ABRUPTO

20.8.07


LENDO
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OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 20 de Agosto de 2007

(Mais novos comentários em baixo.)

Poeira para os olhos, tomar-nos por parvos, chamar-nos imbecis, tentar enganar-nos, lançar a confusão, jogar com as palavras, doubletalk orwelliano, fugir às responsabilidades, tudo isto nestas declarações dos "verdeufémios" (sublinhados meus):

A destruição (...) teve o objectivo de “evitar um mal maior”disse (...) Gualter Baptista, porta-voz indicado mas que não faz parte do movimento nem participou na acção, explicou (...) que no protesto participaram entre 130 e 140 cidadãos (...) numa estratégia de acção directa e desobediência civil.

“A acção consistiu na ceifa de menos de um hectare de milho" e (...) elogia a “forma adequada como a autoridade actuou à chegada ao local depois da ceifa e de se deparar com os activistas saindo do campo por sua própria iniciativa, embora atacados fisicamente pelos agricultores”.

O Verde Eufémia – que, nas palavras de Gualter Baptista, é um “movimento de cidadãos que não tem uma estrutura”.(..) “O movimento Verde Eufémia não é um movimento que se esconde, mas que está aberto à participação da sociedade”, garantiu Gualter Baptista."

Ou seja, quem usou da violência foram os agricultores, o porta-voz esteve lá mas não tem nada a ver com o que se passou, nem pertence ao Verde Eufémia, que por sua vez não existe, mas "não se esconde", e, cúmulo do ridículo, o que eles fizeram foi "ceifar". Alguém, por caridade, alguém lhes explica o que é "ceifar" e como não se costuma fazer trucidando o milho nem com as mãos, nem com os pés... Estou a ouvir o riso do Alentejo todo. Quanto às autoridades, estamos conversados, este elogio diz tudo.

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A Ecotopia por dentro no YouTube (informação de Rui Soares). Apenas 60 pessoas viram o video até agora, pelo que deve ser muito recente. Os videos sobre o Ecotopia Bike Tour são mais antigos e não se passam todos em Portugal, mas também servem para dar uma ideia..

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A célebre página governamental de apoio à Ecotopia foi apagada no servidor original. A versão que existia em cache (referida no Abrupto e que a SIC usou no noticiário de hoje) é mais moderada do que a original. O Google no entanto mantem o original em cache, pelo que, quem queira, a encontra aqui com o seu glorioso "Participa!". (Agradeço a José Carlos Santos a informação.)

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Considerando a resposta da senhora Presidente do IPJ, não se nota motivo para a remoção de uma página do site. Considerando a realidade e o que tudo aponta, concordo com o banimento da página a publicitar o Ecotopia, mas já me custa a entender que um organismo do estado apague uma página assim, sem qualquer explicação. Posso estar enganado, mas num meio que deixa rasto (e este é bem visível), o IPJ devia apagar o conteúdo e deixar a página com uma explicação standard, lacónica, ou o que quer que seja. E nos seus "termos de uso" não seria demais, apesar de ser óbvio, salientar que a divulgação de eventos se restringe aos cumpridores da lei. Assim, tudo indica que foram apanhados pelos acontecimentos e estão a tentar esconder a mão. Num qualquer site já ficaria mal, num site do Estado, é péssimo.

Não considero nada disto (do milho) surpreendente. Já aqui há uns tempos, num dos "campos de férias" do BE se ensinavam "técnicas de desobediência civil", vulgo arruaça, com ampla cobertura dos meios de comunicação social (a tal rede de simpatias). Para este ano, mais comedidos, anunciam técnicas de stencil , vulgo vandalização de propriedade pública e privada com pinturas que fazem parte da "estética" do movimento. O Bloco de Esquerda também é financiado pelo estado e promove activamente estas actividades fora da lei.

(José Rui Fernandes)
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Num fabuloso comunicado o GAIA "apoia a acção do Movimento Verde Eufemia, por considerar o uso de desobediência civil e acção directa não violenta uma estratégia válida na luta pelos direitos sociais e ambientais da população. " Nega que a Ecotopia possa ser responsabilizada pelos eventos, mas afirma que é "natural que alguns participantes na acção e no Movimento Verde Eufémia tenham participado no Ecotopia. "

Mas, o mais interessante, e tão confuso como o resto, é a afirmação de que, sendo subsidiada há 11 anos por
"entidades públicas", (o que quer dizer que Governos do PSD-PP e do PS alinham nestas brincadeiras), este ano o "IPJ não forneceu qualquer apoio ao GAIA, ou a qualquer outra associação juvenil, apesar de ter vindo a fazê-lo em anos anteriores e com resultados que o GAIA considera muito positivos. Isso prende-se com o facto de os prazos de candidaturas se terem atrasado de forma absolutamente inadmissível, o que é revelador da falta de atenção dada às iniciativas e à participação activa dos jovens por parte das entidades competentes."

