ABRUPTO

12.8.06


NUNCA É TARDE PARA APRENDER:
KUBRICK COMO FOTÓGRAFO EXISTENCIALISTA

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O trabalho de Kubrick como fotógrafo é uma descoberta relativamente recente. No final dos anos quarenta, Kubrick trabalhou como fotógrafo da Look, à qual vendia os seus trabalhos sem manter os direitos de autor nem ficar com cópias. O esquecimento do fotógrafo tinha crescido com a sua fama de cineasta. Descobertas no arquivo da revista, agrupadas em séries, como o autor as tinha realizado, as fotografias retratam a América de um modo mais sombrio e cruel do que se podia imaginar nesses anos do pós-guerra. A preto e branco, num tom felliniano, "drama" e "sombras" quanto baste. Foi a fotografia da capa que me fez comprar o livro, um momento e um olhar de medo de cair que quem transportou muitas pilhas de livros por escadas, conhece muito bem. Depois encontrei poucos livros no álbum, a não ser fotos do metropolitano em que se vê muita gente a ler, mas também não era suposto ser um livro sobre livros. Mas quase tudo vale a pena nestes retratos de um mundo essencialmente urbano perdido numa solidão individual, perdido nas imagens quando as pessoas se tornam personae, figuras, traços, sinais numa paisagem em que não há nada para se agarrarem. As fotos de Kubrick são contemporâneas do existencialismo francês do pós-guerra, e mostram como o "espírito do tempo" lavra pelo tempo, pelo mesmo tempo ao mesmo tempo.


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© José Pacheco Pereira
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