ABRUPTO

30.9.05


COISAS DA SÁBADO:
UMA COMUNIDADE DESAPARECIDA E ESQUECIDA

Este livro, a publicação da correspondência entre um físico austríaco judeu, assistente de Heisenberg, e que, na diáspora da fuga à perseguição nazi, esteve em Portugal durante a guerra e os seus colegas nacionais, passou desapercebido injustamente. O livro coordenado por Augusto Fitas e António Videira, Cartas Entre Guido Beck e Cientistas Portugueses, editado em 2004 pelo Instituto Piaget, dá-nos um retrato de uma geração de físicos e matemáticos que se esforçavam por modernizar a comunidade cientifica portuguesa, ligá-la às investigações que corriam pelo mundo fora, num momento crucial da revolução da física pós-einsteiniana.

Esses homens tinham um enorme óbice, eram todos da oposição e quase todos comunistas. Caraça, membro do PCP desde o início da década de trinta, Valadares, representante do PCP junto do PCF, Ruy Luís Gomes, companheiro de estrada do PCP, candidato presidencial contra Craveiro Lopes, Aniceto Monteiro, os matemáticos que fundaram o “movimento matemático” entre 1937 e 1947, data da expulsão das universidades da maioria, foram mais uma das gerações que Portugal maltratou e perdeu. Este livro mostra-a em acto, a tentar, a conseguir alguma coisa e a falhar, em esforços baldados que acabaram, como muitas vezes acontece, na emigração para o estrangeiro, EUA, França, Brasil, da maioria dos seus melhores cientistas.

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© José Pacheco Pereira
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