ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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29.10.07
LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 29 de Outubro de 2007 (Clicar no recorte para aumentar) Pathos e espectáculo dão sempre dividendos e, em períodos de vacas magras, ainda mais. Não há nada como um estado de alma ou uma emoçãozinha à flor da pele, de preferência genuína, ou construída como genuína. Somos nisso muito latino-americanos. Já antecipo o habitual jogo contraditório que me vai explicar que também na fria Albion a coisa funciona da mesma maneira (em parte sim, em parte não), mas, mesmo assim, fico-me, porque a América latina é mesmo a boa comparação por muito que custe aos neo-admiradores destas posturas. Um "consultor de comunicação" explica-nos hoje no Jornal de Notícias : "Além destas questões, parece-me que existe um factor muito forte no diálogo, mediado pela comunicação social, entre o novo líder do PSD e os militantes - refiro-me à comunicação emocional. Luís Filipe Menezes será um dos melhores políticos portugueses a comunicar emocionalmente, isto é, a partilhar as emoções (alegria, medo, raiva, angústia, desgosto, tristeza, surpresa ) com os seus interlocutores. As lágrimas em público, a que recorreu mais do que uma vez, são apenas exemplo óbvio dessa forma de comunicar."Menezes e a sua agência estão a jogar nesta "comunicação emocional" e com sucesso para já. A colocação estratégica em vários meios de comunicação das mesmas histórias sobre a vida privada de Menezes (quem diz que as agências de comunicação não obtêm resultados?), incluindo, num caso, uma fabulosa comparação com o casal Sá Carneiro - Snu Abecassis, é mais um passo nesse jogo de construção afectiva, claramente construído com a complacência e a preguiça de um jornalismo em que parece nunca haver memória e o mundo nascer sempre no início do mês anterior. No mesmo artigo do Jornal de Notícias, acrescenta-se a seguinte frase: "também se fundamentam aqui as opiniões de que estamos na presença de um líder populista." Parece que sim, "que se fundamentam". Agora que é maldito falar de populismo, como se ele não existisse, convém lembrar que estas construções mediáticas vão sempre dar ao "pão e circo", com predomínio do "circo". Até porque estamos mais uma vez perante um remake do mesmo filme. Este tipo de afirmações não é novo, ouvimo-las sobre Santana Lopes durante os dias do seu breve estado de graça e exactamente com o mesmo esquema: o que é "bom" neles é a afectividade, o "karma", o carisma, é com isso que vão ganhar as eleições; o que é "mau", já está esquecido a não ser nas mentes dos perversos do costume, porque agora estamos perante homens novos, bastando para isso terem ganho poder e ficarem calados uns dias. Depois, foi o que se viu. * A pergunta que coloco é esta: se olharmos os últimos dez anos da nossa democracia (o "post cavaquismo") não é verdade que encontramos quase todos os candidatos a primeiro-ministro a serem apoiados e aconselhados por "Agências de Comunicação"? Não foi afinal isso que aconteceu com Edson Athayde - que aliou as suas qualidades de publicitário a um verdadeiro "vendedor de mensagens políticas" e conselheiro de imagem - e António Guterres? E Durão Barroso com os seus cartazes durante as Eleições Legislativas de 2002 - com consultoria de uma empresa de conteúdos brasileira. A publicidade eleitoral foi curiosa: apresentava questões directas ao eleitorado do tipo "acha que este é o rumo certo?", "acha que o país deve ser governado assim ...?", com recurso a imagens choque e gráficos, que de facto chamavam a atenção do "povo". Não é isto mesmo a semente do "populismo"? (recorde-se o tipo de mensagens e propaganda eleitoral aqui )? Etiquetas: Agências de comunicação, Luis Filipe Menezes (url)
© José Pacheco Pereira
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