ABRUPTO |
![]() semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
|
21.1.08
![]() ![]() VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 21 de Janeiro de 2008 ![]() * Partilho da sua crítica ao título artigo do "Público" onde se diz que "Sérvios do Kosovo votam contra Ocidente". Infelizmente a questão do Kosovo e os problemas dos Balcãs em geral têm sido muito mal analisados pela nossa imprensa que, salvo algumas excepções honrosas, está notoriamente pouco preparada para retratar e analisar a complexidade desses conflitos. Mas o problema mais grave até nem é o da imprensa, mas o da classe política europeia e portuguesa, que parece ter, na melhor das hipóteses, algumas vagas ideias generalistas sobre o assunto. No meio da actual deriva europeia sobre a questão da independência do Kosovo, o artigo assinado pelo eurodeputado Mário David no "Expresso" desta semana, ("A armadilha do Kosovo e o Futuro da Europa") é uma invulgar voz de bom senso. O autor alerta para aquele que poderá ser "um gravíssimo precedente no âmbito do Direito Internacional" e para as consequências da actual política míope da União Europeia. Se a declaração de independência (unilateral) do Kosovo for reconhecida, interroga-se este, "que legitimidade haverá para obstaculizar que a República Serbsca não queira continuar na Bósnia Herzegovina? E a questão da Voivodina? Da Transnistria? ou da Transssilvânia? ou da Ossétia ou da Abcásia? Ou da Tchetchénia ou outras dezenas de repúblicas da zona que nunca ouvimos até agora falar? São nomes que não nos dizem quase nada? E quando o precedente for invocado pela Córsega, pela Flandres, pelo País Basco ou pela Catalunha? Aí já não vale?". Infelizmente tudo indica que esta União, que há vários anos está em dupla fuga para a frente - faz tratados e alargamentos alimentando uma ilusão de "Europa em movimento" -, vai optar pelo mais fácil: o reconhecimento da independência do Kosovo. Todavia, as consequências desta decisão aparecerão certamente mais à frente. Como este lembra, as futuras gerações europeias arriscam-se a ter de pagar a factura deste perigoso e irresponsável precedente, que abre caminho a "uma Europa atomizada de dezenas de regiões em permanente querela para a afirmação obsessiva das suas mini-identidades"! Quo vadis Europa? (url)
© José Pacheco Pereira
|