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(JPP)
BOAS / MÁS / PÉSSIMAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2006
VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR 2
[Nota: algumas sugestões de leitores já foram incorporadas nas escolhas.]
NOVAS / MÁS / PÉSSIMAS COISAS
Os blogues dos jornais em geral. Há excepções, mas a regra é má (a desenvolver). Na verdade, esses blogues não são vistos como tais pelos seus pares como se verifica pela quase ausência de citação. É como se não existissem.
Os jornais disponíveis em linha têm muitas vezes versões más. O caso mais flagrante nos diários é o do Diário de Notícias que tem um sítio mal feito, mal desenhado e mal mantido. Já me aconteceu várias vezes encontrar entrevistas em que o entrevistado nunca chega a ser identificado em linha, pelo que não se sabe de quem são as declarações. O Público alargou as matérias acessíveis sem assinatura, o que é uma evolução positiva, e tem o melhor sítio na Rede.
O excesso de futebol em todas as televisões, mas com mais gravidade na RTP.
A tendência crescente para a violação da intimidade e da privacidade em toda a imprensa, de referência e "cor de rosa". O Expresso e o Sol deram exemplos negativos e o que se passa nas revistas "cor de rosa", do jet set, do "coração" e quejandos, já ronda o mais miserável voyeurismo.
(Continua)
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Penso que a "coisa" pior da comunicação social nacional em 2006 foi, sem sombra de dúvida, a sua falta de originalidade e identidade. Baptista-Bastos (pela primeira vez, concordámos) chamou a atenção para isto no Jornal de Negócios há uns meses atrás e foi, desde que me lembro, o primeiro a fazê-lo.
A imprensa nacional carece assustadoramente de jornalismo activo, de repórteres que observem a realidade in loco e a transformem em notícia. As notícias nos jornais portugueses não só são semelhantes entre si como, para cúmulo, iguais às dos principais jornais mundiais. A razão é que todos os jornais portugueses vão beber à mesma fonte: as agências de notícias.
Isto transforma a nossa imprensa numa indústria transformadora e recicladora, incapaz de se diferenciar entre si e face ao resto do Mundo. Esta conduta dos media portugueses, para além de condenar a sua própria existência (quem é que vai comprar um jornal, se pode ir logo ao site da France Press?), ridiculariza o próprio leitor/espectador, que dá por si, por vezes, a ler artigos que em nada condizem com a informação a prestar por um órgão de comunicação nacional, como por exemplo a polémica entre Donald Trump e a Miss USA ou a morte de um caçador de crocodilos famoso no Mundo anglófono mas praticamente anónimo em Portugal.
Esta dependência das agências não só condena os media portugueses à agenda de outros países - ridículo - como leva ao cúmulo de se focar em certos temas, sem dar atenção a outros. Questiono, por exemplo, porque é que nunca lemos nada sobre as milícias na Colômbia ou a ditadura na Birmânia. Porquê sempre os mesmos temas, Índia, China, Irão, Iraque e Angola? Porque não mais independência?
Porque é que eu, Luís Guimarães, tenho de ler a mesma capa que o Luigi Guimarani em Roma ou ou Louis Guimaraes em Washington?