ABRUPTO

25.3.07


APROVEITEM OS ÚLTIMOS ANOS DE PAISAGEM NATURAL EM PORTUGAL

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Há alguns dias atrás em várias festividades e em visitas pedagógicas para as câmaras de televisão, as mais altas autoridades, incluindo Primeiro-Ministro, Presidente da República e Ministro da Economia, anunciaram com alegria a intenção de acabar com os últimos vales dos rios de montanha em Portugal para aí produzir “energia limpa”. Todos tomam como absolutamente assente que esse curso de eventos é inexorável, já está “decidido”, e engenheiros, economistas e outras profissões da gestão do dinheiro e da técnica, políticos da “eficácia”, gente desenvolta do Portugal moderno, rodeados de gestores da EDP e de autarcas desenvolvimentistas, sonham com barragens, albufeiras, geradores, torres de fios de alta tensão levando aquele raio domesticado da propaganda da electricidade nos anos cinquenta à casa de cada um. O raio era amarelo, agora é verde.

À sua volta há uma nova espécie, ou melhor a transmutação de uma velha espécie, o ecologista reconvertido aos negócios do ambiente, nas “energias renováveis”, “limpas”, que todos proclamam ser um dos maiores negócios dos próximos anos abundantemente financiado pela UE e pelo Estado português. Isto significa que os ecologistas portugueses, não todos, mas os mais vocais, deixaram de protestar mesmo que simbolicamente contra os efeitos perversos destas novas “indústrias limpas”, logo quando eles começam a revelar-se um pouco por todo o lado, na tarefa de tornar Portugal mais feio e caótico.

Claro que antes de tudo e de todos, e com grande zelo e capacidade de destruição, os primeiros responsáveis por transformar, ou diria melhor, criar o Portugal feio que cada vez mas temos, foram os portugueses, nós. A obra-retrato desse Portugal encontra-se por todo o lado, mas pode ser simbolizada nas margens da antiga Estrada Nacional número um. Retrato simbólico do nosso “desenvolvimento”, e do papel central da construção civil, os seus trezentos quilómetros mostram a face da nossa capacidade de estragar rapidamente e em força. Agora, com o desvio do tráfego “rico” para a autoestrada, ficando a velha estrada entregue aos camionistas com menos meios e ao comércio de estrada mais pobre, percebe-se ainda melhor esse longo cenário do nosso espelho nacional. Torna-se ainda mais evidente, a assustadora transformação dos poucos espaços que ainda há trinta anos estavam vazios e agora se encheram de restaurantes de estrada, oficinas de reparação, pequenas indústrias de materiais para a construção civil, pedras das pedreiras ilegais mais acima na Serra dos Candeeiros, móveis de cozinha e quarto de banho, parques de automóveis usados, bancas de madeira com produtos agrícolas, sucata e ferro velho, prostituição, anúncios de discotecas e bares, ali, escondidas numa qualquer estrada interior. E numa volta, o mosteiro da Batalha, com a própria estrada a passar rente sem qualquer espaço para o vermos como deve ser, lá no fundo da sua plataforma empedrada.

0072Agora, entre as éolicas e as hídricas, anuncia-se o fim da paisagem natural em Portugal. As eólicas são o primeiro exército, que já fez desaparecer qualquer servidão de vistas intacta por todo o lado do país. Sucede que as que já estão nas cumedas são apenas um infíma parte das que vão estar, como nos lembram os nossos defensores das energias renováveis. O país já está, como o triste exemplo dos Cornos do Barroso, um dos cornos com uma antena solitária e o outro não. Daqui a a uns anos cada corno terá várias ventoinhas, como aqueles malucos que trazem um boné com um viravento. Marão, Gerez, Barroso, Estrela, onde houver vento crescerão as ventoinhas, desaparecerão as cumeadas.

Rio TuaDepois seguir-se-ão os vales dos rios de montanha, como aquele que a tragédia ferroviária da linha do Tua revelou: escarpas rasgadas pela torrente, ar bravio, cheiros fortes na Primavera, chuva dura no Inverno e calor assustador no Verão. Todos os afluentes do Douro, de um lado e do outro, mais a Norte do que a Sul, quando não tem já barragens, acabarão por vir a tê-las e com elas despareceram os seus vales cavados e os seus ecosistemas únicos, que, verdade seja dita, como não dão pão a ninguém desaparecerão com aplauso dos locais. Os pobres e os remediados não tem os meios para se porem agora a cuidar destas coisas e só darão por ela da asneira de as perder a favor da ganância iluminada quando tiverem mais posses. O problema é que nessa altura será demasiado tarde.

