ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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26.6.06
COISAS DA SÁBADO: XADREZ Nestas alturas de futebolite aguda, volto ao xadrez. Ouço os berros habituais ao longe, muito ao longe, com o “intelectualismo livresco” deste pobre autor que cometeu o crime de lesa-pátria de não saber quem era o Quaresma… Pois eu respondo aos berros anti-livrescos com o xadrez, venham cá pedir meças, num jogo onde nada se esconde, tudo se vê e não é possível fazer batota. Em poucos jogos é mais evidente o carácter, a psicologia do jogador, a sua agressividade ou calma, a sua racionalidade ou criatividade, a sua teimosia ou ousadia. Mas cuidado, porque o xadrez é, num certo sentido, o mais violento dos jogos. No tabuleiro, o que se passa é uma batalha e quem lá está são soldados, cavaleiros, oficiais, fortalezas e uma tenebrosa rainha, O rei é o penhor da soberania mas, por si, pode pouco. Está lá tudo, no silêncio, naquela aparente suspensão do mundo que torna os jogadores de xadrez figuras míticas, travando uma batalha épica, isolados no meio de um mundo que lhes passa ao lado. Introspectivo e sem a grande teatralização do espectáculo moderno de massas, o xadrez é ainda um dos pináculos das virtudes da inteligência matemática, posicional, territorial, táctica e estratégica. Valia a pena haver mais xadrez e muito menos futebol. Por um átomo do que estão a gastar no futebol, estado e privados, podiam colocar centenas de escolas a jogar xadrez, milhares de jovens e crianças a pensar com a cabeça e não com os pés. Fica o país melhor? Fica, fica. Não faz mal nenhum usar os neurónios. * Sem colocar em causa o ponto capital do seu artigo "Xadrez", devo dizer que não concordo consigo quando defende que o desporto a que o mesmo se refere é "um jogo onde nada se esconde, tudo se vê e não é possível fazer batota." De facto, já no tempo da União Soviética, Bobby Fisher - histórico jogador norte-americano - se queixava de que os soviéticos combinavam resultados entre si, de forma a terem maior disponibilidade mental para o derrotar. Tal facto levou-o mesmo a afirmar, em 1963, que não voltaria a participar em (url)
© José Pacheco Pereira
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