ABRUPTO

3.9.05


UMA "IGNIÇÃO" EM TEMPO REAL



Início do incêndio por volta das 14 horas. A "ignição" começou numa esquina entre duas estradas de terra batida. Ou é negligência ou é fogo-posto, pela localização. Dez minutos depois, pegou-se a um dos outros lados da estrada. Pinheiros, eucaliptos, mas matas intercaladas com campos sem grande vegetação e um terreno terraplanado. Ardem os restos da terraplanagem, raízes e ramas amontoados há vários meses, criando dois ou três focos distintos, mas isolados por terra. Ninguém sabe para que é a terraplanagem, feita numa área de reserva agrícola. Não há vento, estão cerca de 30º. Vinte minutos depois, chegada de um primeiro carro dos bombeiros para observação. Meia hora, chegada do primeiro carro com água, seguido de outros em intervalos de mais ou menos cinco, dez minutos. Bombeiros de três cidades. O incêndio sobe pela encosta. Começa a ficar vento, com as rajadas muito fortes canalizadas pela rede de vales e colinas. Percebe-se que se o vento tivesse chegado antes dos bombeiros ia ser mais complicado. Passa uma avioneta. Três quartos de hora depois, chega um helicóptero mas vazio. Faz um reconhecimento e volta dez minutos depois lançando água, embora o incêndio já estivesse controlado pelos bombeiros a pé. Não voltou mais. O fumo negro é substituído pelo fumo branco, deixou de se ouvir crepitar. Chega um outro carro de bombeiros, o primeiro que vem com as sirenes todas. Já não deve ser preciso.

Quando escrevo parece ter sido controlado. Está a ser feito o rescaldo. Hora e meia depois. Nunca foi um grande incêndio. Felizmente.

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© José Pacheco Pereira
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