ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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11.2.08
LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 11 de Fevereiro de 2008 (No Prós e Contras) No meio da discussão, Hespanha teve um pequeno lapso de memória e esqueceu-se da autoria dos Buddenbrooks de Thomas Mann, que citou. Ficou em silêncio e faltou-lhe o nome, como nos acontece a todos, e uma sala inteira, com alguma da nossa mais alta elite jurídica, pura e simplesmente não sabia completar-lhe a frase com o nome do autor. Foi já na frase seguinte, após aqueles segundos de incomodado silêncio, que Hespanha se lembrou e continuou. Eu ainda me espanto com isto, mas deve ser defeito e certamente um sinal da minha arrogância... * Não assisti, mas escrevo-lhe para lhe comunicar que também compartilho o seu espanto sobre o silêncio de uma sala preenchida com a nossa mais prestigiada elite jurídica quando se levanta uma questão a respeito da autoria dos Buddenbrooks. Simpaticamente, sempre é possível especular que parte daquele silêncio fosse gerado por causas diferentes à da ignorância: desde a inércia de quem, sabendo, não estivesse para se esforçar a pensar, a quem não tivesse a certeza, até quem não se dispusesse, por antipatia, a auxiliar António Hespanha, que sofrera o lapso… * Era mesmo o que fazia falta: um debate absolutamente confuso, inútil, impotente e às vezes patético no Prós e Contras sobre "justiça". * Será que ouvi bem o PGR dizer, a propósito do "Apito Dourado", que a mera existência do processo, seja qual for o resultado, é já "positiva" e já "teve resultados"? Isto é completamente absurdo sob todos os pontos de vista e péssimo para o ambiente que já se vive em Portugal. Primeiro, porque podemos passar a ter processos desencadeados com intenção exemplar, funcionando para culpabilizar alguém junto da opinião pública, mesmo sem decisão judicial de culpa, apenas porque o Ministério Público tem uma agenda punitiva contra A ou contra B. Depois, porque é absurdo pensar que, se processos sobre processos chegam a tribunal e ficam pelo caminho, ou porque as pessoas foram injustamente acusadas, ou porque a instrução foi deficiente e negligente; que isso possa contribuir para qualquer outra coisa que não seja o aumento da sensação de impunidade e de ineficácia da justiça. O que parece é que o PGR não tem confiança na solidez da instrução do "Apito Dourado" ou não acredita na justiça... * Ainda não ouvi o sonoro "prove!", que imediatamente foi dito a Marinho Pinto, a propósito das acusações de António Costa contra o Público. * Nós deveríamos ser o país com melhor informação sobre Timor, depois da Austrália. Temos lá jornalistas dos órgãos de comunicação do estado dentro de uma ideia de "serviço público". No entanto, acordamos sempre com novidades cujo contexto desconhecemos, desenquadradas de tudo, e foi preciso que Mário Alkatiri fornecesse uma interpretação política do que estava a acontecer para termos enfim um vislumbre dos eventos e do seu contexto. Depois, mais uma vez, os jornais em linha e os sítios de notícias que deveriam acompanhar o fluxo de notícias em tempo real, como era de noite não deviam ter ninguém (o mais rápido foi o Expresso), e atrasaram-se de uma forma injustificada. Hoje quando há notícias deste tipo, de surpresa, as pessoas vão à televisão, à CNN se a tiverem e à Internet. A lentidão dos nossos recursos noticiosos em linha, com a Lusa a fechar os comunicados a quem não paga assinatura, não se justifica. ADENDA - Para se ficar informado: ver e ouvir as intervenções do Primeiro-ministro da Austrália aqui. * Há um pormenor perfeitamente descabido na análise jornalística do duplo (url)
© José Pacheco Pereira
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