ABRUPTO

10.5.07


OS LIVROS DA MINHA VIDA 2
(OS PROPRIAMENTE DITOS, OS VERDADEIROS, OS DA BAYER)

Este é um "velho" livro de ficção científica no duplo sentido de ter sido escrito no início do século XX, quando, em bom rigor, não havia o género e por ser um dos primeiros livros da colecção Argonauta (o 53) que li. Mais tarde, li todos os primeiros cem, a maioria na Biblioteca Pública Municipal do Porto, até ao número duplo que tinha o RUR do Karel Capek. Depois, devo ter lido mais um cem, dispersos na numeração até ao 300. Continuei a comprá-los até à numeração dos 400 em diante, mas praticamente nunca mais li nenhum. A ficção científica começou a ficar excessivamente psicologista, mais "fantástica" do que ficção e desinteressei-me.

Desta história apocalíptica de fim de mundo ficou-me uma memória de sempre, que se manifestou (e manifesta) pelo gosto por histórias deste tipo: alguma coisa aconteceu à Terra, meia dúzia de pessoas sobreviveram numa nova ecologia devastada. É um tema comum em muitos livros e filmes, mas para mim começou com este livro-catástrofe, um pouco metafísico, de um autor completamente esquecido. Tenho anotada a lápis a data da leitura, 1962, embora deva ser um erro porque o devo ter lido apenas em 1964. O livro foi o sexto que comprei com o meu dinheiro e custou a magna quantia de 12$50, cerca de 6 cêntimos.

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Ah, também li muita coisa da Argonauta, mas em África não era fácil fazer colecções desta... Nos anos 60 o tema do fim do mundo estava de facto em voga, creio que por causa da consciência clara da possibilidade da guerra nuclear. A este propósito, o melhor que li foi "Um cântico a Leibowitz" (nº 169, 170 e 171 da Argonauta, de 1971), mais tarde reeditado pela Europa-América (2000)...

(Pinto de Sá)

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Eu também sou um velho fã da FC e da “velhinha” Argonauta. Tem razão Pinto de Sá em considerar “Um cântico para Leibowitz” (Kurt Vonnegut jr.) um livro notável mas “Um Estranho em terra Estranha” ou “Estação de Transito” do Robert Henlein (Prof. do MIT) são inesquecíveis. O segundo foi publicado no nº200 da Argonauta conjuntamente com a Vampiro que curiosamente tinha as duas histórias (FC e Policial) imprimidas de tal modo que para ler a segunda tinha que se virar o livro ao contrário.

É difícil fazer uma enumeração dos autores que não fosse longa mas seria injusto não salientar Asimov e Cliford D. Simak. A Argonauta até publicou um conto do J. L. Borges (As Ruínas Circulares).Quando descobri a colecção (final da década de 60) já ela ia adiantada e na altura percorri muitos alfarrabistas e bancas de livros em segunda mão à procura dos famosos primeiros 100. Faltam-me ainda 12 e agora já não ando à procura deles. A colecção (completa) feita até ao nº 395 está hoje na parte de trás das estantes por ter perdido importância face a aquisições mais recentes e de outra monta. Mas tem o JPP razão. A FC deixou de ter graça.

(Fernando Manuel Soares Frazão )

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