ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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30.4.07
LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 30 de Abril de 2007 Novas formas de sociabilidade: encontros de blogues (em alta), amizades de blogues (em baixa), amiguismo nos blogues (em alta quanto aos livros), sedução nos blogues (em alta, mas sempre muito corny), rupturas nos blogues (em alta), casamentos e divórcios nos blogues (não é estatisticamente relevante porque já não se usa), filhos nos blogues (em alta), mortes nos blogues (poucas, mas lá chegará o tempo). O ersatz da vida toda, motor dos reality shows na TV, floresce nos blogues. Etiquetas: blogosfera (url) LIVROS NAS TERRAS DO LIVRO 5 Primeira livraria da cadeia Steimatzky, o maior grupo de livrarias de Israel, todas de verde alface, na rua Jaffa em Jerusalem. A rua Jaffa é um dos locais preferidos dos bombistas suicidas na cidade. (url) EARLY MORNING BLOGS 1009 - The Sun Rising
Busy old fool, unruly sun, Why dost thou thus, Through windows, and through curtains call on us? Must to thy motions lovers' seasons run? Saucy pedantic wretch, go chide Late school boys and sour prentices, Go tell court huntsmen that the king will ride, Call country ants to harvest offices, Love, all alike, no season knows nor clime, Nor hours, days, months, which are the rags of time. Thy beams, so reverend and strong Why shouldst thou think? I could eclipse and cloud them with a wink, But that I would not lose her sight so long; If her eyes have not blinded thine, Look, and tomorrow late, tell me, Whether both th' Indias of spice and mine Be where thou leftst them, or lie here with me. Ask for those kings whom thou saw'st yesterday, And thou shalt hear, All here in one bed lay. She's all states, and all princes, I, Nothing else is. Princes do but play us; compared to this, All honor's mimic, all wealth alchemy. Thou, sun, art half as happy as we, In that the world's contracted thus. Thine age asks ease, and since thy duties be To warm the world, that's done in warming us. Shine here to us, and thou art everywhere; This bed thy center is, these walls, thy sphere. (John Donne) * Bom dia! (url) 29.4.07
FERIADOS VIVOS E MORTOS O discurso presidencial na Assembleia da República no dia 25 de Abril repetiu mais uma vez um tema recorrente nesse tipo de discursos: o que fazer com este dia para ele parecer "vivo" e não morto?Ao longo dos anos, esta Câmara tem-se reunido em sessão solene para assinalar a passagem do dia 25 de Abril. Esta cerimónia tem vindo a repetir-se durante as últimas décadas, ano pós ano, sem grandes alterações de fundo. Creio que é chegado o tempo de nos confrontarmos com algumas interrogações. De tão repetida nos mesmos moldes, o que resta verdadeiramente da comemoração do 25 de Abril? Continuará a fazer sentido manter esta forma de festejarmos o Dia da Liberdade, ou será tempo de inovar? Estas dúvidas trazem consigo uma outra pergunta: não estarão as cerimónias comemorativas do 25 de Abril a converter-se num ritual que já pouco diz aos nossos concidadãos? Preocupo-me sobretudo com o sentido que este Dia da Liberdade possui para os mais jovens, para aqueles que nasceram depois de 1974. É deles o futuro de Portugal. O que dirá este cerimonial às gerações mais novas? É uma pergunta que não posso deixar de colocar à reflexão dos Senhores Deputados à Assembleia da República.O que fazer com o 25 de Abril para não parecer mais um dia em que não se trabalha e se vai para o Algarve? A pergunta já fora feita por Eanes, Soares e Sampaio, quer a propósito do 25 de Abril, quer a propósito do 5 de Outubro. O que é que leva os presidentes a interrogar-se sobre o sentido do seu papel nas sessões solenes da Assembleia da República todas as vezes que têm de falar num feriado com origem histórica e cívica, já que nunca vi nenhum presidente interrogar-se sobre os feriados religiosos? Mais: por que razão essa interrogação se concentra nas cerimónias do 5 de Outubro e, em particular, nas do 25 de Abril e não se coloca com a mesma acuidade no 10 de Junho e muito menos no 1º de Dezembro? A razão é contra-intuitiva, mas é bem simples: é que o 25 de Abril ainda é um feriado vivo e, por isso, divide e é controverso. Quando um presidente se interroga sobre o 25 de Abril e a sua