ABRUPTO

19.2.07


NUNCA É TARDE PARA APRENDER: A MEMÓRIA DE BIN LADEN

http://www.principlesofwar.com/miva/graphics/00000001/Osprey/1841768685.jpgDavid Nicolle, The Third Crusade 1191: Richard the Lionheart, Saladin and the battle for Jerusalem,
Oxford, Osprey, 2006

Os comunicados da Al Qaida utilizam correntemente a expressão "os cruzados" para designar os europeus e os americanos. Como nós já esquecemos a nossa história, eles lembram-nos à bomba. Sim, de facto, na origem da Europa. tal como a conhecemos, também estão as cruzadas, mostrando a antiquíssima relação que temos com essa parte do mundo a que chamávamos o Levante. É uma relação que continua, porque, a uma certa luz, o estado de Israel, produto do sionismo, uma ideia europeia, não deixa de ter uma continuidade com séculos de conflito em que o judaismo e o cristianismo defrontam o Islão. Verdade seja que não é só um conflito religioso, é também um conflito geopolítico, porque o Levante é a primeira linha de qualquer projecção do poder europeu. E não é um conflito entre "nós" e "eles", porque desde as próprias cruzadas que as potências europeias também ali se digladiam entre si, nalguns casos com estranhas alianças que incluiam muçulmanos contra muçulmanos. A terceira cruzada foi um exemplo típico, de um xadrez complexo que envolvia desde os bizantinos, aos reis e nobres do Sacro Império, aos Angevinos (os Plantagenetas ingleses), aos francos, aos monarcas dos reinos criados pelas cruzadas, e aos cavaleiros das ordens religiosas. A capa deste pequeno livro da série das "campanhas" da colecção de história militar da Osprey retrata aliás o momento em que partidários do Ricardo Coeur de Lion derrubam a bandeira do Duque Leopoldo da Aústria que achavam não ter o direito de ser hasteada em Acre. E depois há Saladino, o herói do Islão, que era de ascendência curda e que tinha tal fama que Dante o colocou no Limbo, entre os grandes homens não cristãos, e que domina não só a resistência às cruzadas como a ofensiva que alterará de forma decisiva a relação de forças e acabará, a prazo, com a presença europeia no Levante até à queda do império otomano.

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© José Pacheco Pereira
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