ABRUPTO

4.2.08


COISAS DA SÁBADO: A FASCINAÇÃO POR BARACK OBAMA

Uma parte da nossa direita e de quase toda a nossa esquerda, mostra como o anti-bushismo não é bom para a qualidade do pensar. É que Obama, comparado com Hillary Clinton ou com John McCain, tem pouco lá dentro. Nem saber, nem experiência, nem consistência. Pode vir a ganhar tudo isto, mas para já não tem. Mais um produto da fábrica de plástico, jovem, simpático, bom ar, bom falador, muito teatro de convicções, e politicamente correcto na cor, nem muito preto, nem muito branco, mais um teste para a tese de Kissinger de que cada vez mais as condições para se ser eleito presidente nada tem a ver com as condições para se exercer bem o seu cargo.

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Afirmar que o Senador Barack Obama é menos experiente que a Senadora Hillary é um facto. No entanto, classificá-lo como um produto de plástico parece-me um salto excessivo. Concordo quando afirma que no campo politico nacional há uma doença grave.As técnicas de comunicação e o invólucro social sobrepõem-se ostensivamente em prejuízo da causa pública.Ora, nos EUA, para bem e para mal,há um pré-requisito mínimo e muitas vezes fulcral para o pender da balança eleitoral e que se concentra na pergunta:Qual o seu passado?O passado político e pessoal,muitas vezes militar,e principalmente de luta pela causa social é escrutinado até as ultimas consequências(os relatórios de pré-primaria do senador Obama,foram postos em causa!).É importante sublinhar que o passado político mede-se em termos de acções e resultados e não pelo simples facto de ter subido na hierarquia partidária.É este crivo proporcionado pelos media que separa o trigo do joio,e que evidencia a agenda política de cada candidato.A partir daí,quem ganha ou deixa de ganhar depende de outras realidades,mas isso são as regras do jogo democrático.

O Senador Obama, vindo de uma família de classe média, estudou em Harvard e Columbia.Não apresenta PowerPoints. Possui um discurso que cativa, não pelo simples uso de floridos de retórica mas porque está em sintonia com os seus eleitores.Na questão do saber, as suas propostas mais importantes não diferem das de Hillary.É consistente,é o único candidato a não apoiar a intervenção no Iraque desde o princípio.Apesar de mais novo, tem um currículo exemplar, de luta social "no terreno".E se a falta de experiência é directamente proporcional aos erros que se cometem no futuro,que dizer de "Dick" Cheney e Donald Rumsfeld? Será difícil encontrar alguém com um currículo mais longo e no entanto, grandes erros foram cometidos.O presidente Kennedy,o mais novo a ser eleito, também foi acusado de ser demasiado inexperiente e no entanto conduziu com sucesso os EUA através de um dos períodos mais periclitantes da história Mundial,a Crise dos Mísseis Cubanos.

(Bruno Sequeira)
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Tendo acompanhado à distância e com algum interesse as eleições americanas, permita-me concordar com o que sobre ele diz. Permita-me até acrescentar algo que passa, parece, completamente despercebido aos media de cá: Barack Obama, em todos os debstes e intervenções que tenho acompanhado, parece-me o candidato menos conveniente à Europa e ao Mundo em geral pois as suas posições são muito mais isolacionista do que, pasme-se, as do McCain. Claro que por cá o que interessa, e claro que também interessa mas não esgota, é o facto de ser anti bush, negro (ou mulher no caso de Clinton) e residualmente de esquerda. O resto.... nem se discute.

(José Pedro Machado)

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No Abrupto referiu em 3.1.08 o clima de “fascínio” e “reserva” * que alimenta a época de Jan-Nov 08 da propaganda eleitoral nos EUA. Sobre o tema diria que as pseudo-verdades do discurso político dos candidatos não me convencem sem atender ao cenário com que alguns factos históricos recentes deram maior substância ao seu carácter. Admirando o discurso de Obama, reconheço, contudo, que o leque de preferências dos eleitores ocorre, exclusivamente, em quadros formados por teocratas e tecnocratas. Ainda que confiando nalgumas convicções de Obama, desapontam-me os enredos messiânicos da sua máquina eleitoral; por outro lado também não encontro diferenças significativas nos discursos de Hillary em igrejas e nos ‘God bless USA” dos candidatos do outro painel. Exemplificando o que referi, vejam-se os apontamentos críticos que um baptista faz às formas enviesadas da actual propaganda eleitoral: em blestou/Brian .