eficácia comemorativa, está a fechar os olhos a uma evidência que passa a meia dúzia de metros da Assembleia: a "manifestação popular" do 25 de Abril que o PCP, a Intersindical, o BE, uma mão-cheia de pequenos grupos da extrema-esquerda que ainda existem e a ala esquerda do PS patrocinam com considerável sucesso na Avenida da Liberdade. Este ano até com um sucesso maior, dado que a "rua" tem estado bastante cheia de manifestações com grande quantidade de pessoas, devido ao agravamento da situação económica e social portuguesa. Mas esta manifestação é uma não-entidade, um curioso caso de como uma coisa que existe não existe nem para os media, nem para o Presidente, nem para a mecânica da opinião pública e publicada. Só a transformação deste 25 de Abril "popular", ou seja, da "esquerda", numa fantasmática irrealidade é que permite que o Presidente e os seus ecos governamentais digam, com absoluta calma e naturalidade, aquilo que, pelo menos para esta data, não é verdadeiro: que existe um problema de interesse e mobilização à volta do feriado do 25 de Abril. Bem pelo contrário, o 25 de Abril é um dos poucos feriados "vivos" que ainda existem, contrastando com a morte do 5 de Outubro (para todos menos os mações e os monárquicos) e dos outros feriados cívicos. Várias fotos das "manifestações populares" do últimos anos, incluíndo a de 2007. Numa demonstração suplementar do carácter de não-acontecimento destas manifestações está a enorme escassez de fotografias disponíveis em linha, e dos resultados das pesquisas de imagem no Google.Basta ver os blogues, que têm uma linguagem menos politicamente correcta, para se perceber que mesmo entre os jovens politizados ele está mais "vivo" que na própria Assembleia da República. Na Rede, uma parte da "direita", incluindo os jovens lobos da clientela de Paulo Portas, ou o seu espelho perfeito, os aderentes radicais chic pós-25 de Abril do BE, mantém uma enorme carga de politização do 25 de Abril, um 25 de Abril já completamente abstracto mas que ainda funciona como grande divisor na procura quase doentia de identidade que têm os grupos radicais. Um interessante revelador dessa politização, duplamente "politicamente incorrecto" porque não cabe nem no discurso oficial, nem "popular" (ou seja do PCP e seus aliados) foi a "manifestação anti autoritária contra o Capitalismo, contra o Fascismo" que esteve na origem de distúrbios, vandalismo e prisões na zona do Chiado. A violência da extrema-esquerda não encaixa no discurso oficial e por isso não pode ser tratada como tal (diferentemente da violência da extrema-direita) pelo que as reportagens noticiosas valorizaram a carga policial e não o vandalismo claramente organizado da "autodefesa".O problema é que a "vivacidade" do 25 de Abril, nas manifestações "populares" ou nos grupos radicais à direita e esquerda, é politicamente inconveniente e não é assimilável pelo discurso oficial que hoje une o Presidente com o primeiro-ministro e o PS, grande parte do PSD, e que obtém o lip service complexado do CDS-PP. Por isso têm que o matar para pretender ressuscitá-lo como outra coisa: um feriado morto, que se ensine nas escolas com a distância da viagem de Vasco da Gama e a unanimidade da opulência manuelina. No fundo a queixa é, digamos assim, pedagógica, as escolas não ensinam bem a "liberdade", como não ensinam bem a "boa educação", mudemos pois as coisas senhores deputados, em nome do 25 de Abril. Tudo o que aqui digo sobre o 25 de Abril se aplica ao 1º de Maio, que também é um feriado "vivo", mas comemorado do lado não-existente. Pode aparecer um milhão de pessoas nas manifestações que a intelligentsia mediática aborrece-se com o evento com a mesma sensação de inutilidade que lhe dá a imprensa "económica" cheia de yuppies: são restos do Portugal "velho" que não quer reformas, nem progresso económico, nem dinamismo e flexibilidade empresarial, logo não existe para a política do presente. Para esta forma de "pensamento único" a nulificação do 25 de Abril e do 1º de Maio é uma forma de combate político, como para o PCP o é a sua afirmação nas ruas como componente do discurso comunista. A ideia que a comemoração do 25 de Abril deve ser dirigida aos "jovens", essa outra entidade mítica da política moderna num país que tem cada vez menos jovens e cada vez mais