ABRUPTO

13.3.06


BIBLIOTECAS



A biblioteca da Esnoga, a sinagoga portuguesa de Amsterdam, chamada Ets Haim (A Árvore da Vida) foi obra desta muito especial comunidade de portugueses que Portugal expulsou. A fotografia retrata em 1916 dois dos seus bibliotecários a trabalhar, David Montezinos e Jacob da Silva Rosa. Este último, um estudioso da cultura judaico-portuguesa, morreu em 1943 num campo de concentração nazi. Os nazis roubaram também a biblioteca para fazer parte do espólio do Instituto Alfred Rosemberg, mas foi recuperada depois da guerra.

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Na verdade, os nazis levaram a totalidade dos livros da biblioteca para eventualmente fazerem parte do espólio do Instituto Alfred Rosemberg. Os livros foram levados para uma estação de comboio na Alemanha, onde ficaram armazenados durante o resto do perído da guerra. Até à chegada das tropas norte-americanas quando se aperceberam do conteúdo do armazém e decidiram reenviá-los de volta a Amesterdão. Não sem que antes disso alguns militares alemães (por certo, os mais cultos que lá estavam) tivessem metido ao bolso algumas das obras literárias mais importantes, como meio de assegurarem a sua sobrevivência nos tempos mais próximos. Alguns desses livros apareceram em leilões da Christie's nos anos '50, outros foram vendidos a preços modestos em alfarrabistas de Madrid. Felizmente, não os levaram todos. E por isso podemos apreciar a produção literária e filosófica da Nação Portugueza, sobretudo de Miguel de Barrios. E meditar sobre os debates das suas Academias (de los Floridos, de los Sitibundos).

(F.)

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© José Pacheco Pereira
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