ABRUPTO

1.3.07


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: MÚSICA DEFUNTA

Será que me faço entender, se disser que me sinto conspurcado de cada vez que entro num espaço público ou afim (metro, supermercado, bomba de gasolina, etc) e sou positivamente bombardeado com um "lá vai água" daquilo a que alguns (se calhar a maioria) supõem tratar-se de música? Ser bombardeado com lixo visual tem (?) simples solução, desvia-se o olhar. Mas desviar a audição parece substancialmente mais difícil. Pergunto-me se haverá legitimidade para se bombardear tudo e todos com aquilo a que Pedro Caldeira Cabral chama, quanto a mim acertadamente, "música defunta"?

(Henrique Martins)

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O problema que o leitor Henrique Martins refere foi, recentemente, abordado no «Público» por António Barreto - que, num texto tão lúcido quanto divertido, foi um pouco mais longe do que o simples protesto.

Dizia ele que a inundação dos espaços por sons indesejados (nomeadamente música, com qualidade e volume que não podemos controlar) pode vir a dar lugar a um novo nicho de mercado: «Venha para o nosso hotel (ou restaurante, etc), que NÃO temos música ambiente!».

Se a moda pegar, poderemos vir a ser confrontados com «zonas livres de música ambiente», em tudo semelhantes às «zonas livres de fumo» e, até, com legislação a regulamentar o assunto. E, numa fase seguinte, é previsível que apareçam movimentos a reclamar o «direito à música ambiente», passando a haver, em todo o lado, zonas demarcadas...

NOTA: A farmácia onde costumo ir também aderiu a essa praga, com um gigantesco écrã de plama de onde jorra abundante publicidade sonora e visual. Mas, aí, até se compreende: trata-se de, provocando enjoo e dores de cabeça aos clientes, aumentar o negócio do estabelecimento.

(C. Medina Ribeiro)

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© José Pacheco Pereira
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