velhos, é, bem vistas as coisas, um pouco absurda. Dirigi-la aos velhos teria certamente mais sucesso, porque para eles a data significa muito, muito bem ou muito mal, mas muito. Os retornados, os opositores ao regime de Salazar-Caetano, a elite que apoiava e beneficiava com a ditadura, o povo comum que nos primeiros dias depois de 25 de Abril "viveu" de forma existencialmente intensa uma revolução, as vítimas do PREC, todos os mais velhos têm alguma coisa a dizer sobre o 25 de Abril. Para os mais novos é em grande parte mais um TPC, mais umas aborrecidas aulas sobre o sinistro Salazar "que matou muita gente" e sobre a "liberdade", algo de tão abstracto porque felizmente ainda existe como o ar que se respira, ou seja, não se dá por ela a não ser quando não se tem. Nos jovens, o 25 de Abril já está no mesmo catálogo de ignorância, irrelevância e indiferença que o feriado cívico que veio substituir, o 5 de Outubro. Já ninguém se recorda, mas o 5 de Outubro já esteve há uns anos tão "vivo" como hoje ainda está o 25 de Abril, quando os gritos dos republicanos, o que significava na prática a Maçonaria, de "viva a República" eram dados com lágrimas nos olhos e na expectativa da carga policial à porta dos cemitérios ou dos monumentos que lembravam os próceres da República. Depois, pouco a pouco, as "romagens" aos cemitérios foram tendo cada vez menos gente, que se gritava emocionada "viva a República" era da campa ao lado e não os ouviam os vivos. Mas, convém lembrar, o Portugal de 2007 ainda não é o Portugal dos jovens sem história, nem demográfica nem socialmente. O 1º de Dezembro e o 10 de Junho são feriados ambíguos, porque os eventos que lhes deram origem já se apagaram de todo da memória colectiva. Esses sim estão completamente mortos, tanto mais mortos que ninguém pergunta sequer como os "transmitir aos jovens". Não estou a imaginar uma turba a atirar Pina Moura pela janela como fez a Miguel de Vasconcelos, nem camoneanos saudosos nas "comunidades" a recitar o vate pátrio e a mobilizar-se para a cerimónia das condecorações. A única parte "viva" do 10 de Junho é também aquela que escondemos: a memória dos militares mortos nas guerras coloniais, duplamente esquecidos, porque a sua memória choca com a parte "viva" do 25 de Abril e porque somos um dos poucos países que, tendo tido uma guerra recente, não temos sequer a dignidade da lembrança para oferecer aos que nela morreram, porque temos pouco respeito por nós próprios. Resta pois o único feriado "vivo" de carácter histórico e cívico, o 25 de Abril, porque continua controverso e divisor, politicamente pouco neutro e mexendo com a paixão ou a repulsa das pessoas que o viveram e que ainda são muitas. Mas, como em tudo, é só esperar que o tempo o mate. A entropia fará o serviço de reduzir o 25 de Abril ao 5 de Outubro, como reduziu o 5 de Outubro ao 10 de Junho e o 1º de Dezembro a nada. Ficou alguma coisa? Ficou e muita, mas perderá a data como referência e ainda bem, porque significa que teve sucesso depois de estarmos todos mortos. (No Público de 28 de Abril de 2007) (url) IMAGENS QUE FALAM (url) EARLY MORNING BLOGS 1008 - ...esta aventura, y las a estas semejantes, no son aventuras de ínsulas, sino de encrucijadas ... Ya en este tiempo se había levantado Sancho Panza algo maltratado de los mozos de los frailes, y había estado atento a la batalla de su señor Don Quijote, y rogaba a Dios en su corazón fuese servido de darle victoria y que en ella ganase alguna ínsula de donde le hiciese gobernador, como se lo había prometido. Viendo, pues, ya acabada la pendencia, y que su amo volvía a subir sobre Rocinante, llegó a tenerle el estribo, y antes que subiese se hincó de rodillas delante de él, y asiéndole de la mano, se la besó y le dijo: sea vuestra merced servido, señor Don Quijote mío, de darme el gobierno de la ínsula que en esta rigurosa pendencia se ha ganado, que por grande que sea, yo me siento con fuerzas de saberla gobernar tal y tan bien como otro que haya gobernado ínsulas en el mundo. A lo cual respondió Don Quijote: advertid, hermano Sancho, que esta aventura, y las a estas semejantes, no son aventuras de ínsulas, sino de encrucijadas, en las cuales no se gana otra cosa que sacar rota la cabeza, o una oreja menos; tened paciencia, que aventuras se ofrecerán, donde no solamente os pueda hacer gobernador, sino más adelante. Agradecióselo mucho Sancho, y besándole otra vez la mano y la falda de la loriga, le ayudó a subir sobre Rocinante, y él subió sobre su asno, y comenzó a seguir a su señor, que a paso tirado, sin despedirse ni hablar más con las del coche, se entró por un bosque que allí junto estaba. (Miguel de Cervantes) * Bom dia! (url) 28.4.07
LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 28 de Abril de 2007 A parte nobre do debate em directo das eleições francesas na CNN foi feita com autores de blogues, que estavam ao mesmo tempo a actualizá-los. O Abrupto foi pioneiro desta prática que se está a generalizar. * Pensava eu, coleccionador, que a actividade tinha alguma dignidade mesmo na compulsão. O 24 Horas de hoje tirou-me as ilusões: António Vitorino d'Almeida colecciona "peluches", uma coisa que sei vagamente o que é, e diz que anda sempre com o "João Francisco", um membro da espécie; um relações públicas de uma discoteca que se chama Leitão colecciona leitões; uma "Estrelinha" da "Doce Fugitiva" da TVI colecciona vestidos, ou seja compra muita roupa e acha que isso é coleccionar; Manuel Luís Goucha colecciona botões de punho. Depois nos "famosos" há Legos (a única coisa decente); sapatos sem o fõlego da Imelda Marcos, tudo do género das bugigangas chinesas a julgar pelas fotografias. A tradição já não é o que era. (url) (url) (url) 27.4.07
(url) IMAGENS QUE FALAM (url) EARLY MORNING BLOGS How on earth did it happen, I used to wonder that a whole city—arches, pillars, colonnades, not to mention vehicles and animals—had all one fine day gone under? I mean, I said to myself, the world was small then. Surely a great city must have been missed? I miss our old city — white pepper, white pudding, you and I meeting under fanlights and low skies to go home in it. Maybe what really happened is this: the old fable-makers searched hard for a word to convey that what is gone is gone forever and never found it. And so, in the best traditions of where we come from, they gave their sorrow a name and drowned it. (Eavan Boland) * Bom dia! (url) 26.4.07
(url) LIVROS NAS TERRAS DO LIVRO 3 (url) OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: O SOL DA TERRA
(url) COISAS DA SÁBADO: ASCENSÃO E QUEDA DO “CASO” SÓCRATES O caso Sócrates começou por uma trivialidade: o político Sócrates usava sem rigor classificações e títulos académicos antes de os ter e quando não os tinha. Era pouco importante, mas era noticiável numa democracia em que se espera rigor da biografia oficial dos governantes. Podia ter imediatamente admitido que isso fora um engano, uma leviandade, um “uso social” descuidado, ou mesmo uma reivindicação (as escolas por onde tinha andado para se formar como “engenheiro técnico” reivindicavam a titularidade de “engenheiro”). Mesmo que admitisse ter sido um erro, a questão morria logo ali sem danos especiais para o Primeiro-ministro. Corrigia a sua biografia oficial e fechava o assunto. Sócrates fez exactamente o contrário. Acantonou-se em versões progressivamente mais contraditadas e para cada cavadela saiam várias minhocas. Ele parece ter um toque de Midas especial: qualquer documento que lhe diz respeito tem alguma coisa de errado. Ou são as disciplinas, ou são as notas, ou são as datas, ou são as versões, ou são as contradições. Até a Universidade Independente, no seu estertor, admite haver “falsificações”. Ele pode de facto estar a ser vítima de uma conspiração, mas não é pelas questões que lhe são colocadas pelo seu trajecto académico, é pelos papéis que estão nos seus dossiers. Depois, ele próprio e o seu poderoso gabinete – digo poderoso porque vários jornalistas andaram a gabar a sua capacidade de “controlar” a agenda, o que é um interessante atestado de menoridade a si próprios – fizeram tudo para impedir as notícias. Primeiro, fizeram tudo para impedir o Público de dar o salto crucial de levar a informação que já existia nos blogues para a imprensa “séria”; depois fizeram tudo para impedir que outros jornais pegassem na notícia e, em particular, que chegasse à televisão; por fim, invadiram o espaço público de sucessivas e contraditórias explicações para aumentar a confusão. Agora está-se na fase de demonizar quem ainda quer esclarecer aquilo que não está esclarecido. Não