ABRUPTO

25.8.06


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 25 de Agosto de 2006


Será que a SIC não compreende que os seus jornalistas não podem tomar o partido de uma das partes num conflito? Nos incidentes da Azinhaga dos Besouros, alguns moradores e uma organização ligada ao BE, "Solidariedade Imigrante", têm resistido às demolições sentando-se nos telhados. Por que razão a jornalista da SIC entrevista alguns moradores em cima do telhado, podendo certamente fazê-la no chão, visto que nada se estava a passar ? Qualquer manual deontológico sobre procedimentos televisivos em conflitos e manifestações é claro em afirmar que os jornalistas não devem tomar posição, o que, neste caso, significa falar de um determinado lugar - o lugar do protesto, o telhado.

[Actualização: a RTP fez a entrevista do chão. Bem.]

Sou jornalista /repórter de imagem na sic e acabo de ler no blog 'abrupto' (...) Escolhi fazer o "directo" do topo de uma das casas que estava prestes a ser demolida porque dali poderia dar, aos telespectadores, uma imagem abrangente do local, logo também da zona demolida até então. O facto dos trabalhos de demolição poderem recomeçar a qualquer momento e, repito, aquela casa estar na lista das construções a abater, ajudou-me a tomar a decisão.

Considero que há falta de discussão em relação às questões éticas e deontológicas no jornalismo. Estas discussões são fundamentais para um jornalismo que se quer cada vez mais credível.

Trabalho na SIC há 14 anos e ainda assim fiquei impressionado com aquela quantidade de casas demolidas.

(Filipe Campos Ferreira)

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(sem acentos) Curioso tambem como a jornalista da SIC nao fez uma unica pergunta dificil:

- A construcao e’ legal?
- Os terrenos onde as casas estao pertencem a quem?
- Voce nao sabia que a sua construcao e’ ILEGAL?
- Se sabia, porque e’ que eternizou esta situacao pondo em risco o seu bem estar e dos seus filhos?
- Porque e’ que a Solidariedade Imigrante nao se preocupou com estes imigrantes ANTES das demolicoes terem sido aprovadas? Sera’ que a Solidariedade Imigrante nao sabia do caracter ILEGAL destas construcoes?

Jornalismo, quo vadis?

(Carlos Carvalho)

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Antes de mais, quero esclarecer que sou pouco sensível a apelos de solidariedade para com pessoas que vêem as suas casas legalmente destruídas - quando elas sabiam (à partida e quando as construíram), que era isso que ia suceder.

No entanto, nesses dias de demolições camarárias, vêm-me sempre à memória aquelas velhas histórias americanas em que os bandidos saltam de estado para estado para aproveitar as diferenças existentes nas respectivas leis - é que, em matéria de demolições de casas clandestinas, estou há anos à espera de ver igual genica aplicada àquelas outras, de férias e de segunda habitação (algarvias, mas não só), que continuam de óptima saúde em terrenos de domínio público.

(C. Medina Ribeiro)
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Isto de ler os jornais e revistas em papel com dias de atraso dá uma perspectiva diferente sobre as notícias e opiniões. Mas também têm os seus inconvenientes, como seja não ter visto esta opinião de Caetano Veloso, transcrita da Visão da semana passada, de que também não encontrei qualquer eco nos blogues apesar de ele se referir à "blogosfera portuguesa" e não apenas ao Abrupto...



Fica aqui reproduzido, seguindo os agradecimentos pessoais a Caetano Veloso por outra via. Parece que, sobre Israel, nem toda a gente segue o "pensamento único".

Nem sobre o Abrupto também...

(Alberto Serpa)
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Por que é que os americanos são bons? Título da notícia da NASA e do Jet Propulsion Laboratory sobre a "despromoção" plutónica: Honey, I Shrunk the Solar System.

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Com um dia de atraso. Pequenos pormenores em que só se repara lendo a imprensa em papel, que recebo dias depois de ter saído:

- no Diário de Notícias de 24 de Agosto, numa notícia assinada por Helena Tecedeiro, uma legenda de uma fotografia de um guerrilheiro do Hezbollah – “Enquanto líder militar do Hezbollah, Mugniya terá sido responsável pela vitória do grupo sobre o exército israelita (Sublinhados meus)

- no Diário de Notícias de 24 de Agosto, uma notícia sobre os recentes confrontos em Timor-Leste (ocorridos a 23) que deveria suscitar as maiores perplexidades a quem esteja atento. Lá se diz que os confrontos entre “grupos de jovens” (sempre esta estranha classificação) ocorreram no bairro de Comoro. É esse bairro que é suposto estar sob jurisdição da GNR que aí assume as funções de polícia. Só que a notícia refere que foram polícias australianos e malaios que defrontaram os grupos e que, só no fim, foi chamada a GNR. Balanço dos feridos: sete australianos e um malaio.

Verdadeiramente, o que é que a GNR está a fazer em Timor? A quem responde? Que cadeia hierárquica operacional existe? O que é que se passou com este incidente na sua área de intervenção? Mais uma série de questões que deviam estar a ser feitas a quem de direito, ou seja ao Governo.

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© José Pacheco Pereira
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