ABRUPTO

13.5.06


LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)
(13 de Maio de 2006)



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O Público introduziu uma novidade interactiva no seu sítio na rede, com a pergunta sobre se uma fotografia violenta dos corpos calcinados na explosão do oleoduto nigeriano devia vir na primeira página. A resposta parece relativamente óbvia: não. Não, porque não há necessidade informativa na publicação destacada que seja maior do que o poderoso e perigoso espectáculo da morte em cima dos nossos olhos. A questão, no entanto, merece discussão, porque pode haver outras circunstâncias que justifiquem a publicação de uma fotografia daquele tipo, quando é necessário não apenas informar, mas também denunciar. Talvez num jornal nigeriano, se acaso houve incúria na explosão e nas mortes, se justifique a publicação, mas num português seria mais espectáculo do que informação.

No entanto, há outras perguntas mais complicadas que o Público deve fazer, como seja a de saber se deveria estar na primeira página de hoje a seguinte frase: "Menina retirada aos pais foi assassinada depois de ir passar a noite a casa".

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O Esplanar passa a contar com Carlos Leone, autor de alguns dos estudos tão interessantes como ignorados sobre o nosso pensamento contemporâneo.

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Duas boas livrarias de livros estrangeiros em Budapeste: a Atlantisz, que parece grande por ter uma montra três vezes maior do que a livraria, e a BestSellers. A primeira tem uma notável colecção de filosofia, que se exibe na gigantesca montra e se aperta na pequena loja; a segunda, de relações internacionais e história, especializada na Europa Central e de Leste, com as edições da Central European University.




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EXPRESSO Semanal Perguntas que não fazemos: por que razão o Expresso distingue em duas secções, na sua versão em linha, entre "País", onde se concentram as notícias da política caseira que não vão para a primeira e última páginas, e "País real" onde se fala do... país. A expressão "país real" esteve na moda há alguns anos atrás, baseada numa distinção de Maurras, cuja genealogia antidemocrática foi esquecida. Um dia se fará a história destas expressões, como "país real" e "sociedade civil", - e o momento da sua aparição é significativo - , no léxico político. E lá ficaram, esquecidas na sua estratigrafia, na arrumação do Expresso.

Exemplos do "País" de hoje: “Sócrates apaga fogos”, “Os jornalistas segundo Carrilho”, “PS/Lisboa com livro alternativo”, “O EXPRESSO e Freitas”, “Barrosistas alinham com Marques Mendes”, “CDS junta os cacos”, “Paulo Portas ‘anda por aí’, “Extrema-direita inquieta Vila de Rei”, etc. Exemplos do "País real": “Évora e Badajoz desenvolvem energias limpas”, “Inspecção fecha restaurantes em Fátima”, “Agentes alemães promovem Algarve”, “Santa Catarina recria mercado do séc.XVI.”

Outra observação: no Expresso há sempre mais "País" do que "País real", o que é um pouco bizarro.

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© José Pacheco Pereira
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