é difícil. Muitos órgãos de comunicação social só pegaram na questão a contra-gosto, e quando não a podiam evitar. Desenvolveu-se uma interpretação conveniente para encerrar o assunto com a entrevista do Primeiro-ministro, que todos sabem não respondeu (nem foi perguntado) sobre muita coisa. Mostrando uma rara contenção muitos órgãos de comunicação fecharam-se num silêncio que não é apenas silêncio: é uma crítica aos seus colegas que continuam a interessar-se pelo assunto. Por fim, não há governo, seja este seja outro (com excepção do de Santana Lopes e mesmo assim...) que não concite a nossa mecânica do “consenso” que junta sempre poderosos interesses à sua volta, materiais e espirituais. Este, até pela sua maior legitimidade política e pelo mérito do que fez, pelo apoio institucional que recebeu nos momentos decisivos do PR e da PGR, e pela sensação de falta de alternativa, ainda mais “consenso” produz. Por isso se cobrirá tudo com uma redoma ao mesmo tempo frágil e blindada e o tempo fará o seu efeito de esquecimento. Até um dia. Etiquetas: José Sócrates (url) LIVROS NAS TERRAS DO LIVRO 2 Estantes numa livraria na Jerusalem árabe. A maioria dos volumes, ricamente encadernados a ouro, são textos de carácter religioso. (url) LIVROS NAS TERRAS DO LIVRO Leitores matinais de jornais num livraria de Telaviv, Israel. Os israelitas têm dos maiores consumos de jornais per capita do mundo. * A sua fotografia dos leitores de jornais numa livraria de Telaviv e a referência a serem os Israelitas dos maiores consumidores de jornais do mundo, fez-me lembrar de uma anedota, assaz anti-semita, que, diz-se, era contada pelo Hegel: Um Judeu, no Juízo Final, é posto diante de Deus Todo-Poderoso e Este dá-lhe a escolher entre a Salvação Eterna e... o jornal diário ("a Gazeta"). O Judeu escolhe o jornal! (url) EARLY MORNING BLOGS Is there a prayer for one who prays like him seething. He has offered no sacrifice, built no altar. He has not grasped the coattail of a flying angel, nor placed his trust in the mercy of heaven; is there a prayer for one who prays like him seething. Once he loved the lonely dweller in the sky. He remembers the day he lost his patience waiting for the echo of his cry for help to come back from empty space. His prayer stand now is the nickel clothes hanger above his bag of bones wrapped in a chilly sheet as he prays before bottles hovering like acrobats on trampolines— is everything liquid? Is there nothing solid— after the infusion? (Abba Kovner, traduzido do hebreu por Eddie Levenston) * Bom dia! (url) 25.4.07
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VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 25 de Abril de 2007 (2) Um exemplo típico de um tratamento comunicacional completamente hostil - a inauguração do túnel do Marquês. Por coincidência, é uma "obra" da oposição, das escassas que pode mostrar, e a perseguição a Carmona Rodrigues dentro do túnel pelos jornalistas não me lembro de nunca a ter visto ao Primeiro-ministro, muito menos no recente caso que o envolveu. Diferenças. (url) (url)
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VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 25 de Abril de 2007 Ler os jornais à distância da distância e do tempo reduz dezenas de páginas ao essencial. No Sol de 21 de Abril duas coisas graves, se ainda soubéssemos medir a gravidade das coisas: - a Universidade Independente afirma que o "certificado entregue na Covilhã [o diploma da formação de José Sócrates] é forjado e já foi apresentada queixa-crime para apurar responsabilidades ". Basta este facto para que não seja possível, a não ser por razões políticas ou de bom comportamento face ao governo, considerar encerrado o caso Sócrates. Que haja um documento num dossier respeitante ao actual Primeiro-ministro que a entidade emissora considera falso a ponto de fazer uma queixa-crime (num caso em que abundam problemas de fidedignidade com os documentos), seria mais que suficiente em qualquer democracia para considerar em aberto a questão. Mas por cá abundam as pressões para encerrar o assunto e demonizar quem continua a considerar que é necessário esclarecê-lo devidamente. - Pina Moura diz numa entrevista que o convite que lhe foi dirigido para presidir ao grupo Media Capital se deve a partilhar