ABRUPTO

12.12.05


LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)

(12 de Dezembro)


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Uma magnífica série de fotografias de Sergei Mikhailovich Prokudin-Gorskii, o "fotógrafo do czar", organizada pela Biblioteca do Congresso. A não perder.

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As más notícias que deixaram de ser novidade e por isso deixaram de ser notícias: W. Wayt Gibbs / Christine Soares, "Preparing for a Pandemic" no Scientific American : "One day a highly contagious and lethal strain of influenza will sweep across all humanity, claiming millions of lives. It may arrive in months or not for years--but the next pandemic is inevitable. Are we ready?". Não.

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Marcador para livros da minha livraria favorita de Paris.

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Não é comum encontrar num jornal (o Região de Rio Maior de 2 de Dezembro) um artigo um pouco estranho justificando o encerramento por privados com enormes portões, de um caminho público, usado há anos pela população e pelos "caminhantes". Esse caminho era o leito de uma antiga via férrea que atravessava várias quintas e terrenos e sempre foi de livre passagem. Agora, os novos donos de uma das quintas decidiram fechar o acesso, parece que, segundo "fonte camarária", com autorização da autarquia. O jornal revela uma grande compreensão com as intenções dos novos proprietários e diz que os portões serão sempre abertos "em caso de necessidade pública", o que, está-se mesmo a ver, será muito eficaz se houver um incêndio às duas da manhã e nada diz sobre quem habitualmente usava o caminho e agora por lá não pode passar.

Este é apenas um pequeno exemplo das coisas bizarras que estão a acontecer a cerca de trinta, quarenta quilómetros do epicentro da OTA. Grandes empresas de construção civil, directa ou indirectamente, mostram uma nova apetência por comprar quintas, que estavam há muito abandonadas na sua função agrícola, "para plantar feno". Deve ser mesmo para plantar feno, pois esses terrenos estão classificados como agrícolas e não é suposto servirem para mais nada. Casas também não faltam, há milhares de velhas casas, lagares, armazéns em ruínas, integrados harmoniosamente nas aldeias locais, à venda, cuja reconstrução evitava destruir mais uma vez a paisagem rural e urbana com urbanizações em banda, levando os subúrbios de Lisboa até dezenas de quilómetros à volta da OTA. Percebe-se muito bem que há uma máquina de fazer dinheiro em marcha, com a complacência das autarquias e das "forças vivas" locais, para estragar o pouco que sobrevive de um Portugal equilibrado e fazer mais do Portugal feio que nos asfixia a todos. Não se esteja atento e vai-se ver daqui a anos, as metamorfoses nas classificações dos terrenos agrícolas, subitamente impróprios para "cultivar feno".

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No "desligado" Público, uma conversa curiosa e pedagógica entre Graça Franco e "Monsieur le Directeur", quando esta pretendeu colocar os seus meninos no "Paradis des Enfants". No final Graça Franco sugere e bem que o problema das escolas é ter lá em cima, no meio da parede, no centro simbólico da parede, no lugar geométrico da autoridade, o prego: "No despacho não se podia acrescentar que tirassem também o prego?".

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© José Pacheco Pereira
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