ABRUPTO

6.7.07


ISTO VAI ACABAR MAL (5)

COISAS DA SÁBADO: E SE NOS INFORMASSEM SOBRE O QUE PENSA A POLÓNIA?


Se nós pudessemos transplantar os portugueses, por um dia apenas, para além da língua e do espaço, para verem um noticiário inglês, alemão, sueco, holandês e perceberem a gigantesca diferença, abrir-se-ia enfim uma luz, já não digo no fundo do túnel, mas pelo menos para se verem as paredes do túnel.

Dou um exemplo concreto. Há uma semana pude falar com um alto responsável político polaco, conhecedor testemunhal do que acontecera na célebre reunião em que os 26 ficaram contra o 27, a Polónia. Os detalhes do que aconteceu, a gravidade das ameaças que foram feitas à Polónia, as pressões de todo o tipo, as ameças, a chantagem, mesmo os insultos (com participação do nosso Primeiro-ministro que tem que perceber que tudo o que diga em público, mesmo numa remota localidade nortenha, hoje é matéria de transmissão diplomática), mostram que a UE entrou numa fase nova da sua existência, que aceita sem temor público revelar que pode, face a um estado membro, ter uma política de diktat brutal. Desde que o Presidente Chirac ameaçou os novos países do alargamento de consequências financeiras se apoiassem a política americana, que se percebia que ia ser assim, mas uma coisa era uma conferência de imprensa, outra uma cimeira europeia.

Por tudo isto pergunto-me: não seria interessante, em particular para o país que está na Presidência da UE, saber um pouco mais sobre o que a Polónia defendeu e porquê, saber o que aconteceu na cimeira, até para se perceber melhor a UE no plano político e das relações de força, perceber como vê a opinião pública polaca a atitude europeia, se se sente humilhada, se discorda do modo como os seus dirigentes vêem a Europa, etc, etc.? A mim parecia-me obrigatório no plano informativo, mas para muitos chega a ideia de uma Polónia conduzida por um par de gémeos labregos, reaccionários anti-comunistas, raivosos com os alemães e fazendo da digna questão do “impasse europeu”, vejam lá o crime, um instrumento de política interna. De facto assim não vale a pena.

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© José Pacheco Pereira
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