ABRUPTO

10.2.06


LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)
(10 de Fevereiro de 2006)


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Como é um assunto que interessa aos blogues e para se ir mais longe do que a célebre sopa do José Rodrigues dos Santos, veja-se Ed Park, "Word Salad" sobre Dana Carroll, On Sex and Intercourse in Contemporary Fiction,no Village Voice.

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As cenas absurdas geradas no parlamento regional da Madeira, com a aprovação de um pedido do PSD local de verificação da sanidade mental de um deputado do PS, deveriam ser criticadas sem tibiezas pelo PSD nacional. Não é uma questão menor, é uma questão institucional que tem a ver com o abuso de poderes de uma maioria parlamentar. Como se pode exigir mais autonomia, quando se arrasta a instituição parlamentar regional para o máximo ridículo, tornando-a alvo da merecida chacota nacional?

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Um bom sinal sobre o movimento de repulsa pela chantagem contra a liberdade de expressão é que ele é transversal, ultrapassa algumas dualidades simplistas que se pretendem impor como absolutas na mecânica política, como a de "esquerda / direita". E isso dá-lhe força, como se vê na lista dos signatários do abaixo-assinado que, desde ontem, circula na Rede e que é, até agora, o mais significativo movimento de protesto pelo que se está a passar.

(Nota à margem: os estudiosos do futuro podem também encontrar ali uma amostra do contínuo que, dos blogues aos jornais e à academia, explica o novo papel dos blogues e da Rede, e a emergência de mecanismos de "influência" intelectual e política diferentes dos do passado, assentes apenas na imprensa tradicional.)

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Hoje, se alguma réstia de genuíno amor pela liberdade ainda existisse na bancada parlamentar de um partido que tem sempre a boca cheia dela, o PS, (e eu penso que existe) haveria (haverá) protestos sonoros contra a vergonhosa intervenção de Vitalino Canas, que, não se esqueça, falou em nome do Grupo Parlamentar de que é dirigente.

Já vi que nos blogues a enormidade não passou despercebida, mas ainda estou à espera do que dizem os deputados do PS, e dos editoriais dos jornais. Amanhã se fará o balanço dessas vozes. Veremos.

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Há qualquer coisa de estranho nesta notícia do Público de hoje, ou então faltam elementos noticiosos relevantes, para se compreender o que se passou na manifestação junto da Embaixada da Dinamarca:
"No final da manifestação, já com poucas pessoas no local, apareceu um homem com uma bandeira com um símbolo de extrema-direita (uma cruz celta), que foi prontamente levado pela polícia."
Que lei é que este homem violou? Estava a provocar distúrbios? A provocar os manifestantes? Punha em causa a "ordem pública"? Gostava de saber.

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Multiculturalismo do melhor: daqui a cinco dias comemora-se o dia de John Frum no Vanuatu.

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© José Pacheco Pereira
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