Suponho que poderemos concluir não nos aproveitar imaginarmo-nos nos EUA seleccionando um candidato, se nem neste extremo europeu realizamos as consequências da diferença entre moral republicana ou qualquer outra.

(MJ)

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Lendo o seu post sobre "A Fascinação por Barack Obama" não pude deixar de tentar perceber as razões para a forma como qualifica "a personagem" e das razões para afirmar que o mesmo "tem pouco lá dentro" e "nem saber, nem experiência, nem consistência". Parece-me uma leitura muito ligeira (e não sustentada, pelo menos no que escreveu), deixando apenas ficar assim no ar "os adjectivos".

Acompanhando com atenção o processo da escolha de candidato presencial nos EUA há vários meses, não vi onde está esta "ocacidade" do Barack Obama, mas poderá de certeza ajudar-me nessa "leitura".

É certo que há um "foclore" normal nestes processos, mas parece-me que lhe terá escapado a essência por detrás do véu da aparência deste processo.

Apesar de ter uma opinião contrária, não consigo contra-argumentar face ao que escreveu no blogue (e sequer compreender) porque faltam os seus argumentos para suportar a qualificação que faz do candidato e como tal, gostava de perceber as razões da mesma. Ou terei perdido algo?

(Rui Soares)

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Eu gosto de Obama porque este (ou melhor dizendo, o movimento por trás deste) incorpora parte do que há de melhor na América - e isso é independente das ideias que defende. Não há nenhum outro país do mundo onde tantos anónimos participem activamente nas campanhas politicas, e muito menos um país onde a participação anónima e voluntária possa ter efectiva influência no resultado dessas eleições. Gente outrora fora do sistema que se une em torno do seu candidato. É assim com Barack Obama, é assim com Ron Paul, e talvez por aqui se explique o sucesso da democracia americana - a democracia moderna mais antiga do mundo. Quando Obama discursa, milhares juntam-se para ouvi-lo falar. E não é só o facto de milhares irem ouvi-lo falar, mas é a constatação que esses milhares são constituidos por gente de todas religiões, raças e estratos sociais, e todos eles trazem bem traduzida a esperança e a emoção nos olhos. Quando é que tal sucedeu em Portugal? Talvez logo a seguir ao 25 de Abril a politica em Portugal tivesse tal paixão associada, mas daí para a frente o que se assiste é a um descrédito da politica e o afastamento da participação dos cidadãos no destino do seu país, um deixar levar a coisa, entregue aos partidos e às juventudes partidárias.

Depois discordo da sua observação sobre o anti-bushismo como gerador da simpatia entre gentes de direita e de esquerda por Obama. Se assim fosse não percebo porque Hillary Clinton não teria também ela a sua quota de apoio. Depois não sei se Obama será "um teste para a tese de Kissinger de que cada vez mais as condições para se ser eleito presidente nada tem a ver com as condições para se exercer bem o seu cargo" muito mais do que é Hillary Clinton. É Hillary quem por mais do que uma vez já referenciou que uma mulher na casa branca é uma grande mundança, e foi Hillary quem por duas vezes atingiu os head-lines dos noticiários com as suas lágrimas no dia anterior a votações importantes...

(Jorge Assunção, um jovem de direita que nutre simpatia por Obama e que nunca foi anti-bush.)

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Concordo plenamente com a sua decricao de Obama. Obama e’ na minha opiniao um sub-produto do media americanos. Ele fala bem, cativa, , mas o seu discurso nao e’ baseado em nada de significativo, muito menos em experiencia politica. Comparo-o com Guterres aquando das eleicoes contra Fernando Nogueira. As promessas, o discurso facil e cativante estava la’, mas pior foi o desastre que se seguiu.

Obama e’ senador pelo estado do Illinois ha’ 3 anos! Repito, 3 anos! Isso nao qualifica ninguem para ser presidente dos EUA. Mas os media adoram estas historias, fa-los lembrar de JFK.

Super-Tuesday e’ amanha, vamos ver o que decidem os militantes democratas. Parece-me que Obama sera’ presa facil contra um candidato forte do GOP (Jonh McCain).

(Carlos Carvalho)

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© José Pacheco Pereira
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