as "mesmas convicções sobre as vantagens de uma afirmação articulada entre Portugal e Espanha" com os patrões da Prisa. Essas convicções são classificadas pelo próprio como sendo "iberistas" e da mesma natureza das que também "partilha com o presidente da Iberdrola". Ou seja, este homem que foi deputado português e continua a ser um alto quadro do PS, de quem o PS nunca se demarcou, tem feito uma carreira patrocinada por empresas espanholas no quadro de um projecto político (o iberismo é um projecto político) que ninguém, a começar pelo Parlamento português e a acabar na comunicação social, entende discutir enquanto tal. * No blogue "profissional" de Luís Paixão Martins esta fabulosa entrada, que não sei se é uma notável bofetada pública, um exercício de humor irónico, ou tudo junto. Uma coisa eu sei, nestas coisas quem paga o almoço é quem manda. Hoje almocei com um deputado, o presidente de uma associação empresarial e o secretário-geral de outra. Foi o deputado quem me pediu o encontro. Queria envolver essas entidades numa iniciativa da Assembleia da República. Como se classifica este almoço? Lóbingue ao contrário? PS: Paguei eu a conta. (url) (url) (url) (url) UM MAU CAMINHO PARA A LIBERDADE Vai chegar a Portugal, pela via paternal da UE, a criminalização da negação do Holocausto. Negar a existência do Holocausto vai dar pena de prisão, embora se admita que diferentes interpretações nacionais possam coexistir em função da tradição legal de cada país. Tal significa - uma típica demonstração da forma como funciona a UE - que a legislação aprovada pelos 27 tanto pode ser aplicada como não. Em Inglaterra não o será, em França já o é. O problema para nós é que, conhecendo a apetência do PS (e com ecos no PSD) pelo "politicamente correcto" e a necessidade do Governo em encontrar distracções grátis e inócuas para si, há todas as probabilidades de, daqui a uns dias ou uns meses, termos uma cópia portuguesa dessa legislação. A negação do Holocausto é uma aberração histórica e um extremismo político. Com mais ou menos detalhe, com diferentes interpretações sobre o alcance e o significado do que aconteceu, é da dimensão do vudu acreditar que os milhões de judeus que viviam na Alemanha, Polónia, Lituânia, Bielorrússia, Ucrânia, Holanda, Grécia, etc., etc., desapareceram do mapa dos vivos sem se saber porquê. Pensar que grandes "cidades" judaicas como Vilnius, Varsóvia, Cracóvia, Amesterdão, Salónica deixaram de o ser por algum beam me up sideral é estúpido e absurdo, mas as pessoas devem ter o direito de serem estúpidas e absurdas mesmo sobre os cadáveres alheios. Que a destruição sistemática e organizada dos judeus foi preparada pelos nazis é também um facto histórico inegável à luz dos documentos e testemunhos existentes. Autores "revisionistas" como David Irving podem ter razão num ou noutros ponto de interpretação, mas a "história" que produzem não é história. Mas mandá-lo para a cadeia, onde ele aliás já esteve, por pensar mal, ou mesmo pensar de modo obsceno - como é natural que as vítimas do Holocausto pensem, negadas no seu sofrimento - é um atentado à liberdade. Dito isto, eu não defendo qualquer salomónica condenação do megacinismo, defendo a liberdade de se ter e defender ideias, mesmo que me sejam repulsivas. É ela a essência da liberdade de expressão e repito-o pela milésima vez: é o direito do outro pensar de uma forma que me parece no limite obscena e vergonhosa. Mas é assim a liberdade e qualquer criminalização do pensar e do dizer é liberticida. A obsessão actual de criar sociedades "limpas" da violência, da mentira, da crueldade, do racismo, da xenofobia é um dos aspectos mais liberticidas em curso nas democracias ocidentais e tem vindo a agravar-se nos EUA e na Europa. Do tabaco ao Holocausto, da pornografia ao fast food, dezenas de leis nos protegem do mal. Pode-se dizer que criminalizar a negação do Holocausto não é a mesma coisa que proibir fumar em público. De facto não é, é mais grave. Mas a atitude geral é a mesma absurda, prepotente, liberticida obsessão que nos chega do Estado e dos governos em obrigar-nos a "viver bem" e a "pensar bem", ou a ir para a prisão. (No Público de 21 de Abril de 2007) (url) (url) IMAGENS QUE FALAM (url)
© José Pacheco Pereira
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