Eu bem sei que estas coisas de gostar da paisagem natural (ou da artificial quando é muito artificial, veja-se Nova Iorque) é para os ricos. Eu sei que é uma questão de gosto e gostos não se discutem quando são da “alta”. Como questão de gosto é também uma questão de classe, como diriam os marxistas. Roland Barthes, cito de cor, escreveu sobre porque razão gostavamos mais de montanhas e do mar do que de planícies, a não ser que sejam desertos. Acima de tudo, este “gosto” gosta de espaços sem pessoas, sem turistas, para se poder fazer melhor o nosso próprio turismo como se fosse outra coisa.

É por isso que eu ponho no Abrupto “espaços onde se pode respirar”, e centenas de leitores enviam fotos que tinham na gaveta, fotos que tiraram com o mesmo olhar, para as mesmas coisas: espaços de paisagem natural, sem casas nem pessoas. Espaços feitos das mitologias do observador que se imagina no quadro de Caspar David Friedrich sozinho no cimo da montanha a olhar para o mundo a seus pés. Nem sequer, como a Cristo, aparece o Diabo a tentar-nos, oferecendo-nos o mundo em baixo, porque, como somos gente comezinha nas ambições, achamos que olhando, o temos. Tudo coisas românticas sobre a paisagem, que vem nos livros, tudo metáforas conhecidas, a montanha e a solidão, o mar e a liberdade, a montanha e o poder da natureza, o mar e Deus, a montanha e o Martelo de Thor, o deserto e a introspeção, Berchtesgarden e Nietszche, o albatroz de Baudelaire, o mar de Melville, Paul Bowles e o “sheltering sky”, etc., etc.

Voltando ao vale do Tua e do Sabor, o problema é o mesmo da Morgadinha dos Canaviais: o “progresso” que chega com as suas promessas, o cemitério fora da Igreja e o abate das velhas árvores, a nossa “família vegetal”. Está lá tudo:
“E caíam, uma após outra, todas as árvores do quintal, os limoeiros, as nogueiras, os salgueiros e toda a família vegetal do velho Vicente, que sentia ir-se-lhe com ela a alma. Memórias de infância, sonhos de juventude e reminiscências de velho, como aves invisíveis, ocultas nas copas daquelas árvores, surgiam agora, espavoridas e desnorteadas, a procurar o refúgio que não encontravam fora da
Invoco pois as almas penadas dessa “família vegetal”, embora com pouca esperança. Já quase não vale a pena dizer que não precisava de ser assim, que era possível ordenar de forma mais racional, com respeito a valores diferenciados, o nosso território, que é tão pequeno quanto fácil de estragar. Que, como se vê com as eólicas, desde que muita gente, grandes empresas e autarcas em particular, perceberam que havia muito dinheiro a ganhar, acabaram as resistências – ainda se lembram de como as autarquias e as “populações” resistiam às eólicas que lhes estragavam a recepção das televisões? – e começou a competição por traze-las a tudo o que é monte e vento, sem ordem, sem plano, sem qualquer consideração pelo espaço natural. O problema não está nas energias renováveis, que são de apoiar sem hesitação, está, como em tudo, na combinação da ganância com o desenvolvimentismo, na pressa para ganhar dinheiro no primeiro sítio onde ele pareça poder ganhar-se, levando aos parques eólicos e às barragens o mesmo caos intenso que já conhecemos muito bem de todo o lado.

Aproveitem pois os últimos anos de paisagem natural que ainda restam e depois deixem partir “como aves invisíveis, ocultas nas copas daquelas árvores” a sua memória póstuma.

(No Público de 24 de Março de 2007)

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Já me parecia inevitável conhecendo Portugal, e os Portugueses, e ainda mais com a desertificação forçada dos incêndios, êxodo para o litoral dos jovens, e cupidez com os ganhos da “energia verde” entre empresas, autarcas e governos. Os que ficam nos montes, serranias, vales e riachos não têm, ou consciência do que perdem, ou então poder reinvindicativo, e ainda mais para os calar andam a prometer empregos na area das ventoínhas. As associações ecológicas como diz bem, estão caladas quanto a este assunto. Acabam-se as paisagens selvagens e servidão de vistas.

Gostaria de ver se punham ventoinhas em frente ás praias do Algarve Alentejo, ou na Comporta, do Bes e Sonae como se faz na Dinamarca. Não me parece que tal vá acontecer, afinal onde punham os turistas que esperam vomitar da OTA, para as praias do Alentejo e Setúbal e greens de Alqueva. Aí continuará a servidão de vistas para o Atlântico…mas para trás fica o betão de villages com segurança privada e sebes ordenadinhas de buxo . Resta ver o Odisseia, o National Geographic,e o Discovery para quem tem Tv Cabo ou o Bombordo na 2.E os jardins públicos entre autopistas como no C.Grande.

