ABRUPTO

25.5.06


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: FORMAS DE TRATAMENTO

Um dos factores reveladores do provincianismo e atraso português é o modo como os jornalistas se dirigem aos treinadores de futebol nas entrevistas e conferências de imprensa, colocando Sr. à frente do nome quando são estrangeiros (Sr. "Co" Adrianse, Sr. Luis Filipe Scolari, Sr. Ronald Koeman) e omitindo-o quando se trata de portugueses (Paulo Bento, António Oliveira, etc). O facto de alguns treinadores portugueses terem sido jogadores de topo e essa maior "familiaridade" (vamos chamar-lhe assim) advir desse facto não serve de justificação, pois muitos também nunca o foram. Podemos verificar a diferença em relação a Inglaterra, onde os jornalistas se dirigem a José Mourinho, que até tem um grau académico, tratando-o, invariavelmente, por José e a Eriksson (seleccionador nacional) por Sven. É óbvio que existem diferenças de "culturas". Trabalhei em multinacionais de influência anglo-saxónica - tratamento pelo 1º nome - e alemã - "Herr" e "Frau" eram a forma mais comum - mas em ambas só por acaso soube o grau académico de alguns dos meus colegas e eles o meu. Mas o que está em causa aqui, numa primeira análise, não é tanto a forma de tratamento, mas sim, no caso focado, a diferenciação desse mesmo tratamento em função da nacionalidade, que, para além do provincianismo que demonstra, pode inclusivamente ocultar, no limite, um comportamento na fronteira da xenofobia, sob a capa, aparente, de um "tom" cerimonioso

(João Cília)

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Em complemento do que diz João Cília acerca do provincianismo da nossa Futebolândia, recordemos que um clube que é, entre nós, conhecido como «o Milan de Rui Costa» vai ficar sem esse jogador.

Ora, se é verdade, como se diz, que ele vai para o Benfica, como é que o Milan passará a ser referido na comunicação social? E passaremos a ter, em compensação, «o Benfica de Rui Costa»?

(C. Medina Ribeiro)

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© José Pacheco Pereira
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