ABRUPTO

14.2.08


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OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 14 de Fevereiro de 2008


Sobre o "meio". Vale a pena ler o despacho de arquivamento do caso Bexiga que está disponível no Público, em anexo. Ler com todos os olhos, os sociais, os políticos, os do direito, os da investigação policial, e os do bom senso. Está lá quase tudo. E está o "ponto axiológico para que tende o inquérito":
"(...) o seu encerramento, com decisão de mérito, vinculada ao juízo sobre a suficiência de indícios.

Como já demonstrámos, malgrado o empenhamento patenteado na investigação, não conseguimos alcançar e identificar os autores materiais do crime, tido por verificados.

Encerramos o inquérito com a certeza que a sua intencionalidade teleológica, o combate ao crime, através da responsabilização criminal dos seus agentes, não foi alcançada.

Tal insucesso deve-se não só ao tipo de crime com que estamos a tratar, em que os autores materiais actuam a mando de outrem, encapotados, mas também, como já sobejamente sublinhámos, à forma como ocorreu o início da investigação, uma vez que a não recolha imediata no local da agressão de eventuais vestígios deixados pelos agressores, poderá ter contribuído, de forma capital, para o insucesso da mesma e poderá mesmo, ter inviabilizado, a identificação dos autores, do ilícito criminal indiciado. (Sublinhados meus)
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Já agora depois de pedir perdão aos aborígenes, "our fellow australians", só falta perguntar-lhes se eles querem ser australianos. Dado o tom do pedido de perdão, tem todo o sentido pôr em causa a colonização branca da Austrália. Nunca lhes foi pedida autorização, nem licença, pelo uso das terras, não é? O país era deles há 25000 anos, os brancos são na verdade guest workers, ainda por cima indesejados porque vinham degradados, fugidos, presos. Isto de pedir desculpas pela história não tem pés nem cabeça, porque os pedidos de desculpa acabam por ser sempre selectivos. Nós, por exemplo, já pedimos desculpa por expulsar os judeus e ainda não pedimos desculpa por expulsar os árabes. Pode ser que o Bin Laden nos obrigue.

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Omissio veri, suggestio falsi. João Miranda no Blasfémias:
"Sócrates escolhe as palavras sempre que fala deste tema. Diz “assumo a autoria”, não diz “fui eu que fiz”. Diz “os projectos que assinei são da minha responsabilidade”, mas não diz “os projectos que assinei foram feitos por mim”.
É exactamente o mesmo do "I did not have sexual relations with that woman, Miss Lewinsky".

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A ler os jornais australianos para tentar saber o que se passa em Timor, encontram-se outras notícias. Morreu Smoky Dawson, o cantor cowboy local. Aqui fica o velho Smoky a cantar.

(url)

© José Pacheco Pereira
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