(António Carrilho)

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Como é normal nestas coisas, gostamos de ver que alguém partilha os nossos sentimentos em relação a um tema, mas corremos sempre o risco de parecer que estamos simplesmente a dizer "eu já tinha dito/pensado isso!". Corro esse risco em relação ao seu texto sobre a paisagem natural: "My feelings exactly".

E correndo mais ainda o risco de parecer pretencioso, menciono que sempre que vejo um desses exemplos de "reconfiguração ontológico-geográfica", lembro-me de Heidegger (e sei que este nome é daqueles que levanta sempre um sobrolho mas não tenho tempo para explicar de onde é que isto vem não tendo vindo eu de filosofia), quando falava sobre o problema/questão da Tecnologia: a questão não são as máquinas, nem o controle; a questão é que tudo é Recurso, tudo está subitamente disposto como Recurso, incluindo o Homem que passa a ser Recurso Humano.

Deixe-me só acrescentar que tenho achado piada a um tipo de atitude que vejo no meu grupo de amigos: sendo eu e todos eles um certo tipo de trintões criados como filisteus tecnológicos (isto é, nenhum de nós se entusiasma muito com literatura, poesia, artes), à medida que vamos envelhecendo sentimos um desejo de "voltar à terra" e procurar isso que nos faltou. Talvez já seja tarde. Pessoalmente, irrita-me que sendo eu uma pessoa ainda cheia de curiosidade, não consigo livrar-me desse carácter tecnológico da minha curiosidade. De reduzir o Saber ao Poder. Espero um dia conseguir apreciar poesia e conseguir apreender os seus posts que acabam com "Bom Dia!".

(P.Lourenço)

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(De um leitor de Torres Vedras.)

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Os ecologistas ataram-se de pés e mão às teses da culpa humana no aquecimento global por via das emissões de CO2 e à necessidade da rápida remissão dessa culpa. Alguns, como Patrick Moore ( co-fundador da Greenpeace) e James Lovelock ( autor da "hipótese de Gaia") assumiram recentemente o recurso à energia nuclear como única alternativa viável ao consumo de petróleo sem redução drástica da oferta energética. Os ecologistas portugueses, mais púdicos, não chegarão a este extremo, penso. Mas não chegando a engolir este sapo gigantesco, terão de fechar os olhos a muitas agressões à visão ecológica e engolir inúmeros sapos menores: A desflorestação da Malásia e da Indonésia para produção de óleo de palma para o biodiesel; ainda mais rápido encolhimento da floresta amazónica pela plantação de cana de açúcar para produção de bio-etanol (substituto "verde"
da gasolina); aceitação do transgenismo na Europa, se destinado a biocombustível; a subjugação de eco-sistemas às necessidades da indústria eólica e hídrica; calam-se perante a morte da paisagem natural para... "salvar o planeta". Quando, um destes dias, descobrirem que nada justificava tanta pressa em matá-la, porque, afinal, o aquecimento global é mais mítico que real, a paisagem que teremos serão encostas plantadas de milho e soja trangénicos encimadas por dúzias de ventoínhas . Deixem lá, dirão então, diminuímos a nossa dependência no sector energético... Não é bom?

(Mário J. Heleno )

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O rio Zêzere tem três barragens, uma das quais abastece Lisboa. Em pequena, associava a palavra “rio” ao enorme lago artificial da albufeira de Castelo de Bode, onde se nada à vontade (sem correntes perigosas) e sem o “incómodo”
dos peixes e das cobras de água. Passei ali óptimas tardes de Verão, no “paraíso”, como convictamente lhe chamava.

Mais tarde, comecei a apreciar os rios que se mantinham “rios” e a gostar menos da albufeira. Sobretudo depois de surgirem barcos a motor por todo o lado.
Nunca conheci o Zêzere no seu estado natural pois as barragens foram construídas nos anos 50, muito antes de eu nascer. Do rio antigo nem uma fotografia conheço.
“Aproveitem os últimos anos de paisagem natural em Portugal”? Não cheguei a tempo.

(Ana Mouta)

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Já já muito lhe queria ter escrito sobre este das "ventoinhas". A foto de Torres Vedras,enviada pelo seu leitor, não podia ser mais clara. A única coisa que tem alguma ordem e beleza em todo aquele cenário terceiro mundista são as ditas eólicas.
A paisagem portuguesa está completamente destruída há mais de 20 anos. O problema não é de agora, há muito que não há campo, que não há mata, que não existem sítios virgem neste país, como tal acho que a única coisa que o perturba na realidade é que as eólicas estão no programa do primeiro ministro.
As eólicas existem e infelizmente terão de existir muitas mais, não por causa do governo A ou B, mas devido ao problema energético mundial.
Qualquer pessoa com o mínimo de visão sabe que só as energias renováveis são futuro, e na minha opinião o seu discurso não passa de agenda politica.

