ABRUPTO

20.2.07


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ÁTOMOS E BITS

de 20 de Fevereiro de 2007



Pack journalism diz o dicionário Merriam-Webster é "journalism that is practiced by reporters in a group and that is marked by uniformity of news coverage and lack of original thought or initiative." Os jornais estão cheios de pack journalism, sem acrescentar um átomo ao que circula: por exemplo, Marcelo proclamou a remodelação inevitável dos Ministros da Economia e da Saúde, logo "há certezas: alguns ministros - casos de Manuel Pinho ou Correia de Campos - dificilmente ultrapassarão o enorme desgaste de que padecem." (Diário de Notícias) Porquê? Alguém se dá ao trabalho de analisar, para além das gaffes e das controvérsias, se o seu trabalho é mesmo mau por outro critério que não seja o do eco no pack das gaffes e controvérsias? Se este tipo de comentários fosse feito há uns meses, sem a memória fresca (a única que pelos vistos existe) da viagem à China e dos incidentes em Valença, não estariam na lista também a Ministra da Educação ou da Cultura? Isto não é informação, mas opinião, aliás sem qualquer qualificação porque não acrescenta nada. Ninguém lê jornais para ler estes textos.

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Interessante: no Público, na página cinco do suplemento P2, o jornal utiliza uma espécie de quadro de palavras-chave, ao modelo dos tags nos blogues. Embora ainda falte um sublinhado dentro de um sublinhado, dado pelo tamanho da palavra em função da sua importância, mesmo assim resulta em papel.

Resulta tanto mais quanto acaba por ser revelador: as palavras (tags) que definem Sócrates acabam por mostrar o mecanismo de construção da personagem feita a partir dos depoimentos citados no artigo, Encaixa tudo demasiado bem, só destoa o "dissimulado". Para não ser tudo muito hagiográfico, seria interessante saber, no plano da política, o que é que "dissimula" o "dissimulado".

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© José Pacheco Pereira
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