esse serviço durante cerca de um ano, depois, acha que vou dizer ao meu filho mais velho para pôr o dedo aqui neste papel?!? É que não tenha dúvidas que não vou!
(diz-me ela, sem perder o perfil de incompetente) Só um momento que vou falar com a chefe da estação.
(passados 2 mn) Olhe, ainda é pior do que lhe disse da primeira vez: não só não pode reexpedir correios dos mortos (sic), como do seu filho também não.
(eu) Chame a chefe da estação.
(ela) Só um momento.
Chega a dita com ar empertigado: Diga, sff.
(eu) Ó minha senhora, pode dizer-me como é que esta senhora funcionária me está a dar uma informação comprovadamente errada quanto à reexpedição de correspondência de pessoas falecidas?
(ataca ela logo) Sim senhor! Isso é impossível! As pessoas não percebem que os Correios fazem isto para protecção dos interesses das pessoas!
(eu) Ai é? Então a defesa desses interesses significa, de acordo com o que me estão a dizer, que as pessoas que falecem não podem deixar ninguém… (hesitei) vivo, porque esses não podem receber directamente qualquer correspondência, é isso? Então isso também significa que o que os mesmos Correios me fizeram há um ano e tal está errado, é isso?
(ela) É isso mesmo. (!!!!)
(eu) Olhe, minha senhora, não vou entrar nesse plano de discussão, porque é demasiado ridículo. Apenas lhe digo que se se enganaram, enganaram-se bem! Bom dia.
(cerca de uma hora depois, na Loja do Cidadão). Tratam-me com competência e simpatia (decidi entretanto eliminar o nome de minha Mãe) No fim, pergunto: Olhe minha senhora, só por curiosidade: é possível a reexpedição de correio de pessoas falecidas?
Resposta pronta: claro que sim, desde que junte cópia simples da habilitação de herdeiros.
(eu) Muito obrigado pela informação.
(ela) Com muito gosto.
Veja as diferenças. Sinceramente, não há comentários possíveis.
(Rui Esperança)
*
(..)os CTT tornaram-se para mim, já há uns anos, um ódio de estimação:
Em 1990 paguei para, durante 3 meses (se a memória não me falha), ter o correio reencaminhado entre duas moradas em Lisboa: nem uma única carta foi reencaminhada.
Depois fui viver para a zona velha de Almada: vivo numa Travessa que tem os números de porta (muito bem indicados) como: 3, 3ª, 3B e 3C.
E há uns anos que acontecem coisas estranhas: o correio normal chega, por norma, uma vez por semana (ou quinzenalmente) por atacado: como se os meus fornecedores de serviços e os simpáticos da publicidade combinassem colocar as cartas no correio num determinado dia (embora com datas de envio diferentes, claro).
O correio registado já apresenta mais alternativas: por vezes alguém recebe o correio registado e coloca a carta respectiva por baixo da minha porta (sendo que a minha porta só dá para 2 casas, e não é essa vizinha a assinar os avisos, não sei quem o faça), esta é sem dúvida a melhor opção.
Noutras alturas, aparece o aviso para ir levantar o correio vários dias depois da data aposta nele.
Já aconteceu estar de férias, sair de casa às duas da tarde, e encontrar um aviso dizendo que ninguém tinha atendido às 11.00 da manhã (a minha campainha até um morto acorda….).
Há poucos meses, concorri a um concurso interno na CML e recebi, no meu local de trabalho, a carta de notificação para apresentar reclamação à lista de candidatos aceites, que me tinha sido enviada para casa e devolvida à CML com a indicação “não reclamado”. Escusado será dizer que nesse não me ausentei e nunca recebi nenhum aviso.
Quanto a reclamações: os CTT da Praça do MFA recusam-se a receber reclamações, dizendo que as mesmas têm que ser feitas na estação do Pragal. Uma vez até me dei ao trabalho de ir reclamar por escrito. E funcionou: recebi um telefonema a saber se os problemas já estavam ultrapassados e, de facto, durante umas semanas recebi tudo com regularidade, mas depois voltou à confusão do costume. E Eu, preguiçosa como sou, não voltei a reclamar.
(Brígida Carvalho)
*
Cópia de carta enviada ao Presidente dos CTT (por mail), a 29 de Dezembro de 2006, ainda sem resposta.
Exmo. Senhor
Dr. Luis Nazaré
Presidente do Conselho de Administração dos CTT
A 27 de Setembro, precisei de enviar uma carta para o estrangeiro. Como não sabia qual era o selo e se a carta precisava de ser pesada, fui a uma estação dos CTT. Aliás, mesmo que soubesse, teria que ir na mesma porque a máquina de venda de selos mais próxima (na 5 de Outubro) esteve avariada durante meses e não estive para perder tempo a verificar.
