ABRUPTO

28.2.07


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: MONTAIGNE E OS JORNAIS DO FUTURO

http://www.bibliotecasvirtuales.com/biblioteca/LiteraturaFrancesa/Montaigne/Montaigne.jpgA propósito das suas reflexões sobre os jornais do futuro, gostava de lhe dar notícia de um exercício um pouco semelhante feito por Montaigne nos Essais (Cap. 35, excerto transcrito abaixo). Montaigne cita o pai e o seu desejo de que houvesse locais acessíveis onde se pudessem registar os pequenos "negócios" (affaires) de cada um. A ideia prenuncia os anúncios classificados da imprensa periódica, mas toma como ponto assente que a intervenção de um notário é indispensável. O pequeno anúncio teria portanto a forma de um registo notarial, consultável em estabelecimento público. A observação mais automática é a de que, em qualquer época, se dá uma importância gigantesca à estabilidade dos formatos e dos contextos de leitura dos suportes de escrita.

(Rita Marquilhas)

Feu mon pere, homme, pour n'estre aydé que de l'experience et du naturel, d'un jugement bien net, m'a dict autrefois qu'il avoit desiré mettre en train qu'il y eust és villes certain lieu designé, auquel ceux qui auroient besoin de quelque chose, se peussent rendre et faire enregistrer leur affaire à un officier estably pour cet effect, comme: Je cherche à vendre des perles, je cherche des perles à vendre. Tel veut compagnie pour aller à Paris; tel s'enquiert d'un serviteur de telle qualité; tel d'un maistre: tel demande un ouvrier; qui cecy, [Image 0094v ] qui cela, chacun selon son besoing. Et semble que ce moyen de nous entr'advertir apporteroit non legiere commodité au commerce publique: car à tous coups il y a des conditions qui s'entrecherchent, et, pour ne s'entr'entendre, laissent les hommes en extreme necessité.

Fonte:
Michel de Montaigne, Les Essais, 1580-1588 (Chapitre 35 - D'un Defaut de nos Polices)

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Para mim Montaigne, (a avenida de seu nome em Paris é uma das minhas favoritas: hotel, teatro, bar e moda que mais pode pedir um homem!?) tanto pede umas páginas amarelas como pede um mercado onde se pode comprar e vender: uma bolsa de produtos e serviços - uma bolsa de produtos agricolas é algo que faz muita falta cá em Portugal! O que Montaigne não diz é como tal coisa deve ser feita, eu arrisco a dizer que ele se estava nas tintas para isso, mas calculo que ele também desejaria a melhor tecnologia disponivel.

(DG)

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© José Pacheco Pereira
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