ABRUPTO

3.9.05


SECTARISMO 2



Voltando ao caso do noticiário da RTP de ontem que critiquei e de que mantenho a crítica, que não é genérica e abstracta, mas aponta para um exemplo concreto. É pena que o texto não esteja disponível para se analisar, porque se ganhava com isso em clareza na discussão.

Eu não acho que seja aceitável, em termos de bom jornalismo, que os EUA sejam sistematicamente referidos numa matéria noticiosa como “a “super potência”, “a maior potência do mundo”, classificações políticas que envenenam todo o texto. Um editorial pode fazê-lo, uma notícia não deve fazê-lo. Os EUA chamam-se EUA.

Do mesmo modo,nesse noticiário, sendo o número de mortos confirmados à data por volta de oitenta (um dia depois quando escrevo está em 147, a subir) prevendo-se no entanto muitos mais (milhares talvez), nada justifica substituir na narrativa os mortos confirmados pelos previstos. O texto da notícia da RTP falou várias vezes em milhares de mortos como se fosse um facto adquirido. Infelizmente pode vir a ser, mas não é aceitável como jornalismo o que se fez. A especulação com o número de mortos é uma tentação política como aconteceu com Timor, mas depois, depois do efeito adquirido,a rectificação de pouco serve.

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© José Pacheco Pereira
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