(André Mota)

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Concordo com o seu texto, sem no entanto gostar dele. Acho que lhe falta contexto, é parcial, coloca o ónus da destruição da paisagem natural nas éolicas (e hídricas), reduz o problema em grande media a uma questão estética, critica os ecologistas por ter cão, mas também por caçarem com gato, enfim, às tantas não concordo lá muito.
Pessoalmente acho os aerogeradores estéticos, o problema é esventrarem as terras, a apetência por zonas protegidas (as únicas que têm vento pelos vistos) e o acesso a zonas antes inacessíveis. Tivesse eu poderes para varrer aberrações da paisagem e na fotografia de Torres Vedras, ficavam as eólicas.

O seu texto sobre Portugal a olho de pássaro, que na altura achei pouco e tarde, é bastante eloquente sobre a destruição do país, não venha agora dizer que as eólicas vão ser o golpe final. Portugal está carregadinho de golpes finais e este governo mais o ministério invisível que dá pelo nome de "Ambiente", será porventura o finar de qualquer esperança nesse domínio. Não posso no entanto esquecer o anterior, encabeçado por essa grande sumidade das questões ambientais, Isaltino de Morais. E todos os outros, menos um -- um dos tais ecologistas reconvertidos ao negócio(?).
Há tanta coisa a que se devem os últimos anos de paisagem natural em Portugal... o Algarve, o Alqueva e o que aí vem nas suas margens, a liquidação da Rede Natura no Alentejo e os famigerados PIN, incêndios, construção desenfreada, construção sem qualquer sentido estético, construção clandestina, mais construção e principalmente a 33 anos de autênticas políticas de desertificação do interior, que também inutilizaram e desvalorizaram as terras que hoje são baratas para as eólicas.
Atrás destes textos vêm sempre santarrões, a apontar o dedinho em riste para onde estão virados. É uma autêntica chuva de sapos, mas gostava de ler algo elaborado sobre as petrolíferas e sobre a economia da energia nuclear.

Patrick Moore e James Lovelock, nas suas largas décadas de activismo não presenciaram nada que não fosse degradação e destruição. Eles e quem tiver os olhos abertos -- basta abri-los hoje. Já têm idade suficiente para saberem que mudar o Mundo não é com eles e é nesse contexto que entra a energia nuclear, em nenhum outro. O mesmo Lovelock que pelos vistos serve para defender certas teses do nuclear, considera que o "mais mítico que real" aquecimento global é uma ameaça bem mais importante que a energia do átomo.

Eu concordo com o seu texto, na medida que se pudesse escolher também escolhia montes sem eólicas e rios sem barragens. Eu volta e meia ia escrevendo sobre este assunto. Este é interessante porque falo dos valores envolvidos e depois nos comentários alguém das eólicas não concorda com muito do que digo (designadamente sobre a falta de regras).

(José Rui Fernandes)

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Não sei se a sua oposição às ventoinhas é agenda política ou não. O que não vejo em todas opiniões, suas e de leitores, é uma alternativa energética ideal. Que não cause aquecimento global, que não polua a paisagem, que não destrua rios, que não tenha os riscos do nuclear e que nos permita continuar a vida “luxuosa” a que as sociedades ocidentais se habituaram, a qual consome energia em quantidades brutais. A único que sugere uma alternativa é o leitor que diz que a culpa do CO2 no aquecimento global é 1 mito e portanto podemos continuar a queimar à vontade. Lembro-me que nos idos de 80 o Brasil começou a usar carros a álcool mas chegou à conclusão uns anos depois que o consumo de energia das usinas que produziam o álcool p/ automóveis a partir da cana de açúcar era superior às poupanças por utilização de desse mesmo álcool nos carros. Sem redução do consumo de facto de energia não há soluções miraculosas. Mas estará o caro Pacheco disposto a abdicar da sua internet? Do seu scanner? Das usas imensas bases de dados? Das suas viagens? Tudo isso consome imensa energia (incluindo as lâmpadas que lhe permitem trabalhar de noite) e tem de ser multiplicado por milhões de pessoas que fazem actividades
equivalentes. Quanto custa a imensa Bloguesfera em KW? Tem alguma ideia? Já
pensou em procurar um gráfico energético da Bloguesfera? Até Al Gore viaja de
avião privado enquanto prega a sua “verdade inconveniente”. Ninguém quer
abdicar dos seus confortos desde o avião privado de Gore ao carro privado do
mais modesto cidadão passando pelo legítimo direito de acesso à internet (como
consumidor e/ou como produtor de conteúdos) de qualquer cidadão Ocidental.
O problema existe, procuram-se soluções. E estas exigem sacrifícios, ou as
pessoas abdicam de algo, ou algo (rios, florestas, montes, ar puro, etc) tem
de ser sacrificado p/ continuarmos a consumir a energia que alimenta o nosso
estilo de vida.

(Miguel Sebastião)

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