Ou seja, ainda não recebeu à data de Agosto, mas vai receber. O resto é omissio veri e suggestio falsi.

Eu percebo muito bem o GAIA, quer desresponsabilizar os seus financiadores do IPJ (e mesmo assim não se percebe muito bem o que se passou), mas é omissa sobre se outro tipo de financiamentos públicos nacionais e internacionais existiu. Basta ver o local da GAIA na Rede para se perceber o grau de profissionalização da sua actividade. Nada está esclarecido, tudo mais confuso.

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Apesar do absurdo do comunicado do GAIA - tão absurdo quanto a posição de Miguel Portas, tentando fazer passar a destruição de um campo de milho como uma acção 'não violenta', como se tivessem ido para lá soltar pombas brancas em nome da ecologia -, a verdade é que só muito dificilmente esta organização poderá ter recebido apoio do IPJ neste ano. Com efeito, numa demonstração, também ela violenta, de ineficiência e de laxismo absoluto, o IPJ não iniciou ainda o cálculo e distribuição de subsídios em sede de PAJ (Programa de Apoio Juvenil) relativos a 2007, sendo que já estamos bastante para lá da primeira metade do ano.
(Artur Vieira)

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A Ecotopia só acabou ontem. Espero que algum jornal ou jornalista se tenha lembrado de lá ir. Eu sei que ontem foi domingo, mas trabalho é trabalho, oportunidade é oportunidade, e não ter aproveitado essa oportunidade jornalística para saber mais sobre os "verdeufémios", se não se usou, foi pura negligência.

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O Presidente da República não está satisfeito com o que se sabe dos eventos, e entende que é preciso que se "investigue a invasão e destruição da exploração de milho transgénico em Silves". O tom duro assumido e esta exigência só pode significar incomodidade face às explicações sobre o comportamento das autoridades, quer o IPJ, quer, em particular, a GNR que o Ministro veio de forma atabalhoada defender. É mais que óbvio que alguma coisa não correu bem na actuação das forças policiais, que não teriam dificuldade, se o desejassem, em impedir a destruição. Para além de que não se percebe por que razão não houve detenções e como é que foram feitas as identificações. Haveria instruções especiais para esta manifestação? Foi a manifestação convocada legalmente? Em que termos e por quem? Que papel teve o Governo Civil, a emanação local do PS? São questões que têm que ser respondidas.

Cito do Bloguítica: «A GNR, com os meios que tinha ao seu alcance, fez exactamente aquilo que deveria ter feito», referiu Rui Pereira (Lusa via DD, 20.8.2007). «[A GNR] cumpriu a sua missão com competência, pôs fim a um acto inadmissível de vandalização da propriedade privada, evitou que os manifestantes continuassem a destruir o campo de milho e obstou a que houvesse confrontos pessoais, com ofensas à integridade física».
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Isto parece o jogo do gato e do rato. «A GNR, com os meios que tinha ao seu alcance, fez exactamente aquilo que deveria ter feito». Admitamos que sim, mas então havia um problema óbvio com os «meios que tinha ao seu alcance». O que é que levou a que a GNR não tivesse os meios adequados? O que é que falhou?
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É claro que, em bom rigor, a GNR não «cumpriu a sua missão». A GNR foi incapaz de evitar a «vandalização da propriedade privada», apesar de saber antecipadamente
que ela iria ocorrer (Público, 18.8.2007)
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O Ministro da Agricultura vai visitar a herdade atacada pelos "verdeufémios". Acho bem e penso que deveria assumir responsabilidades pelos estragos para já, mesmo que depois se exigisse o seu pagamento aos "verdeufémios" em tribunal. Mas, convém que a tardia agitação governamental não esqueça o que ainda está em aberto e é também de sua responsabilidade: financiamentos governamentais aos grupos radicais, e comportamento da GNR.

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Já não falo do silêncio dos partidos, como o PCP, PP e o BE, habitualmente tão loquazes... O PS mais uma vez não existe.

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Estado da questão dos "verdeufémios":

- continua por esclarecer o papel do Governo no financiamento deste tipo de grupos. Sabemos que a página do vigoroso "Participa!" foi apagada no servidor do Governo mas ainda existe um traço aqui , como me informa Ricardo Nunes ( "a página da juventude já não existe essa página, mas o mais interessante é que quem a apagou do servidor não a apagou do cache de busca do servidor") . De qualquer modo o apagar da página é uma interessante admissão de culpa.

