ABRUPTO |
![]() semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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10.7.07
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12:51
(JPP)
POLÍTICA DO UPSTAIRS / DOWNSTAIRS ![]() Quando não está em causa o poder de cima, ou seja quando pouco mais está em causa do que o emprego nos quartos das criadas e nos jardins, e no máximo o de governanta ou de mordomo, é o downstairs que se move furiosamente. Eles sabem que não tem lugar nos andares de cima, mas no pacto implícito da casa são eles que "mandam" nos de baixo, desde que não interrompam o serviço aos de cima. Só que às vezes há perturbações, patrões fracos, vazios no poder, crises de sucessão, mortes, heranças. Então o downstairs sobe as escadas. O caso interessante, e relativamente anómalo, da última gestão camarária de Carmona Rodrigues foi o de, sendo uma candidatura vitoriosa, ter arrastado consigo apenas o downstairs, ainda por cima em plena guerra civil, que já lavrava em baixo. Carmona viu-se na situação de estar nos quartos de cima com a tribo de baixo, lutando quarto a quarto, sala a sala, pelo armário das bebidas, pelas poltronas, pelo piano, pelo guarda-vestidos da senhora e da menina. O resultado foi o que se viu, a casa veio abaixo com todas as histórias habituais: assessores, clientelas diversas, partidarização, ou seja, fome pura e simples. O upstairs em 2005 ligou-se a Carrilho, e depois arrependeu-se, mas já era tarde. Agora corre para António Costa, repondo a regra e acabando com a excepção. Costa é o poder, o poder no governo e na secção de Lisboa do governo, que é o que vai ser a Câmara de Lisboa, cuja única "independência" será a que vem da agenda própria de Costa. Por isso, Costa ajudará a consolidar todos os interesses do upstairs de Lisboa, como já se vê com completo despudor. Noutra candidatura, que não a do upstairs, já teria havido grosso escândalo. Aqui não, respeitinho é o que domina. Beneficiando do silêncio, hoje apanágio dos poderosos, Costa já está a fazer a sua comissão de candidatura a Primeiro-ministro, até porque ele conhece, melhor do que ninguém, as fragilidades do edifício de Sócrates. (url)
© José Pacheco Pereira
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