ABRUPTO |
![]() semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
|
12.1.07
![]()
21:50
(JPP)
COISAS DA SÁBADO: VIAGENS COM OU SEM MEMÓRIA Pode-se ir à Índia sem Vasco da Gama? Talvez possa, mas para um português, não se deve. Não digo tanto “sem Vasco da Gama”, mas “sem Goa”, sem a memória da nossa identidade que lá ficou um pouco enterrada e está a cair aos bocados. Mas mesmo que já estivesse toda no chão, enterrada por desprezos diversos, o lugar está lá, as almas estão lá num canto qualquer a assombrar-nos. A história é assim: não se pode ir à Índia com inocência absoluta, nem aliás os indianos nos responderão com inocência. A história pesa. Não é saudosismo, é respeito por nós próprios que fomos feitos por aqueles homens que por lá andaram à espadeirada, à pimenta, na pirataria, brutos, cruéis, gananciosos, vaidosos, crentes, santos, líricos, o que se queira, mas nossos. Vem nos Lusíadas, que tanto patriota cá da casa gosta de bater no peito, para esquecer quando vê um call center deslocalizado. Prejudica os negócios? Duvido. Atrapalha, talvez, mas não tanto como se pensa, saiba a gente tratar com o mesmo respeito que exige para nós, o outro lado. Ou seja saber alguma coisa sobre a milenária civilização hindu que combatemos, e sobre o país que nacionalistas indianos educados em Inglaterra fizeram entre lealdades contraditórias. E a verdade é que se a Índia só existe para nós desde que faz software, serviços baratos e indústria espacial, e exporta matemáticos para o Plano Tecnológico, não sabemos verdadeiramente nada. (url)
© José Pacheco Pereira
|