ABRUPTO

9.5.06


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: DIPLOMACIA SIMBÓLICA



Será que só eu acharei estranho que o Pres. da Com. Eur. tenha escolhido uma escultura de Fátima como prenda ao Chefe de Estado do Vaticano, na sua primeira visita oficial como líder da Europa?
Foi uma oferta pessoal? Se não, quem visava representar com tal oferta, nas vésperas do Dia da Europa? Porque é que, quanto ao relacionamento entre Estados e Organizações com a Igreja, ninguém se interroga sobre as questões diplomáticas simbólicas? O que aconteceria se fosse entregue por Durão Barroso a um líder muçulmano uma cópia manuscrita do Corão?

(Paulo Sérgio Macedo)

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Paulo Sérgio Macedo utilizou as páginas do seu blogue para perguntar «Será que só eu acharei estranho que o Pres. da Com. Eur. tenha escolhido uma escultura de Fátima como prenda ao Chefe de Estado do Vaticano, na sua primeira visita oficial como líder da Europa? Foi uma oferta pessoal? Se não, quem visava representar com tal oferta, nas vésperas do Dia da Europa? Porque é que, quanto ao relacionamento entre Estados e Organizações com a Igreja, ninguém se interroga sobre as questões diplomáticas simbólicas? O que aconteceria se fosse entregue por Durão Barroso a um líder muçulmano uma cópia manuscrita do Corão?"

Posso avançar a minha resposta: Não achei estranho. Achei de bom-gosto. Quando eu ofereço algo a alguém, espero que quem receba aprecie o que recebe. Presumo que uma escultura de Fátima tenha agradado ao Papa. Se foi uma oferta pessoal, não sei. Presumo que não. Mas a regra de tentar agradar quando se oferece tanto se aplica às ofertas privadas como instituticionais e diplomáticas. Se Durão Barroso tivesse oferecido uma cópia manuscrita do Alcorão a um líder religioso muçulmano, eu acharia igualmente bem, pelas mesmas razões. Uma oferta "laica" ao papa, ou uma escultura de Fátima a alguém de fora da Igreja é que seria estranho.

Não vale a pena tentar ler gestos, símbolos e significados nas coisas mais simples e banais. E não se deve ceder ao politicamente correcto dum certo laicismo em detrimento do bom-senso e do bom-gosto.

(Pedro Costa Ferreiro)

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