Na estação dos CTT da Avenida 5 de Outubro, havia 4 ou 5 clientes quando cheguei, às 14h38. Enquanto esperava vi que a estação parece um supermercado brinquedos, livros duvidosos, canetas, ursos de peluche, pulseiras, copos, uma parafernália de brindes. Mas comprar UM SIMPLES SELO é que foi o diabo!
A senha estava no 232 quando cheguei. A minha era o 243. Havia poucas pessoas à espera, o que significa que outros clientes desistiram e tinham ido embora. O 232 esteve parado até às 15h00!
Havia 4 empregados a atender o público:
- Um deles só mexia em papéis (se é para mexer em papéis, escusava de estar ao balcão, a presentear-nos com o seu ar burocrata);
- Uma senhora só atendia para assuntos financeiros, com ar despachado;
- O 3º passava a vida a “ir lá atrás” buscar não se sabe bem o quê, uns papéis...
- A 4º, mal terminava de atender um cliente, descansava longamente, olhando para cima, para baixo e para os lados, antes de chamar a senha seguinte.
Como barulho de fundo, meia dúzia de vozes femininas, atrás do balcão, rindo regaladamente com uma criancinha que foi de visita à estação, mostrar as suas graças infantis. Perante a minha indignação, a que se juntou a dos outros clientes, a 4ª funcionária disse que era hora de almoço!
Fui atendida às 15h12, um atendimento que demorou menos de 1 minuto. 34 minutos à espera de ser atendida, para comprar um simples selo, parece-me um poucochinho exagerado, em dia de ponte, com a estação/supermercado praticamente vazia. O selo custou-me cerca de 2 euros, mais 34 minutos de espera.
São estas as maravilhas que tem para nos oferecer a gestão moderna e eficiente dos CTT? Eu quero lá saber dos Action Man ou dos restaurantes que têm nas estações! Eu quero é entrar numa estação e comprar um selo, em poucos minutos.
Será que alguém pode, pf., pensar um bocadinho sobre o que levará uma pessoa a entrar numa estação dos CTT?
Muito obrigada
(espero que esta carta chegue bem)
INFELIZMENTE, a história não acaba aqui.
Hoje, 29 de Dezembro, fui à mesma estação comprar um envelope azul nacional para lhe enviar esta carta. Fui à máquina para poupar tempo. Carreguei no único botão que tinha este tipo de envelope (azul, sem janela). Saiu-me um envelope internacional, por 1.8 euros (mas esta indicação só estava no envelope em letras minúsculas, não na prateleira, e só com ele na mão pude verificar).
Os envelopes azuis normais, correio nacional estavam ESGOTADOS. Em compensação, havia imensos Tartarugas Ninja na prateleira do lado. Que pena não servirem para levar cartas!
Tirei uma senha e repetiu-se a experiência – 45 minutos à espera de um grande momento:
Os seus funcionários não queriam trocar o envelope! Diziam que a máquina não faz trocas. Eu perguntei de quem era a máquina e eles responderam: CTT.
Mandei chamar a chefe. Depois de um bate-papo, por especial favor (isto é, para evitar um escândalo maior) lá me devolveu os 1.8 euros.
Conclusão: vou enviar esta carta não por correio, mas por mail.
Se eu fosse presidente de uma empresa que funciona assim, pintava a cara de preto.
Não estou à espera de resposta, mas gostava de a receber.
Com os meus cumprimentos,
Dalila Carvalho
*
Não tenho memória em tv, ou qualquer outro meio de comunicação social, de assistir a uma demonstração tão grande de profunda má criação, arrogância e falta de nível. Em nota de rodapé a SIC Noticias identificava o senhor como presidente do Conselho de Administração dos CTT, o qual, aliás, se mostrou logo incomodado de não ter, por parte da DECO, um parceiro ao seu nível hierárquico. Penso que a minha estupefacção não era menor do que a da jornalista e do próprio representante da DECO, esse sim que como pessoa educada que demonstrou ser, conseguiu não baixar o nível do debate, que devia ser o que queria o seu oponente.
Disse ainda, o tal senhor que os CTT estavam entre os 10 primeiros serviços de correio do mundo. Estiveram, será correcto e justo afirmar.
Não utilizo os CTT com regularidade. Recebo, no entanto, correspondência, aqui em Lisboa. Mas de há uns anos a esta parte é ver a correspondência que me é destinada e aos meus vizinhos, trocada com outros prédios da rua, sem qualquer justificação plausível, tamanho é o disparate. O que se observa é um corrupio de carteiros, ou seja mudam com muita frequência. Assim sendo o nível de confiança é, naturalmente, muito baixo.
O senhor acabou por prestar, junto de quem assistiu ao jornal da noite, um serviço à DECO.
