ABRUPTO

1.6.06


BIBLIOFILIA: MAIS CURIOSIDADES DA FEIRA DO LIVRO



Está à venda num dos alfarrabistas da Feira uma colecção de Militaria, oriunda de uma biblioteca da Escola Prática de Infantaria. Como lá chegou não sei. Entre os livros e folhetos dessa biblioteca que comprei encontra-se um estudo de um capitão do Estado-Maior francês, M. R. de Verneuil, Étude Historique et Militaire sur le Passage du Rhone et des Alpes par Annibal, de 1873. O detalhe acima faz parte de um mapa do opúsculo.



Comprei também uma edição "romântica" do Quo Vadis de 1900, presumo que a primeira, com uma capa a condizer e uma "edição fora do mercado" de um dos mais activos propagandistas do regime salazarista, Dutra Faria, com uma conferência proferida em Setúbal em 1935. A conferência começa assim:
"A mocidade portuguesa não deve permitir que falem em seu nome aqueles que não lhe pertencem. Mas permite.
A mocidade portuguesa não deve consentir que se valorisem à custa da sua força, que se imponham através do seu prestígio, aqueles que a traiem. Mas consente.
Porquê?
Porque a mocidade portuguesa ainda não compreendeu o sentido da palavra UNIDADE".
A mocidade portuguesa divide-se ainda em duas mocidades: a mocidade que presta culto a um deus chamado Marx e, a mocidade que presta culto, directa ou indirectamente , a outro deus, chamado Maurras."
Onde é que a mocidade tinha triunfado contra todos os deuses? Na Alemanha, "onde a voz de Adolfo Hitler é a sua voz", na Itália, "onde a voz de Mussolini é a sua voz", e ... na Rússia, onde matam os velhos. Em 1936, foi criada a Mocidade Portuguesa. Convém não esquecer estes textos quando se fala do regime salazarista.

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© José Pacheco Pereira
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