ABRUPTO

1.2.08


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 1 de Fevereiro de 2008


O que o Público fez foi jornalismo puro. A raiva contra o Público é de facto contra a liberdade de informar, escrutinar, pesquisar uma matéria de interesse público em qualquer sítio civilizado: o percurso de um Primeiro-ministro, quando há legítimas suspeitas de actos impróprios, mesmo quando não são ilegais. Mais do que raiva, mesmo um vago tom de ameaça ao "bem conhecido jornalista José António Cerejo".

*
Para que não subsistam duvidas, acerca da integridade moral do Primeiro-ministro em exercício, poderá este, facilmente demonstrar, que os projectos de engenharia adjudicados pelos seus clientes, tiveram uma contrapartida de ordem financeira, ou seja, houve lugar a pagamentos, recebimentos, emissão de facturas/recibos e a correspondente liquidação ao fisco dos impostos referentes aos montantes recebidos.
Se assim for, não restará qualquer dúvida.

(Telmo Martins)

*

Parecendo-me pertinente comentar, como projectista de arquitectura, o caso das fotos do Público-08.02.01 (boas fotos), resumirei o que me apraz dizer:

1 - Em Portugal sabe-se que obras como as fotografadas não cumprem qualquer tipo de projecto, bom ou mau; são construídas desrespeitando os meros desenhos à esc 1/100, a que se chama impropriamente Projectos; não recorrem a Projectos de Execução; e são fiscalizadas negligentemente pelas autarquias.

2 - O autor do projecto – conceito definido legalmente – sabendo e querendo, tudo pode fazer. É seu dever colaborar com o cliente na definição dos objectivos do projecto e da obra e assiste-lhe o direito de zelar pela sua correcta construção. É sua responsabilidade, ainda, a de colaborar com a equipa que executa o projecto, onde trabalham (trata-se de trabalho, claro) arquitectos e engenheiros.

3 - Os projectistas, arquitectos e engenheiros, não têm apenas que respeitar as normas. Há algo mais a fazer; mas não caberá aqui explicar tal facto, porque levaria mais do que 3 ou 5 breves anos a compreender.

4 – Contornar as incompatibilidades em trabalhos, entre outros, de funcionalismo público, arquitectura, engenharia, ou política, parece-me mal.

5 - Quanto a estéticas, dizia alguém que tem muito a ver com éticas. Concordo.

(MJE)

*


Na RTP no Jornal da Tarde, só às 13h18 se deu a notícia. Às 13h23 passou-se a outro assunto. Ah, e a peça começava com a seguinte narração: “A nova ofensiva do jornal Publico contra o PM (…)”.
Sim: ofensiva.

(FA)

*

Em todo este assunto, há dois aspectos que, ao contrário do que está a suceder em alguns blogues, convinha não misturar: o estético e o legal:

1.º - Quanto ao primeiro, qualquer pessoa que não viva na Lua sabe que casas como aquelas que se vêem nas fotos que o «Público» mostrou (projectadas por Sócrates, segundo o próprio confirma) são, apesar de horrorosas, feitas ao gosto do cliente.

No aspecto estético, o projectista, mesmo que saiba e queira, pouco pode fazer: o freguês diz o que quer e até que acabamentos usar. O primeiro faz os desenhos e os cálculos (lages, pilares, fundações, instalações de água, gás, electridade, etc), e só tem de respeitar as normas.

Neste mercado, se quiser ir mais longe e entrar pela estética (e, já agora, que formação tem para isso?!), ninguém lhe dará trabalho...

O aspecto estético, na prática, só poderia ser defendido a um nível acima, dos Serviços de Arquitectura e Urbanismo das câmaras. O problema é que aí, como se sabe, estamos bem servidos…
Lembremo-nos que os arquitectos andam há anos a querer ter uma palavra a dizer nos edifícios que se fazem pelo país fora (incluindo os das maiores cidades) e não têm tido sorte nenhuma - nem eles, nem nós...


2.º - Resta o problema legal (ou ético, se se preferir), que aparece quando o projectista não está habilitado a assinar o que fez. Aí, surge a necessidade de recorrer a outrém, que o esteja.

Problemas de incompatibilidades e de corrupção podem aparecer, também, mesmo em casos em que o projectista está habilitado a assinar o projecto: é o caso do indivíduo que trabalha na própria câmara, e que contorna a incompatibilidade dando o trabalho a assinar a outro; depois, se calhar, até pode ir fiscalizar o que ele mesmo fez...
_

Poderíamos ir mais longe, analisando o que se passa com os indivíduos que "assinam de cruz", dando só o nome, sem verem nem reverem nada. Mas fica para outra altura, que o texto já vai longo.

(C. Medina Ribeiro)

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]