(Rosa Barreto)
*
Resido no Porto, na Rua X, no 5.º andar esquerdo do n.º 848. Na minha caixa do correio, foi hoje depositada uma carta dirigida ao senhor Yunjie Zhu, residente na Rua X, n.º 856.
Por outro lado, este mês não paguei a conta da luz, porque a determinada altura tive a peregrina ideia de aderir à VIA CTT (lembram-se?). As facturas da luz chegam-me agora ao site da VIA CTT em formato PDF e eu recebo um mail a avisar-me da respectiva entrada. Este mês, recebi o mail de aviso, mas sempre que me dirigi ao site para abrir a factura em PDF, saiu-me uma janela pop-up a advertir-me da impossibilidade de executar a operação. Resultado: não pude recolher os números de referência e o montante, para, como é costume, proceder ao pagamento no multibanco. Por causa dos CTT, estou em mora com a EDP.
(António Cardoso da Conceição)
*
Nesta polémica sobre os serviços prestados pelos CTT, que ria chamar a atanção para uma questão, que se cinge normalmente ao meio filatélico, sobre a política de emissões filatélicas dos CTT e, particularmente, para a política deliberada de apagamento da memória. Os CTT têm um rpograma filatélico com a emissão anual de muitos selos. Nem tudo pode caber neste plano de emissões e nem sempre se pode agradar a todas as sugestões que são feitas. Porém, como confessa o director da Filatelia nos CTT no seu blog, estes têm uma política deliberada de apagamento da memória cultural do país, esquecendo-se de lembrar os centenários de nomes tão importantes da nossa cultura como António José da Silva, Francisco Manuel de Melo, Adolfo Casais Monteiro. Dizem os CTT que isso não interessa aos potenciais clientes que compram selos por impulso. Assim se desreponsabiliza uma empresa pública do seu importante papel institucional de divulgação, embora mitigada, da nossa cultura. Aproveito para lembrar que os CTT são de alguma forma sensíveis à crítica: deixaram de emitir selos sobre as máscaras populares por pressão da Igreja Católica, porque alegadamente reproduziam o Diabo...
(António Carvalho )
*
Hoje cheguei a casa depois de 5 dias fora. Na minha caixa do correio tinha meia duzia de cartas que eram para vizinhos. Os endereços dessas cartas estavam correctos. Fiz a função do carteiro e distribuí-as pelas caixas certas. Nunca tal aconteceu antes.
(Eduardo Tomé)
*
Desculpem lá estragar a festa, mas tenho uma história verídica para contar sobre os CTT. É contra a corrente, mas enfim...aqui vai. Tenho uma tia no Porto, chamada Margarida, mas conhecida por Nena, que um dia recebeu uma carta de uma amiga que vive na Venezuela, com o seguinte endereço: NENA -Porto. A minha tia não é figura pública,o Porto é uma cidade um pouco maior do que a Marmeleira, mas a verdade é que a carta lhe foi entregue pelo carteiro. Demorou cinco meses a chegar ao destino, mas a verdade é que chegou. Como? Não sei! ATENÇÃO! Isto é verdade, não é PUBLICIDADE!
DECLARAÇÃO DE INTERESSES: Não sou do PS, não conheço o Dr Luís Nazaré e não tenho acções dos CTT
(Carlos B.Oliveira)
*
Enviou-lhe mais um exemplo, passado comigo, de como andam os serviços dos CTT:
Informação obtida através do serviço dos CTT (nem tudo é mau nos CTT) que indica os passos porque passou uma encomenda minha, vinda do estrangeiro, desde a chegada à Central de Cabo Ruivo até me ser entregue:
Cabo Ruivo ao Paço do Lumiar convenhamos que é um bocadinho demais.
(Pedro Bandeira)
*
Eu sou professor e irei à manif do dia 8. Lendo os relatos absurdos acerca dos serviços dos ctt, não pude deixar de pensar em como isso tudo vem já no seguimento de um ensino deficiente. Um dia recebi uma encomenda onde vinha manuscrito a indicação "A quebrar: 5$00". Faz lembrar aquela citação: "Se acham o ensino dispendioso, experimentem a ignorância"
A instrumentalização do ensino público para fins puramente eleitorais, com o combate ao insucesso e ao abandono escolar por quaisquer meios para obter resultados estatísticos fraudulentos, está a levar os professores a situações limite. Cada vez mais ouço casos de professores que pura e simplesmente deixam de transmitir conhecimentos a turmas inteiras, ou a alguns alunos dentro de uma turma, porque é simplesmente impossível.
(Jaime Braz)
*
Com o presidente dos CTT a falar assim na televisão, como poderemos esperar um atendimento respeitoso por parte dos seus funcionários nas estações? Que eu saiba ninguém se queixou do estravio de cartas( e aí devemos felicitar o senhor pelos escassos 3%,). Os problemas surgem quando entramos numa estação dos Correios.