ABRUPTO

11.8.06


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 11 de Agosto de 2006


A ler WARNING... no BLOGUITICA. A questão tem todo o sentido, porque, se em matéria de defesa, o governo tem a capacidade de governar nas matérias "habituais" sem droit de regard, em tudo o que seja mais sensível, o PR tem mais do que um direito de "olhar", tem capacidade política para decidir, enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas. Foi o que se viu quando Sampaio impediu a ida de tropas regulares para o Iraque impondo a presença apenas de um contingente da GNR. É um mau precedente por parte do governo, mas pode ser desatenção e incúria que venha a ser corrigida. Mas que foi notada, foi. E bem.

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No Diário de Notícias, Fernanda Câncio, Assumir a relação :
"As pessoas têm o direito de saber", ouve-se nas rodas de comadres das TV e repete-se em publicações consideradas de "informação geral", em nome, imagine-se, da "democracia". Este "direito de saber" inclui as fotos à traição e à força, "revelações" sobre quem dançou com quem , quem beijou quem, quem fez topless. As regras são simples: é fora de casa, é público; é público, é publicável; quem se mostra uma vez legitima todas as intrusões; quem não se mostra está a esconder algo, logo, legitima todas as intrusões. A indústria tem sempre razão.

Contra isto, nenhum argumento é aceite, nenhuma lei eficaz. Proteste-se ou processe-se e é-se acusado de "falta de transparência", "censura", ou, mais uma vez, "ter algo a esconder". Para esta nova polícia de costumes, preservar é sonegar, recusar "esclarecimentos" é crime. Em poucos anos, aqueles que decorreram desde o triunfo desta inquisição, o que era considerado o cúmulo da vulgaridade - a exposição da intimidade -, passou a norma. Na relação entre o direito à reserva da vida privada, garantido pela Constituição, e o "direito" à intrusão, proclamado pela confederação dos alcoviteiros, ganhou o que vende mais. Perdeu a liberdade, claro."
Há já muitos anos, este tema foi discutido no "Terça à Noite" e lembro-me de me opor a Miguel Sousa Tavares que dizia que "isto" nunca iria acontecer na imprensa portuguesa. Tanto iria que foi mesmo. Um dia que se faça a genealogia desta intrusão obscena na privacidade e intimidade, ver-se-á como tudo começou na "Gente" do Expresso, passou por uma página de "revelações" nunca esclarecida na sua autoria e intenções do Semanário, e depois disseminou-se nas "revistas cor-de-rosa". Isto para que não se pense que começou na imprensa pimba. Não, começou na imprensa "séria".

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© José Pacheco Pereira
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