ABRUPTO

13.2.07


TEMORES DO TREMOR


No dia 1 de Janeiro de 1980, às 15H40, eu descia a Rua da Miragaia, junto ao convento das Mónicas, em Angra do Heroísmo, Terceira, quando a terra tremeu a sério durante escassos segundos (grau 7). Morreram algumas dezenas de pessoas, poucas por sorte para o tamanho da catástrofe disseram os entendidos e foi verdade. Por grande sorte escapei. Sente-se o momento e este é muito estranho. Vi morrer algumas pessoas e a destruição foi o que se viu. A violência e o espectáculo são indescritíveis. O cérebro não tem tempo de ordenar ideias por muito que se tenha lido ou frequentado palestras. Cada um reage aleatoriamente sem se dar conta: correr para a morte, imobilizar e morrer ou simplesmente fazer o mesmo e escapar. Quando a terra resolve parar e os últimos edifícios caem este é que pode ser um grande momento de actuação. Se tudo estiver bem ensaiado e preparado podem salvar-se muitas vidas. Todos os minutos contam, porque as réplicas podem ser fatais e do mar tudo pode acontecer e ainda há vidas presas por um fio. Não quero assustar ninguém mas parece-me ridículo “os conjuntos de medidas em estudo”, comissões disto e daquilo e declarações do tipo “a situação está sob controlo”. Tenho pena que este assunto (a resposta organizada, Nacional, participada e discutida a uma catástrofe) não tenha feito parte da bandeira eleitoral e empenhamento deste (partido) governo. Talvez porque este Fado renda pouco para já. Salve-se quem puder!

(Sérgio)

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Não sabia o que fazer com esta informação e resolvi que este cesto era bom para a largar. Vivo no Algarve e hoje de manhã senti bem, foi mesmo bem de mais para o meu gosto, o tremor de terra. Comecei imediatamente à procura de informação. O site do INMG estava KO, como é habitual, e nas notícias ainda não havia nada. A primeira informação que encontrei foi no site acima. Na altura, quando lá cheguei, já tinham 3 ou 4 relatórios – feitos por visitantes do site e que estavam na área abrangida. Deixei mais um. Voltei novamente a esse site para tentar ver se havia mais informação. E foi agora que fiquei pasmada. Este tremor de terra, neste site, tem mais de 900 relatórios. Fiquei intrigada e fui meter um olho nos arquivos. Corri alguns e não encontro em mais lado nenhum, fora dos EUA, números sequer parecidos com este. E estamos a falar, também, de Canadá e Japão. Só nos Estados Unidos, e para alguns sismos, há um número tão elevado de relatórios.


Que se passa connosco? Será que estamos mesmo todos ligados à net? Tanta informação enviada e partilhada? E logo hoje que com resultados de referendo tínhamos já muito para comentar por aqui? Pode ser normal mas que estou de boca aberta estou.

Já agora. Tenho alguns tremores de terra no meu curriculum mas hoje, acho que já disse isto, assustei-me mesmo. Talvez por isso tenha reparado que no dia de hoje já foram registados em todo o mundo, até esta hora, 3 tremores de terra com amplitude superior a 5. Também não é normal…

(Teresa)

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Sentado em local onde, com grande ampliação, poderia ver o do epicentro, senti claramente o tremor… 1 minuto depois, ligou-me o meu filho, que estava em casa a dormir… viajando pelos meios da web, vi a primeira notícia, com pormenores e desenvolvimento, menos de 10 minutos depois… no El Pais… cada semana que passa me convenço que a melhor informação sobre os nossos assuntos domésticos, incluindo portos e economia, só pode ser lida em castelhano…

(Manuel Piteira)

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Ontem de manhã tive uma experiência que me faz pensar que a história do sismo não está completamente esclarecida. Vivo em Amarante. Por volta das 8,30h, estava sentado na beira da cama a calçar os sapatos, senti um abanão, e ocorreu-me de imediato que era um sismo.
Quando, ao fim da manhã, percebi que o sismo foi registado às 10,30h, fiquei confundido.
Até agora, não encontrei referência ao abanão das 8,30h.
Posso estar enganado desta vez, mas de todas as outras vezes que se sentiram pequenos sismos aqui no norte, eu senti-os.
Não haverá registos de um abalo cerca das 8,30h de ontem?
Não pode um qualquer episódio tectónico às 8,30h, algures a norte, ter desencadeado repercussões que originaram o sismo a sul às 10,30h?
A verificar-se, terá certamente algum interesse científico - e também interesse informativo: temos o direito de saber o que se passa debaixo dos nossos pés.

(Joaquim Jordão)

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A “queda” do site do INMG parace-me que aconteceu devido a avalanche de acessos num periodo limitado do tempo, ou seja,o seu servidor não está preparado para milhares de tentativas de acesso num espaço de tempo muito curto.

(A Toscano )

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No noticiário das 20h da TSF ouvi a Directora Municipal da Protecçáo Civil da C.M. de Lisboa aconselhar para algumas medidas em caso de sismo, mas fiquei estupefacto quando apelou para que as pessoas se enfiem debaixo de mesas, de camas altas e de vãos de portas. Ora, eu também ouvi essa história na escola primária, mas hoje ninguém especializado na área de salvamentos de catástrofes sísmicas aconselha esse procedimento, pela simples razão de que as pernas das mesas e das camas que temos em casa não aguentam a queda do tecto e o resultado é uma armadilha onde se fica espalmado.

Sei que há controvérsia acerca das teorias de Douglas Copp (incluíndo a Cruz Vermelha Americana que contesta certos aspectos das mesmas), mas poucos contestam a vertente do chamado "triângulo da vida", que mais não é do que ficarmos ao lado de algo bem resistente (um sofá, um móvel de cozinha ou a cama - ao lado e nunca debaixo!) que impeça o esmagamento provocado pela queda do tecto.

(Nuno Baptista)

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