- O Diário de Notícias utilizando as informações e as questões do Abrupto (sem citar como é infelizmente habitual), avançou a matéria e interrogou sobre o apoio a Presidente do IPJ cuja resposta é particularmente omissa e confusa
"Helena Alves, garante que o IPJ apenas recebeu um pedido para a divulgação e que não deu apoio financeiro ao Ecotopia. "Limitámo-nos a publicitar o evento, recebemos um pedido através de uma instituição idónea, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa", porque é desta faculdade que parte o Gaia - Acção e Intervenção Ambiental, responsável português pela organização do Ecotopia.

No site do Gaia surge novamente o logotipo do IPJ e de outras instituições governamentais como o Instituto do Ambiente e o Programa de Apoio às Associações Juvenis (PAAJ). Mas questionada sobre se esta associação recebe dinheiros públicos, Helena Alves, diz não ter essa indicação. "Patrocinamos mais de 900 associações, mas penso que não", refere, acrescentando que o logotipo pode estar na página devido a patrocínios de anos anteriores."
[Esta resposta é inadmissível. A senhora Presidente é suposto saber quem financia e o argumento de suggestio falsi de que o faz a mais de "900 associações" - eis um número bem preocupante! - para dar a entender que é muito difícil verificar, é ridículo. Basta usar um computador minha senhora, e é suposto haver contabilidade e registos, não é?]

"A presidente do IPJ afirma que vai esperar para ver se a Faculdade de Ciências e Tecnologia retira o apoio à associação e só aí repensará o patrocínio. "É uma entidade idónea, serão eles os primeiros a intervir se for caso disso". Mas admite também retirar o evento do site do IPS se as autoridades identificarem uma relação causa-efeito entre o evento e a destruição de propriedade em Silves. "Até agora, não tenho nenhuma confirmação, mas terei de repensar se se confirmar que [o movimento] veio de lá, até porque estamos no site a aconselhar a iniciativa".
[Mais suggestio falsi: o GAIA não é uma instituição da Faculdade de Ciência e Tecnologia, como o próprio GAIA admite, para prosseguir objectivos "a um nível “grassroot” e com um nível de crítica social que raramente se encontra noutras Organizações Não Governamentais de Ambiente". A Faculdade, com o mesmo laxismo do IPJ, parece que lhe cede uma sala. Os objectivos do GAIA são explicitamente políticos, mas, como muitas instituições de carácter político radical, são subsidiadas com dinheiros públicos. Este embrião de história do GAIA é claro na mistura entre um enquadramento legal destinado a facilitar subsídios, e um activismo radical que é inaceitável que os portugueses subsidiem com os seus impostos:

"O GAIA foi fundado em 1996, como um núcleo universitário dedicado exclusivamente para assuntos ambientais. Após 3 anos de activismo, dentro e fora da Universidade, os seus membros tomaram consciência de que os assuntos que a associação defendia eram demasiado importantes para serem sujeitos às limitações de uma associação de estudantes. Em 2000, o GAIA registou-se como Associação Juvenil, legalmente independente da Universidade - que todavia apoia o GAIA, cedendo um gabinete no campus para a Sede Nacional. O facto de se tornar independente permitiu uma participação activa nos temas das Alterações Climáticas e Globalização a um nível “grassroot” e com um nível de crítica social que raramente se encontra noutras Organizações Não Governamentais de Ambiente.

Em 2001, o GAIA registou-se legalmente como ONG e iniciou o processo para se tornar ONG de Ambiente no Registo Nacional. Devido a mudanças de governo todos os processos foram interrompidos a nível institucional e só se registou oficialmente em 2004.

O GAIA é uma organização que foca as temáticas ambientais integrando questões sociais e politicas. Com uma forte base activista, utiliza frequentemente acções criativas de cariz directo e não violento como forma de sensibilizar e criar consciência das raizes sociais dos problemas ambientais. O GAIA investe muito do seu tempo e energias na integração e influênciando outros grupos sociais, o que faz do lobbying e cooperativismo, pontos importantes na sua agenda."

O crime de Silves deverá ter o tratamento judicial adequado, mas o que ficou a nu é a existência de uma série de organizações habilmente disfarçadas de ONGs e prosseguindo os temas do politicamente correcto nas margens do radicalismo político, subsidiadas pelo dinheiro dos contribuintes.

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Já agora, alguém imagina a GNR a pedir os documentos a um automobilista (nacional ou estrangeiro) apanhado em transgressão e este a dizer "ó amigo não tenho papéis nenhuns" e esta a retribuir dizendo, "ora vá-se lá embora em paz, que somos todos civilizados"? Será interessante saber quantas pessoas foram identificadas realmente pela GNR na destruição do campo de milho e, no caso dos estrangeiros, onde é que eles estão...

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