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(JPP)
LENDO
VENDO
OUVINDO
ÁTOMOS E BITS
de 8 de Fevereiro de 2007Já ninguém consegue escrever mais sobre o aborto, mas ninguém consegue deixar de escrever sobre o aborto. Há um cansaço e um vício, fica-se apanhado. Para além da fixação que nos impede de variar, parece que o debate público não suporta deixar de ser monotemático e obsessivo. Depois segue-se um síndroma de abstinência.
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Hoje no primeiro noticiário da RTP 1 ás 06,30 assisti a mais um bom exemplo da (má) informação praticada pela televisão pública.
A propósito da notícia do Jornal de Notícias que o Governo, a pedido do P.R. iria produzir um novo relatório sobre a OTA, passa de imediato uma reportagem no Aeroporto de Lisboa a noticiar o inicio de obras avaliadas em 50 M de euros e com uma entrevista com um “responsável” que afirma (sem se rir) que o aeroporto está saturado e que com o atraso da construção da OTA em 4 a 5 anos obriga a estes gastos neste aeroporto.
A propaganda do Governo no seu pior.
(António Lamas)
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Às vezes, uma passagem sem importância de uma notícia, uma abertura, um
remate explicam mais do que explicaria um compêndio sobre os abismos de
mediocridade e parcialidade a que desceu a informação em Portugal. Ontem,
no telejornal da SIC, Rodrigo Guedes de Carvalho abriu uma notícia sobre o
aumento dos lucros da banca com esta pérola. «Esse montante daria para
construir meia Ota». Quase vejo o autor do texto a julgar-se insuportavelmente sagaz por "inculcar" que os bancos lucram demais, ou o Estado devia cobrar ainda mais impostos, ou que a Ota é boa e se fazia bem se não fossem os ricos.
(José Cruz)