ABRUPTO

9.1.06


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: LUZES



Um dos aspectos mais contrastantes entre Washington DC e a nossa cidade de Lisboa ( todas as nossas cidades, afinal) é, nesta época de Natal e fim-de-ano, a exuberância das iluminações das nossas principais ruas e avenidas e a discreta, quase apagada, iluminação natalícia das cidades americanas e, particularmente, da sua capital. Na principal avenida de Washington DC, a Constitution Av., não foi dependurada uma única gambiarra, a árvore de Natal em frente da Casa Branca é uma parente muito pobre daquela que levou milhares e milhares de admiradores à Baixa de Lisboa. Mesmo Nova Yorque ou San Francisco, tradicionalmente mais garridas que a institucional capital dos EUA, não se comparam, em termos relativos, com a inundação de luz nas nossas cidades. As cidades europeias mais cosmopolitas ficam a anos-luz das nossas luzes de fim de ano.

Talvez tenhamos necessidade de todas estas luzes para nos aquecer o ego tão arrefecido por tantos indicadores deprimentes, talvez os autarcas conservem, deste modo, o caloroso aplauso dos seus eleitores até às próximas eleições, talvez a economia derrapasse ainda mais sem esta baforada quente, talvez se perdessem uns empregos mais, afinal de contas entre armar e desarmar os enfeites gozamos desta atmosfera de festa por uns largos meses.

Quantos portugueses se interrogarão acerca da pertinência de tanta luminosidade? Seguramente, muito poucos. Não me recordo de ter alguma vez lido ou ouvido comentários de espanto mesmo nos media tidos geralmente como mais exigentes ou conservadores.

Alguém pagará a factura, quem vier depois que feche a luz!, é a posição corrente.

(Rui Fonseca)

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© José Pacheco Pereira
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