ABRUPTO

16.2.07


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OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 16 de Fevereiro de 2007



Há alturas em que se percebe muito bem por que razão a Igreja sobrevive no tempo. A análise que a Conferência Episcopal Portuguesa faz dos resultados do referendo é um excelente exemplo de ponderação e de atenção à realidade e à mudança. Contrariamente ao que faz toda uma escola de ressentidos do "não", muito representada nos blogues "de direita", a Igreja afirma haver significativas mudanças de mentalidade na sociedade portuguesa, identifica essas mudanças pela maior importância dada à autonomia individual (não usa este termo, mas quase), dá importância ao resultado, tenta compreender o "sim" sem anátemas nem minimizações. É por isso que vai continuar a ter um papel decisivo, diferente do passado, mas fundamental.

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Concordo inteiramente com a sua opinião sobre a Conferência Episcopal Portuguesa, onde esta constata, a propósito do referendo, a mutação cultural existente. Aliás, não é nova: por exemplo, a Nota Pastoral de 2001 "Crise de Sociedade, Crise de Civilização" diz a abrir: "Tem-se verificado, na sociedade portuguesa, um conjunto de factos e de fenómenos que consideramos sintomas preocupantes de uma alteração cultural que anuncia uma crise de civilização. Sem excluir as tomadas de posição pontuais, ao ritmo dos acontecimentos, para esclarecer a consciência dos fiéis, queremos, com esta Nota Pastoral, alertar para um quadro civilizacional de valores culturais que possa constituir o pano de fundo a proporcionar aos católicos e a toda a sociedade um juízo dos factos e das situações, na perspectiva da doutrina da Igreja sobre a pessoa humana e sobre a sociedade." E a Carta Pastoral "Responsabilidade Solidária pelo Bem Comum" enumera os chamados "pecados sociais da nossa sociedade" (No. 4 ), tais como "egoísmos, consumismo, corrupção, desarmonia do sistema fiscal, irresponsabilidade na estrada, exagerada comercialização do fenómeno desportivo, exclusão social", e uma opinião quanto às suas origens (No. 5).

(Américo Carlos Tavares)
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Eu sei que Portugal não é o Japão, mas não seria suposto que os responsáveis pela empresa pública que gere os comboios portugueses se deslocassem ao Tua, nem que seja para expressar solidariedade com as vítimas que são da casa, os trabalhadores que morreram, já para não falar das outras?

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